terça-feira, 16 de outubro de 2007

"Inteligência em movimento"







Para usar o título feliz do Viriato Teles, no mail em que me enviou esta pérola de Monsenhor Luciano Guerra.
A primeira parte da entrevista (sobre violência doméstica e divórcio, já a tinha publicado aqui noutro post
Agora tomem lá com a versão integral que é para aprenderem!


O Reitor do Santuário de Fátima

Monsenhor Luciano Guerra

Sobre o divórcio, o aborto, o preservativo e a sexualidade

 

(Extractos da entrevista feita por Pedro Almeida Vieira e publicada no “Notícias de Sábado”, suplemento semanal do “DN”, de 6 de Outubro)

 

 

Jornalista: Havia vidas desgraçadas quando não existiam divórcios…

Monsenhor LG: Havia e hoje também há. No tempo em que não havia divórcios, havia situações bastante dolorosas, mas a pessoa resignava-se. A mulher dizia: calhou-me este homem, não tenho outra possibilidade, vou fazer o que posso. Ao passo que hoje as pessoas querem safar-se de uma situação e caem noutras piores.

 

Jornalista: Na sua opinião, uma mulher agredida pelo marido deve manter o casamento ou divorciar-se?

Monsenhor LG: Depende do grau da agressão.

 

Jornalista: O que é isso do grau da agressão?

Monsenhor LG: Há o indivíduo que bate na mulher todas as semanas e há o indivíduo que dá um soco na mulher de três em três anos.

 

Jornalista: Então reformulo a questão: agressões pontuais justificam um divórcio?

Monsenhor LG: Eu, pelo menos, se estivesse na parte da mulher que tivesse um marido que a amava verdadeiramente no resto do tempo, achava que não. Evidentemente que era um abuso, mas não era um abuso de gravidade suficiente para deixar o homem que a amava.

 

Jornalista: A questão do aborto é outro dos temas em que a Igreja recebe críticas …

Monsenhor LG: Aí é um caso limite em que não há qualquer hipótese da Igreja Católica vir a ceder. A Igreja entende que não temos direito sobre o nosso igual. A vida existe porque Deus quer.

 

Jornalista: Não faria sentido que, exactamente para evitar abortos, a Igreja tivesse outra postura em relação ao uso de preservativos?

Monsenhor LG: Não creio que em relação ao preservativo seja fácil. Além disso, sabemos que não há capacidade para distribuir a toda a população mundial, sabendo-se ainda que entre 20 a 30 por cento da Humanidade vivem com menos de um dólar por dia, que é o preço de um preservativo.

 

Jornalista: Porque é que a Igreja se mostra sempre tão rígida, se Deus nos criou com o corpo que temos, as sensações e as necessidades….

Monsenhor LG: Não é uma questão da Igreja Católica nem doutras religiões. A sociedade entendeu que a melhor forma de preservar a paz, no fundo o progresso, foi tirar as mulheres da frente dos homens. O perigo não são as mulheres, o perigo está nos homens.

  

Jornalista: Isso parece-me uma evolução. Há uns séculos, a mulher é que corporizava o mal, o desejo…

Monsenhor LG: Atenção, corporizava no sentido em que se entendia estar a propensão activa no homem. Se o homem não se impressiona com a mulher, a mulher não se impressiona com o homem. O perigo está nos homens, está no macho.

 

Jornalista: Fala-me disso e recordo-me de um sermão do século XVII em que um padre culpava os decotes das mulheres pela seca porque os homens não estavam atentos nas missas…

Monsenhor LG: Digo-lhe uma coisa. Tenho para mim que a falta de aproveitamento dos nossos jovens está na sexualidade que lhes absorve a atenção, mesmos sem estímulos externos, o principal dos quais é a mulher. Você sabe como é a imaginação de um jovem. Ponha agora uma rapariga ao lado e vai ver como ele se distrai mais rapidamente do que com um homem. Quanto mais você se concentrar num prazer menos tem concentração para aquilo que não lhe dá prazer. É por isso que os drogados, coitados, acabam por se drogar noite e dia, porque estão sempre a pensar naquilo. É uma obsessão

2 comentários:

Anónimo disse...

[...] 20 a 30 por cento da Humanidade vivem com menos de um dólar por dia, que é o preço de um preservativo [...]

isto é genial. desculpa mas é genial. de um brilhantismo sublime.

Anónimo disse...

se não fosse tão triste... ria-me