segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Falta-lhe o "português técnico"...



Chama-se Tomásia da Silva Costa. Para resumir a história que podem ver completa no DN, direi que é de Cabo-Verde, tem 48 anos, vive em Portugal há já 8, com o marido e os filhos. Vive em casa própria, trabalha e paga impostos.
Tomou a decisão de requerer a nacionalidade portuguesa. Foi-lhe negada porque... tem dificuldades na língua portuguesa, falada e escrita. 
Dão-lhe uma "oportunidade": frequentar um curso para aprender a falar e escrever escorreitamente. Tomásia até que gostaria... se ainda "tivesse cabeça" para ir estudar e, sobretudo, se soubesse onde encaixar esses estudos na sua rotina diária, já que pelo facto de ter dois empregos, ligados às limpezas, tem que sair de casa às 5 da manhã, para só regressar por volta das 10 da noite. Portanto, assim, nada feito!

Primeiro, apetece-me fazer uma pergunta parva: Quantos milhares dos nossos adolescentes que têm notas miseráveis na disciplina de Português, vão "perder a nacionalidade"?
Depois apetece-me sugerir: Porque não fazemos uma troca com Cabo-Verde? Eles mandam-nos para cá muitas "Tomásias" e nós exportamos os tipos que fazem estas regras...
Só que isso era se o jovem e simpático país, Cabo-Verde, nos tivesse feito algum mal, o que todos sabemos não ser o caso.

Acho que vou tomar a liberdade de dedicar à Tomásia da Silva Costa que queria ser portuguesa, um pequeno poema do grande poeta brasileiro Manuel Bandeira.
(Que os tais senhores das lei e regras não perdiam nada em ler também...)

"Irene no céu"
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
- Licença, meu branco!
E São Pedro, bonancheirão:
- Entra, Irene, você não precisa pedir licença.

14 comentários:

Anónimo disse...

Samuel
Se algumas dúvidas tivessemos, sobre a má fé com que estes DESgovernantes Europeus, lidam com esta nobre gente.
E depois ,nós esquerda é que somos os maus, e os péssimistas porque não acreditamos nas boas intenções das cimeiras Europa África!
Nesta situação é caso para dizer que:-o ridículo tem limites! TERÀ?
josé manangão

vovó disse...

boa, josé manangão!
as coisas têm que continuar a ser denunciadas e classificadas pelos nomes.
é urgente!
témi

Rosa dos Ventos disse...

Anda tudo louco!
Para trabalhar de manhã à noite ninguém verificou o seu domínio da língua!

vovó disse...

rosa dos ventos<.
"ganda" verdade!!!!!!!

Trilby disse...

E o que é que se pode fazer às editoras de livros e de jornais que deitam cá para fora obras com dezenas de erros (e não estou a exagerar porque tomo nota)e aos editores dos telejornais quando fazem erros nos genéricos e nos rodapés? Parece-me muito mais grave do que uma funcionária de limpeza não falar português.

fotógrafa disse...

Olha..olha, até parece que o pessoal que sai das escolas(actualmente) fala e escreve a lingua mãe.....muito bem!
ele há cada um....até o pessoal que está na assambleia da republica é cada calinada...porque é que alguém que nem sequer nasceu cá tem que ser letrado em português???
ele há cada um....

Anónimo disse...

Sera que a Europa decidiu estas manigancias?? Em França é igual pior ainda para vir viver para aqui (oriundos de Africa ou Magreb)tem que falar frances correctamente. Ridiculo mas grave!!! desculpem os meus erros, tenho a nacionalidade mas o meu portugues é muito mau!!! Estou ha muitos anos ca fora.

Abraço
Marie

GR disse...

Hoje enviaram-me um e-mail, com um cartaz dizendo:

«Área de Formação e Desporto 813 - Curso da de Jogadores de Futebol Equivalência ao 9º ano – Nível 2 de qualificação do Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda - 271212684»

Chegamos ao ridículo de não sabermos se é uma piada, não me parece!
O revoltante da notícia é:
Como é possível uma mulher ganhar tão pouco, para trabalhar tanto?
17 horas fora de casa?
Como pode esta mulher ter vida própria?
Que tempo tem para os filhos e para si?
A isto chamo racismo!
Escandalosa esta situação!
Falar bem é dizer;
Aumentos dos bens de 1ª necessidade - Encerramento de Hospitais e Urgência – Retirar direitos adquiridos a pessoas (privilegiadas) com deficiência - Encerramento de Escolas – Obrigar a trabalhar docentes com cancro, até morrer –
Como estes homenzinhos do Sistema falam tão bem…nem gaguejam!

Apetece-me dar um grito de raiva!
Não fosse este tão doce poema de Manuel Bandeira.

GR

Mar Arável disse...

NO BAIRRO

NÃO HÁ ESPAÇO

PARA CANTAR

gaivota disse...

talvez ela não trabalhe em português...
e tantas cimeiras! tantos tratados!
é o que temos!

o castendo disse...

Caro Samuel,
A vida das funcionárias da limpeza é dura.
Na Gestnave duas funcionárias, portuguesas, faziam o seguinte horário:
1 - das 9h às 17h Escola Profissional de Almada;
2 - Das 18h às 22h Gestnave -Almada;
3 - Das 23h à 1 da manhã Continente do Seixal.
Sempre para a mesma empresa!!!
Ambas tinham cerca de 40 anos, eram casadas e mães de filhos...
Isto dia após dia, ano após ano, durante os sete anos que lá estive!

Gi disse...

Consideram uma forma de integração, aqui e em todo o lado. Em alguns paíse até se tem que saber a História do país de acolhimento. Não faz muito sentido, não são estes elementos que fazem um cidadão mais ou menos capaz mas é a nossa realidade. Brutal , cruel em muitos casos mas é . Ouves falar disto ? ... não ouves ...

Beijinho

Ana M. disse...

Um raio de sol este pequeno poema de Manuel Bandeira.

Viraste «vovó»?

Abraço

avelaneiraflorida disse...

Amigo samuel,

"BRIGADOS" POR ESTE POST!!!!!!

bjkas!!