sexta-feira, 31 de outubro de 2008

...e ainda leva para casa este magnífico trem de cozinha, um colchão de molas e pilhas para o iPod!!!



Há pouco, durante uma boa parte da tarde de ontem, enquanto fazia “zaping” entre canais de televisão, parei na TVE Internacional e vi que estavam a transmitir um directo da Cimeira Ibero Americana, que se realiza este ano em El Salvador. Parei para ver e ouvir um pouco, acabei por ver “um muito”, surpreendido pelo facto de numa cimeira daquelas ser possível ouvir várias intervenções interessantes, independentemente de concordar ou não com elas, mas interessantes de ouvir. Foi o caso do longo discurso, em tom informal, da Presidente da Argentina, Cristina Kirshner, a qual até ontem, nunca tinha ouvido falar e que paulatinamente foi alinhando algumas das tais ideias interessantes, aproveitando para, de passagem, ir desancando o neoliberalismo e os EUA, que apontou como grandes responsáveis pela situação caótica que o mundo está a atravessar. Gostei particularmente da sua afirmação de que a economia não pode ser apenas mercado, lucro e circulação de capital, mas sim algo que tenha que ver com a vida real dos povos, com escolhas politicas, ética e sobretudo, ideais (foi mais ou menos isto).

Entretanto, a minha atenção para com os oradores estava constantemente a ser desviada para uma multidão, repito, uma multidão de pequenos computadores azuis, que uma enorme quantidade dos presentes à volta da “mesa gigante” mais a plateia, tinham na sua frente e que, por estranho que pareça, eram estupidamente parecidos com o “nosso Magalhães”.
Havia afinal uma boa razão... tratava-se efectivamente do “Magalhães”. Minutos antes de eu ter “chegado” à sessão, tinha falado o Primeiro Ministro de Portugal, que previamente tinha feito os serviços de apoio distribuir copiosamente o aparelhómetro pelos presentes. Depois, fazendo de conta que ia falar das maravilhas do ensino do Século XXI no nosso país, ocupou seis longos minutos do seu discurso numa “promoção” desavergonhada do que chamou “o computador mais ibero-americano que existe”. Acrescentaria ainda que todos os seus assessores o utilizam como ferramenta de trabalho e “Não precisam de mais nada!”.
E que torna... e que deixa... e que as maravilhas da era do conhecimento... mais a escola do futuro, blá, blá, blá... aquela conversa que já aqui conhecemos de cor.

É obra! Acho que admiro a capacidade de iniciativa de José Sócrates.
Cansado de estar sempre a mentir aos mesmos, decidiu “internacionalizar-se”!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Falar é o contrário de estar calado



A Dona Manuela, numa entrevista à SIC-N de que o Público dá notícia, aproveitou para afirmar várias coisas, “desafirmar” outras (como o ataque ao aumento do Ordenado Mínimo Nacional), descansou-me com a revelação de que “A minha ambição é que os portugueses votem em consciência e aceitarei qualquer decisão que os eleitores entendam que deve ser” (???) e quase me conquistou com o verdadeiramente feérico conceito “Perderemos as eleições se não ganharmos as eleições.”

Digo quase me conquistou, porque continuo rendido a outra filósofa, de ainda maior profundidade, a “socialite” Lili Caneças, que (segundo relatos fidedignos) no decorrer da cerimónia de inauguração do Aqueduto das Águas Livres, proferiu a sua mais célebre frase, “Viver é o contrário de estar morto!”

Os trabalhadores assim até ficam mais livres, sem contratos...



Segundo leio, foi aprovado com os votos contra, da Esquerda e “abstenção” (muito satisfeita, digo eu...), da Direita, o aumento de período experimental de um trabalhador, para os seis meses.

Várias luminárias (do PS, evidentemente) defendem que isso vai aumentar a empregabilidade e diminuir o volume do trabalho precário. Entre essas luminárias, está o “grande amigo dos trabalhadores” e dirigente máximo da UGT, João Proença.

É por demais evidente que os patrões, nomeadamente os donos de grandes superfícies comerciais e seus milhares de lojas, oficinas, fábricas disto e daquilo, escritórios de tudo e mais alguma coisa, etc, etc, etc... estão interessados em experimentar exaustivamente as moças, moços, pais e mães de família, que “empregam”, durante seis meses, para depois finalmente os contratarem “a sério”!... Não é nada para ao fim dos seis meses prescindirem da sua “colaboração” e mandarem vir outros, sempre pagando pouco e sempre na eterna busca do “funcionário de sonho”!... Isso só mesmo na minha cabeça maldosa...

Parece que estão na mesa mais de quinhentas propostas de alteração ao Código do Trabalho. Gostaria também de fazer uma proposta de alteração, embora não seja exactamente para alterar nenhum aspecto do texto... é mais uma questão de “localização”...

Para ser mais exacto, tem que ver com o “sítio” em que (na minha modesta opinião) o Governo devia enfiar este Código... mas vocês não têm nada que aturar as minhas indisposições!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Tenho mesmo que ler qualquer coisa sobre economia!



Quando o Senhor Presidente do Conselho anunciou o futuro aumento do Ordenado Mínimo Nacional para 450€, com o ar magnânimo de quem estivesse a pagar a coisa do seu próprio bolso, eu, como sou um ingénuo, pensei “Pronto... não é grande coisa, continua a ser um ordenado mísero, mas este pequeno aumento sempre vai dar para dar alguma coisa”...

Puro engano! Foi “alegria” muitíssimo pequena e de muito pouca duração. Aquela senhora que, ao que dizem, trouxe paletes de credibilidade ao PSD e que, embora não diga quase nada, sabe praticamente tudo destas coisas, veio logo dizer que o aumento era uma exorbitância e que “roçava a irresponsabilidade”.

Logo a seguir, uns senhores dirigentes de empresários, daqueles que obviamente pensam sempre primeiro no país, nos seus colaboradores (ah, como detesto este termo!...) antes de pensarem na sua conta bancaria, vieram logo juntar a sua previsão de que com aumentos destes tudo estará perdido, será uma catadupa de falências e o desemprego a disparar. Estão a ver? Uma pequena empresa com 10 “colaboradores” que ganhem o ordenado mínimo, se tiver que os aumentar para aí em 25 euros, terá um astronómico aumento na despesa mensal... de 250 euros! Que empresa é que não vai à falência?!

E eu que vivia na convicção de que a esmagadora maioria das pequenas e médias empresas portuguesas, sejam pastelarias, pequenas oficinas ou fábricas, serviços dos mais variados... trabalham quase exclusivamente para o consumo interno!...

E eu que acreditava piamente que um aumento, pequeno que fosse, do poder de compra dos portugueses, teria efeito imediato, exactamente nos negócios dessas empresas e claro, um efeito para melhor, que isso, multiplicado por milhões, seria um motor para reanimar a economia, dando lugar a mais investimento, mais emprego...

Sou um ignorante!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ensaio sobre a ternura


Que me desculpe o anónimo de um comentário do post sobre o Sepúlveda, anónimo que pelos vistos odeia Saramago, o que curiosamente, é uma das características que definem a esmagadora maioria dos anónimos que andam pela blogosfera e pela vida, mas vou voltar ao José Saramago.

Não é para ajudar a vender o seu mais recente livro “A viagem do elefante” (coisa para que não precisa da minha “ajuda” para nada), nem para lembrar que é (para já) o único Nobel da literatura portuguesa, nem que é comunista, daqueles comunistas que ficam no PCP e ainda por cima, muito difícil de ignorar ou escamotear no fundo de uma qualquer página ímpar de um jornal, facto que só alimenta ainda mais o ódio dos tais anónimos.

Não. Desta vez trata-se apenas de lembrar o facto de Saramago ser um homem normal... que apenas se levantou muitíssimo mais cedo no dia em que estava ser “distribuído” o génio. Neste vídeo vemos o escritor, acompanhado de Fernando Meireles, realizador do filme “Blindness”, feito a partir de “Ensaio sobre a cegueira”, no momento em que terminou o visionamento (o primeiro, para Saramago) do “seu” filme.

A projecção acabou e Saramago demorou tanto tempo a dizer fosse o que fosse, que o realizador (como contou em entrevistas) ficou com um aperto no estômago, achando que “Deve ter detestado!” e já se preparava para dizer que "não era preciso comentar nada"... mas o melhor é ver o vídeo.


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

É melhor ser rico e com saúde que pobre e doente!


Uma boa (e bem disposta) maneira de entrar nesta nova Segunda Feira da Era da Crise do Capital, será assistindo a esta entrevista (com legendas) para concessão de empréstimo, em que os "grandes" dos EUA pedem uns “dinheiritos” a... Jon Stewart!

Os ricos têm esta mania!... Mesmo quando não precisam, como no caso do “nosso” Fernando Ulrich (BPI), deitam mão ao dinheiro dos contribuintes, quanto mais não seja para “alindar” as suas contabilidades criativas e de passagem, ganharem mais algum à nossa custa.

E assim vai a novela da crise!...

domingo, 26 de outubro de 2008

Inspirações...



Hoje, muito cedo, a paginação das “últimas notícias” do Google, estava arrumada (embora apenas durante alguns minutos) da forma que se pode ver na imagem.

Pessoalmente, o interesse que tenho sobre quem ganha ou deixa de ganhar os jogos do campeonato da bola, é o mesmo que tenho sobre quem chega em primeiro ou vigésimo quinto nas peregrinações a Fátima... ou seja, interesse nenhum, mas convenhamos que com esta sequência de títulos, não faltará “por aí” gente com mentes extraordinariamente imaginativas, que se porão logo a ligar uma notícia à outra, a tirar ilações precipitadas e a tentar explicar de uma forma altamente injusta, a vitória dos rapazes de Leixões sobre os super-moçoilos do Porto.

Aquilo ficou, estou certo, a dever-se à “inspiração”... mas não exactamente a que a imagem “sugere”.

Uma maneira de ser




Sente que um escritor tem um papel social a desempenhar?

Não acredito muito no poder da literatura para mudar a sociedade. O que acontece é que sou um cidadão que gosta de incomodar o poder. Tenho uma vinculação com a vida que é profundamente ética - por isso sou de esquerda, se não tivesse ética seria um cidadão de direita. Com a literatura tenho uma ligação profundamente estética, sei que sou um criador de beleza. Não escrevo panfletos, escrevo romances. Mas ao mesmo tempo sou cidadão e escritor, por isso tento estabelecer pontes e dar à literatura a mesma ética com que enfrento a vida, e dar à minha vida a mesma estética com que enfrento a literatura. É o meu desafio pessoal.

É cada vez mais difícil ser de esquerda?

É uma atitude. Como diz Saramago, ser de esquerda é uma maneira de ser. E, que diabo, há que resistir. Não há outra coisa a fazer se não resistir.

O que eu gostava de ter escrito isto! Mudava tudo o que tem que ver com literatura e escrita, para música e canções e... mas não. Foi mesmo o Luís Sepúlveda. Estes escritores!...

Bom Domingo!

sábado, 25 de outubro de 2008

A Rainha da Noite



Os três últimos posts deixaram-me com alguma irritação na pele. É uma péssima sensação!
Acabei mesmo agora de fazer um arranjo musical para uma música tradicional portuguesa lindíssima, portanto não me apetece voltar para já a pôr os pés na lama.

Quando se fala em “Rainha da Noite”, muitas pessoas pensam logo em Mozart, outras, sei lá... no José Castelo Branco... nunca no que aqui se vai seguir.

O Manuel Freire, homem de cultura, amigo do seu amigo e capaz de reconhecer uma grande interpretação quando a ouve, enviou-me este vídeo, em que um artista verde canta a “Rainha da Noite”, da “Flauta Mágica” de Wolfgang Amadeus Mozart.

Aguentem firme, que o artista só começa a aquecer verdadeiramente a partir do meio da actuação para a frente.

Até logo.


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

E que tal um pano encharcado nas trombas?



João César das Neves, o conhecido e bolorento beato e economista, defendeu, num encontro de “empresários cristãos”, a ideia de que “a actual crise financeira internacional deveria afectar Portugal com mais violência para estimular a economia, já que a crise anterior não foi suficiente”.

Eu, mesmo sem ser teórico de coisa nenhuma, assim de repente, consigo lembrar-me de uma razoável quantidade de objectos e substâncias (cujos nomes não divulgarei, por uma questão de decoro) que também deveria atingir João César das neves com bastante violência.

Não estimularia nada a economia... mas dava-me um grande gozo!

Cuba. Enfim, a cooperação!



A União Europeia decidiu reatar as relações e a cooperação com Cuba. Dado a Europa ser dirigida por pessoas extremamente rigorosas em tudo o que toca a justiça social, direitos dos trabalhadores, transparência, competência irrepreensível na condução da coisa pública (e da privada), essas relações com o Regime de Havana, como gostam de lhe chamar, estavam interrompidas desde 2003.

Só posso aplaudir, embora ache que vão bastante atrasados...

Os eméritos democratas europeus avançam para a “reatação” e cooperação com dinheiro na mão. É igualmente uma boa ideia, dadas as dificuldades que Cuba vive há décadas, infligidas pelos EUA de forma tão injusta como anacrónica, acrescidas das recentes catástrofes naturais que provocaram estragos incalculáveis no país, que diga-se de passagem, só não provocaram grandes perdas humanas, porque o “Regime de Havana” foi bastante mais competente e atento na defesa dos seus cidadãos, do que vários dos seus “vizinhos”, EUA incluídos.

Assim para já, avançam com dois milhões de euros, para apoiar as vítimas dos recentes furacões. Depois, a partir do ano que vem, a coisa pode chegar ao trinta milhões de euros!

Oh, meus amigos! Entre todos os países ricos e menos ricos da UE, arranjaram a fabulosa quantia de dois milhões para ajuda imediata e, lá para o futuro, “cooperação” que pode chegar aos trinta milhões???

Vocês vejam lá, não se desgracem!!! Não vos parece dinheiro a mais? Sobretudo esses dois milhões de apoio às vítimas, não irá fazer-vos falta para pagar as comezainas de uma das vossas cimeiras?

Ah... e se não for pedir muito, quando estiverem com os “amigos americanos”, podiam tentar convencê-los a deixar Cuba em paz? E já agora, que estamos com a mão na massa, podiam também levar a prisão de Guantánamo para fora de Cuba, para qualquer sítio, assim, sei lá... para a raiz da pata que os pôs! 
Pronto... isto é só cá uma ideia das minhas. Vale o que vale...


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Apelo




Segundo leio, este foi o apelo que Miguel Sousa Tavares lançou ao larápio que lhe assaltou a casa da Lapa, em Lisboa, levando praticamente apenas o computador portátil onde o jornalista guardava os rascunhos e algumas ideias para dois dos seus próximos livros.

Sabendo do tipo de coisas privadas, documentos, contactos, o diabo a sete, que se guardam num computador pessoal, se isto for verdade, lamento.

Se for uma “malha” publicitária, é das boas.

Mesmo não tendo, de momento, nada para publicitar ou vender, ainda assim aproveito a frase (que é gira e fica no ouvido) para lançar também um apelo:

“Venha cá, escolha o que quiser, mas pelo amor da santa, não traga os livros que roubou ao Miguel Sousa Tavares!”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Atrasado, mas não muito...





Nos últimos tempos devo feito figura de malcriado muitas vezes, melhor, de todas as vezes que alguém teve a gentileza de me nomear para um destes tão típicos quanto variados galardões dos blogues. A verdade é que quase nunca os vejo e quando vejo é já tão tarde...

Este, o “Prémio Dardos”, vi-o relativamente a tempo, numa visita já fora de horas (mas não muito) a um dos “blogues de bruma”, o “Ad Astra”, que simpaticamente me nomeou.

Segundo os criadores, este é um prémio em que "se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que, em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.”

Eu lá sou capaz de fazer isto tudo?!... De qualquer modo, obrigado, "Ad Astra"!

Quanto à regra das passagens a outros blogueiros… é o costume. Todas as amigas e amigos que por aqui passam, têm blogues (os que estão para aí virados) capazes de envergar garbosamente este selo na lapela.

Sirvam-se!

E para a próxima, faz o quê? Beicinho?!



Reconheço que qualquer apreciação que faça sobre Cavaco Silva, está à partida ferida de morte pelo facto de achar o homem um reaccionário, ainda por cima, daqueles tão desinteressantes, que não são sequer um desafio para qualquer espécie de debate.

Mesmo assim, está a tornar-se insuportável, por tão ridícula, esta mania recente de promulgar leis, como esta sobre o divórcio, como se estivesse a isso obrigado pelo cano de algum revólver, mas fazendo questão de debitar carradas de considerandos sobre as leis que promulga, sempre (coerentemente, diga-se) conservadores e assaz despropositados, já que a ser verdade que as leis em causa são tão terrivelmente “prejudiciais, injustas, mal feitas tecnicamente, etc, etc,”... então por que cargas de água é que a criatura, as promulga?

Temo o que possa vir aí, quando for “obrigado” a promulgar a nova lei do Estatuto dos Açores, a tal em que ele perde o “poder” número 327/8 (se não me engano) que, ao que parece, lhe faz imensa falta para não ter que ouvir não sei quem, quando quiser dissolver a Assembleia Legislativa Regional, coisa que, diz quem sabe, a nossa Constituição já diz que ele teria de fazer, de qualquer maneira... (“ouvir os órgãos regionais” deve mesmo querer dizer “ouvir os órgãos regionais” todos, digo eu...)

Será que vamos assistir, para nossa vergonha e grande aflição da Primeira Dama, à cena degradante do Presidente a espojar-se nos relvados do Palácio de Belém, esperneando e gritando histericamente?

Sou pessoa para gostar de dar a minha risada de vez em quando, mas essa... dispenso!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Florestas destas... também eu queria!...




Vivemos na ânsia de encontrar realidades, actividades, ou mesmo “fait-divers”, em que estejamos na tão sonhada “média europeia”. Nessa ânsia, somos tentados a baixar um bocadinho o nível das coisas em que nos comparamos com a tal Europa. Esta notícia é um bom exemplo.


Fico muito satisfeito (acho que é o que se pretende...), mas mesmo assim, gostava que alguém me dissesse quantos dos países da Europa “da frente” estão, como nós, cobertos por florestas que em boa parte não passam de matagais desordenados, pasto fácil para as chamas e quilómetros, muitos, muitos e infindáveis quilómetros de plantações intensivas de eucaliptos (um belo negócio para alguns) que paulatinamente vão arruinando os solos em que estão cravados, esgotando as reservas de água (que consomem desenfreadamente), condenando a mata autóctone e escorraçando a fauna, que deixa de ter condições de sobrevivência, nidificação, etc, etc.

Mas isto deve ser a minha mania de nunca estar contente...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Já ladram, novamente...



João Salgueiro, presidente da União de Bancos Portugueses e ex-várias coisas em governos do PSD, nomeadamente Ministro das Finanças do “extraordinário” governo de Pinto Balsemão, vem todo lampeiro dar uma entrevista, dizendo que “ Nunca houve lucros fabulosos na banca”, referindo-se a Portugal. Diz também que o facto de toda a gente andar a exigir mais regulação e fiscalização para o sector financeiro “É um perfeito disparate!”.

Engraçado!... Ainda não passou o cheiro nauseabundo de centenas de banqueiros e milhares de especuladores das bolsas de valores que até há poucos dias se borravam nas calças, mendigando a ajuda dos governos e bancos centrais (alguns continuam...) e agora que muitos já se safaram com as “pseudo nacionalizações” (uns) e maciças injecções de dinheiro (outros), voltou-lhes a arrogância e insuportável insolência com que fazem questão de tentar camuflar a realidade podre que representam e a mesquinhez dos valores que defendem.

Este João Salgueiro e os seus pares, fazem lembrar aqueles cães manhosos, raivosos e algo cobardes, que sempre que vêem um varapau ameaçadoramente levantado fogem a ganir, mas assim que se apanham a uma distância segura, volta-lhes a coragem... de ladrar.

domingo, 19 de outubro de 2008

Portas e janelas ficam sempre abertas prá sorte entrar. Em todas as mesas, pão.



Tantas vezes apetece ouvir uma canção assim...

vilarejo
(Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes)

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão

Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas cal

Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonhos semeando o mundo real
Toda a gente cabe lá
Palestina Shangri-lá

Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

"Vilarejo" - Marisa Monte
(Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes)


sábado, 18 de outubro de 2008

O Segurança está em todo o lado, o Segurança vê tudo, o Segurança não dorme!



Fátima: Governo autoriza sistema de videovigilância no Santuário

Eu sei que os problemas de segurança, quando se juntam multidões, sobretudo multidões de pessoas crédulas, fragilizadas e absolutamente focadas em coisas que, embora respeitáveis, estão muito "para lá" da realidade...  são problemas sérios, a merecerem a atenção das autoridades, que devem assegurar que os peregrinos não aumentem ainda mais o rol de desgraças que os fazem peregrinar... sendo assaltados.
Mesmo assim, não consigo evitar lembrar-me desta quadra genial do poeta popular António Aleixo:

"Pára-raios nas igrejas
São p'ra mostrar aos ateus
Que os crentes, por mais que o sejam
Não têm confiança em Deus"
(in "Este livro que vos deixo")

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Voltar da festa...



E pronto! Agora é a mesma viagem, mas em sentido contrário, como se pode ver pelo avião.

Vendo o meu sincero desgosto em partir, a simpática máquina voadora ainda tentou ajudar, “Se calhar o melhor é não irmos... ficamos cá e...” e eu agradecido, “Não dá companheiro. A minha vovó ficou lá... e sabes bem que eu sem a vovó...”

Não é fácil desanimá-lo. “Não faz mal! Eu vou num instante buscá-la e depois levo os dois até à Terceira e...”

Tive que ser firme. “Não! Obrigado, mas não! Ainda não pode ser... desta vez!”

E lá vamos nós. Isto aqui em cima, à noite, é estranho!

George Soros - declarações extraordinárias...



Já passaram uns dias sobre a entrevista que vi num dos nossos canais de televisão, dada por George Soros, mas o “raça” da entrevista não me sai da cabeça.

George Soros é um dos homens mais ricos do planeta, tendo construído toda a sua fortuna em cima de um faro excepcional para a especulação. Estou convencido de que nunca terá criado ou produzido coisa alguma na vida, mas a sua habilidade para especular, sobretudo com as oscilações cambiais, é lendária. A título de exemplo, lembro o caso em que num dia apenas, ganhou cerca de mil milhões de libras, apostando exactamente numa oscilação de câmbio, em que a “vítima” foi nada menos que o Banco de Inglaterra (que abanou).

Mais extraordinário do que a sua fortuna é o facto de numa passagem da entrevista, ter desancado energicamente Ronald Reagan e Margareth Tatcher, a quem acusa de serem os impulsionadores dessa nova “religião” dos anos oitenta, o neo-liberalismo selvagem, que de uma forma criminosa, fez acreditar os cidadãos e os operadores económicos que o sacrossanto mercado era intocável, auto regulável e que, portanto, os estados estavam dispensados de ter qualquer papel nos destinos das suas economias, nem sequer como reguladores. Toda essa “religião” faliu, afundou-se e agora os criminosos que a criaram, provocando a crise e a ruína de milhares de pessoas, vão escapar da borrasca, protegidos por providenciais guarda-chuvas oferecidos exactamente pelos estados, com o dinheiro dos contribuintes.

Assim, em pinceladas largas, é uma parte do que disse o multimilionário, exigindo regulação e fiscalização apertadas a partir de aqui.

Como extra, um pequeno pormenor, a mostrar que o homem pode ter toneladas de defeitos e estar longe de ser um modelo de conduta a seguir, mas não é estúpido e tem a capacidade de ver as pauladas, quando elas ainda vêm à distância: Deu grandes somas de dinheiro para ajudar a impedir a reeleição do débil mental perigoso George W. Bush. Não conseguiu... mas que tentou, tentou!

Se dei a impressão de simpatizar, por um momento que fosse, com um figurão como George Soros, peço desculpa! Apreciei a “coisa” como se de um número de circo se tratasse... e é sabido que eu nem sequer tenho grande apreço por números de circo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Azul... é isto!







Desde ontem à tarde que me encontro nesta “aparatosa” Ilha Azul, também conhecida por Faial, volta não volta, olhando para aquela “coisa” em frente, que é o Pico, imponentemente pousado a uns maravilhosos oito quilómetros e tal... ou à distancia de um pesadelo, se fizer “mau tempo no canal”.

Estou nas competentes mãos de amigos, que tiveram a gentileza de querer ouvir-me cantando algumas cantigas de Abril.

Quem me quiser encontrar hoje à noite, basta dirigir-se ao Teatro Faialense, uma pérola que, a julgar pelas fotografias, foi recuperada com muito bom gosto.

Apareçam!...

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A caminho das Ilhas de Bruma



Eis aqui um "cantautor" e blogueiro, fazendo-se à imensidão azul do Oceano Atlântico, rumo aos Açores. 
É coisa para ainda levar um bom pedaço... quando já estiver a descer, escolho a ilha.

Teixeira dos Santos - A trave-mestra



O capitalismo é a trave-mestra da nossa economia.

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, apresentou as traves-mestras do Orçamento do Governo de Sócrates, para 2009.

Uma trave-mestra é uma coisa extremamente importante numa casa e poucas coisas haverá, certamente, mais inquietantes do olhar para cima... e ver que a trave-mestra está podre!

Mesmo assim... por que raio me fica a sensação de que Sócrates está a “facturar” em cima da desgraça nacional (e internacional), baralhando as necessárias medidas de apoio a quem precisa, com pura propaganda eleitoralista?

Há certamente entre os meus leitores e leitoras, quem saiba correctamente colocar em palavras e números... esta minha desconfiança.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Paulo Teixeira Pinto - A grandeza



Antes de ontem, houve uma estação de televisão que achou uma boa ideia convidar Paulo Teixeira Pinto para falar sobre a presente crise económica, com especial ênfase na situação das instituições bancárias.

Estamos a falar do Paulo Teixeira Pinto, até há pouco tempo presidente do BCP, que na sequência da tentativa pateticamente falhada de comprar o BPI à força, fez o seu banco e os accionistas perderem milhões de Euros, saindo do banco pela porta das traseiras, embora com uma fortuna a título de (inexplicável) prémio.

Estamos a falar do Paulo Teixeira Pinto que passou uma boa parte da sua vida mais recente na Opus Dei, de onde saiu, por razões lá muito suas e que decidiu “virar” poeta, pintor e defensor da “futura” monarquia.

Perguntado sobre o espaço que existe na nossa economia para albergar as várias instituições bancárias portuguesas, não hesitou em responder que apenas existe lugar para quatro bancos. Numa demonstração de quanto a “Obra de Deus” fez pelo seu carácter, acrescentou imediatamente que o BPI, o tal que há poucos meses queria a todo o custo comprar, não é um deles.

A grandeza é efectivamente um bem escasso!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

E agora... o que é que fazemos, pá?



Sobre os famosos voos da CIA, que terão infectado o solo de vários países do mundo, incluindo o nosso, países esses que agora andam a fazer o possível e o impossível para se verem livres desta história e nunca mais terem de falar de prisioneiros, nem tortura, nem Guantánamo (nem que tenham de admitir os factos e seguir em frente)... já correram rios de tinta.

Em Portugal, embora o que mais tenha corrido sobre o assunto, pelo menos oficialmente, sejam rios de silêncio, não falta quem escreva (e bem) sobre esta nódoa que mancha qualquer país decente. Desde os numerosos artigos e posts da “inconveniente” deputada do PS, Ana Gomes, textos em blogues que visito e de que destacaria este, no “Cravo de Abril”, por exemplo, até esta pequena crónica de Medeiros Ferreira, que meio ironicamente, critica a teimosia das autoridades portuguesas em admitir sequer que têm “um problema”.

A verdade é que, embora nos EUA a posição da “justiça” em relação a estes presos e esta prisão de Guantánamo ainda seja uma perfeita (e trágica) anedota, começa a parecer evidente que os dois candidatos presidenciais (Barack Obama um pouco mais, evidentemente), para darem uma demão de verniz na imagem “da América” no mundo, começam a dar a impressão de quererem "livrar-se" daquele cancro.

Conhecendo a arrogância dos governantes “estadunidenses” para com o mundo em geral, aliada ao desprezo que os poderosos normalmente nutrem pelos fracos e lacaios, esta triste história dos voos ilegais, transportando “suspeitos” para a prisão e tortura, no limite do ridículo, não vai ter culpados em parte nenhuma do planeta e apenas vai sobrar para os dois “idiotas de serviço” em Portugal. O que servia então e o que serve agora.

domingo, 12 de outubro de 2008

Até já estão com "melhor cara"!...






Pergunto-me... Como se sentirão as crianças, operários, camponeses... e até militares, da Coreia do Norte, agora que, assim de supetão, deixaram de ser terroristas?!

Fernanda Câncio - um apelo à persistência



A jornalista do DN, Fernanda Câncio, alegadamente, namorada de José Sócrates, o que a ser verdade será muito bom para os dois, pois namorar faz muito bem à saúde, escreve, muitas vezes ruidosamente, sobre o que considera serem as suas causas. Pode-se (como é o meu caso) nem sempre apreciar o que escreve, mas, para ser honesto, devo dizer que não me escapa o facto de ela não se coibir de assumir posições públicas que não estão de acordo com o pensamento e a prática do Primeiro Ministro. Já o fez várias vezes. A mais recente foi agora, na votação “relâmpago” sobre os casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Segundo a comunicação social, lá esteve ela nas galerias do Parlamento, acompanhada por muitos activistas a favor da aprovação da lei.

Imagino que antes terão falado sobre este tema na sua intimidade. Imagino que tenha tentado fazer José Sócrates mudar de estratégia. 
Não conseguiu... mas há mais marés que marinheiros!

Não desista, Fernanda! Canse-o!

sábado, 11 de outubro de 2008

Perda para a extrema direita europeia




Jorg Haider, o tristemente famoso dirigente da extrema direita austríaca, confesso xenófobo e racista, morreu hoje, quando o carro em que seguia (felizmente sozinho) capotou várias vezes por causas ainda desconhecidas.

Fica certamente a fazer falta à família e amigos, cujo desgosto é respeitável.

Ah... e o carro... também é uma enorme perda!

Hipocrisia em "rosa-parolo"



Os políticos e cidadãos comuns que não conseguem separar aquilo que pensam do que lhes foi ensinado nos bancos da igreja, tendem a só conseguir ver o casamento como um “sacramento” e o conceito religioso de família, como o único admissível e acima de tudo, “sagrado”.

Embora reconheça que o meu entendimento desta questão possa estar prejudicado pelo facto de não acreditar em praticamente nada do que o nacional-catolicismo vende, devo mesmo assim dizer que “sagrada família” houve apenas uma (segundo consta) e mesmo nessa, o primeiro filho foi concebido fora do casamento... mas adiante.

Fica claro, para quem quer ver, que o que estava aqui em causa, era o simples reconhecimento de um direito, com um ponto de dúvida na questão da adopção (para mim...  e apenas isso, um ponto de dúvida, discutível...), a cidadãs e cidadãos a quem a Constituição Portuguesa garante não poderem ser discriminados em função da sua orientação sexual, etc, etc, etc.

Que os deputados conservadores, que não se afastam quase nunca dos ditames do Vaticano (ou das outras Igrejas), uns porque sim, outros para parecer bem, gritem histericamente contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, parece-me perfeitamente natural, mesmo para aqueles (muitos) em que esse discurso serve apenas para esconder a homofobia troglodita e não poucas vezes, para esconder exactamente o que fingem atacar.

Que os auto proclamados socialistas façam a triste figura que fizeram, dizendo às escondidas que são a favor, mas votando contra, porque “este assunto ainda não está devidamente debatido na sociedade, não é consensual e está longe de ser uma prioridade para a maioria dos eleitores”... é trágico!

Primeiro, gostava que algum deles me dissesse quando é que um direito de uma minoria, um que seja, foi alguma vez consensual e considerado uma prioridade para qualquer uma das maiorias, que normalmente desprezam, discriminam, perseguem e oprimem essas minorias. Será que nunca reparam que a admissão de um direito de uma minoria é sempre arrancado a ferros à incompreensão, hostilidade, ou simplesmente à inércia e ao “estar-se-no-tintismo” que é a relação normal das maiorias com as minorias?

Segundo, gostava de deixar claro o que penso sobre as reais causas que levaram os “socialistas” a invocar as esfarrapadas desculpas que inventaram para adiar para “talvez um dia, quem sabe?” esta discussão, como as que já antes apontei e claro, a melhor de todas, o “facto de não estar no programa eleitoral do PS”.
Penso que são puro calculismo e contabilidade eleitoralista, portanto, hipocrisia... e como quase sempre na hipocrisia, cobardia politica.

E alguns deles, serão até capazes de ter a suprema lata de afirmar que os homossexuais é que são “uns maricas”!...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Eleições a tiro





Quando há uns dias li a notícia da prisão de uma tal Carminha Jerominho, estávamos nós no auge da nossa campanha publicitária sobre a violência e insegurança em Portugal. Optei, nessa altura, por não aumentar ainda mais o ruído.
Agora que há novidades sobre a "figuraça" Carminha, aproveito o facto de a crise actual ser de outra ordem, para voltar a este assunto.
Afinal, quem é esta Carminha Jerominho? Ao que parece, é uma carioca, filha de um vereador, que acumulava o cargo na vereação com o de dirigente de uma das organizações criminosas que assolam várias zonas do Rio de Janeiro. Provadas as ligações do vereador ao mundo do crime organizado, este "foi dentro". 
Uma das actividades destes bandos de traficantes é, com a ajuda do terror, "incentivar" os cidadãos das favelas e outros bairros populares, a votarem em candidatos autárquicos escolhidos pelos chefes do crime, muitas vezes, membros dos gangs. Preso o Jerônimo Guimarães, a organização escolheu a sua filha, para se candidatar às eleições que agora decorreram.
Num "excesso de militância", membros do gang, às ordens do pai da candidata, chacinaram várias pessoas do bairro, uma espécie de "acção de campanha eleitoral", apenas para deixarem bem claro o que pensavam sobre a esperança de vida de quem se opusesse à Carminha. Na sequência destes assassinatos, a candidata foi também parar à prisão, onde aguarda julgamento. Era esta a tal notícia de há uns dias...

Não penso nada de especial sobre esta história, a não ser que o Brasil, que é um grande país e o povo brasileiro, que é na sua maioria, um povo gentil, trabalhador e cheio de luz, mereciam muito melhor do que isto e que vão mesmo ter que se concentrar para o fazerem pelas suas mãos.
Este post serve apenas para nos lembrarmos destas realidades de extrema violência, desrespeito pela vida humana e os mais básicos direitos e liberdades, na próxima vez que estivermos a levar com as baboseiras do Ministro Rui Pereira e dos comentadores de serviço, sobre a nossa "grande insegurança".

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Che e Brel, poetas vivos



Ernesto “Che” Guevra e Jacques Brel. Dois poetas cujos caminhos se cruzaram a 9 de Outubro. Ambos vinham de longe. Ambos tinham “um grande amor, marcado pela dor”. Ambos insistem em manter o seu lugar, quente e habitado, nos corações de milhares de pessoas.

Quando o poeta morreu
Louis Amade/Gilbert Bécaud

Quando o poeta morreu
Todos os seus amigos choraram
Quando o poeta morreu
O mundo inteiro chorava
Enterraram a sua estrela
Num grande campo de trigo
E é por isso que se encontram,
Nesse grande campo, mirtilos.(*)
( * Baga silvestre, intensamente azul, que se acredita ser um excelente medicamento natural para doenças dos olhos)

Para os dois, esta canção do Bécaud, cantada em Portugal, em 1973 (com gente “interessante” a cantar com ele, na plateia).

“Quand il est mort, le poète” – G. Bécaud
(Louis Amade/Gilbert Bécaud)


A (en)comenda



Eu, na verdade, dei pela notícia no próprio dia, já que antes de ontem jantei um pedaço para o tarde e tive ocasião de assistir em directo ao momento em que, para estupor de toda a gente e do próprio Mário Crespo, que conduzia a entrevista, o comentador, perdão, comendador Joe Berardo, denunciou o facto de (provavelmente) toda esta crise financeira internacional, ser obra de alguém, apostado em atacar o capitalismo e a democracia.

Ao contrario de outros bloggers, que falaram disso imediatamente nessa noite, eu deixei passar o caso, para não atrapalhar as investigações e na esperança de que o nosso implacável Ministro das Policias Rui Pereira caísse sobre "esse alguém", como um raio e lhe “amandasse” o tirinho no lombo que a criatura merece... mas a verdade é que já se passou mais um dia e o meliante continua à solta, o que é insustentável!

Agora a sério, digam lá se isto não é azar!... Logo eu, que praticamente nunca entendo uma palavra do que o homem diz... fui logo entender esta frase inteira!

No meio de tudo isto, salva-se o gesto bonito, pela parte do Eng. Sócrates, de garantir todos os meus depósitos bancários, sem limite de montante.
Tivesse eu adivinhado e teria arranjado maneira de ter depósitos bancários...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

"Almirante Negro" - Mestre-Sala dos Mares



Nos idos de 1910, a Marinha Brasileira gostava de ter ao seu serviço cidadãos negros. Não para mostrar qualquer espécie de “abertura”, mas antes para poder lucrar com o seu trabalho, feito em moldes de quase escravatura.

Para deixar bem claro o apreço em que tinham os seus mais tisnados “camaradas de armas”, os garbosos dirigentes militares, ao arrepio do resto da sociedade, que já abolira a escravatura, insistiam na prática dos “castigos corporais”, um eufemismo para as chicotadas, que podiam chegar às centenas, provocando as cantadas “rubras cascatas”, uma imagem poética bela, mas que não é mais do que o sangue que escorria pelas costas dos jovens marinheiros.

Exactamente em Novembro de 1910, estes marinheiros iniciaram uma revolta militar que, embora tendo como motivo inicial os soldos e alimentação miseráveis e, claro, os castigos corporais, depressa ganhou muito maior dimensão, abalando o poder da época. Ficou conhecida como “A revolta da chibata” e apesar de ter obtido alguns triunfos, originou muita e brutal repressão, acompanhada das mortes “dos de sempre”.

Na História desta luta pela dignidade humana, destacou-se a figura de João Cândido, um jovem timoneiro, que ficou conhecido como “Almirante Negro”. Depois de muita prisão e pancada, de assistir à morte de muitos dos seus camaradas, morte provocada, entenda-se, ser internado e dado como louco, foi finalmente expulso da Marinha e acabou os seus dias na pobreza, vendendo peixe, por nunca mais ter conseguido encontrar quem desse emprego a alguém com o seu historial e a sua cor. Nunca viu o seu nome, nem os dos seus companheiros de luta, reabilitado perante a sociedade, até morrer, em 1969, com 89 anos.

Essa reabilitação e a reposição da justiça (para todos), chegaria apenas em 2003, aprovada pelo Congresso Brasileiro.

Antes, nos anos 70, ainda sob a ditadura, os autores brasileiros Aldir Blanc (letra) e João Bosco (música), pegaram nesta história e fizeram uma extraordinária canção, “Mestre-Sala dos Mares”, que depois de muito “p’ra lá e p’ra cá” com a censura (tal como o que se passava em Portugal), lá conseguiram uma versão autorizada e com alterações “cirúrgicas”, que muitos até hoje já gravaram e cantaram ao vivo, tendo à cabeça (evidentemente) a grande Elis Regina.

Para apreciarem as tais pequenas alterações impostas pela censura à letra original, basta clicarem sobre a imagem que se segue, onde as duas versões estão lado a lado.


A originalidade deste vídeo que vos proponho, não está na genialidade da Elis como cantora, mas sim no “descaramento” que teve, de ainda no tempo da ditadura no Brasil, ir cantar exactamente a versão proibida... ao Chile, igualmente sob uma ditadura, no caso, a do assassino Pinochet.

E é esta, amigas e amigos, a história talvez pouco conhecida, de uma grande canção que quase todos já ouvimos mais que uma vez. Disfrutem!

“Mestre-Sala dos Mares” – Elis Regina
(Aldir Blanc/João Bosco)


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sarah Palin, "Alaska"



Não resisto a surripiar este cartoon ao Vítor Dias. Reconheço que não será lá muito simpático, insinuar que a senhora Sarah Palin é demente ou débil mental, mas...

Uma pessoa que se candidata ao lugar de vice presidente do país mais poderoso e agressivo do mundo com “trunfos” como:

- Apresentar como qualificação para lidar com a Rússia, o facto de a Rússia poder avistar-se a do Alaska.
- Achar que a invasão (ilegal) do Iraque pelos EUA é “um desígnio de Deus”.
- Acreditar que o mundo existe há seis mil e poucos anos, que é o resultado sa soma que alguns (poucos) fanáticos fazem das idades de personalidades do Velho Testamento.
- Afirmar (na sequência da crença anterior) que os nossos antepassados conviveram com os dinossáurios.
- Sempre que responde a uma pergunta mais complicada, ou que não estava combinada, como se pode ver em vários vídeos no “youtube”, mete os pés pelas mãos e ao fim de alguns segundos, já ninguém faz ideia de sobre que diabo está a falar.
- Esta sua mais recente “arma” de campanha, absolutamente indigente, sobre a alegada simpatia de Obama por terroristas (assim, na generalidade), por ele ter conhecido vagamente e trabalhado para a mesma instituição de solidariedade social, que um conhecido radical dos anos sessenta, sendo que na altura dos factos que classificam este como radical, Obama tinha oito anos de idade...
- Etc, etc, etc...

Como dizia, uma pessoa com estas “características” põe-se muito a jeito para ser qualificada como um bocadinho fracota dos neurónios.

Da mesma maneira, um povo que, não só admitiu ter esta “croma” como candidata, como já fez dela uma vedeta e lhe segue os gostos nos penteados, óculos e roupa, que já são moda... não dá de si uma imagem muito melhor.