sábado, 31 de janeiro de 2009

A Lógica da Batota... perdão, da Batata




Bancos e banqueiros que nos últimos anos se dedicavam à prática de crimes económicos em grande escala, como a fuga de impostos, lavagem de dinheiro, utilização fraudulenta de dinheiros de depositantes, ou simplesmente desvio de fundos para proveito pessoal, em vez de serem pulverizados (os bancos, claro), salvaguardando-se os direitos dos depositantes genuínos e alheios à especulação criminosa e os seus responsáveis julgados e condenados, são, em vez disso, “ajudados” pelo Estado, com nacionalizações caridosas e gigantescas injecções de capital. São os casos, por exemplo, do BPN e do BPP.

Perante os efeitos de uma crise arrasadora, fruto de recorrentes decisões políticas desastrosas, agora pioradas pelo colapso do capitalismo selvagem internacionalmente, depois de criada uma situação no país em que, como num ciclo vicioso, as pequenas e médias empresas que são responsáveis pela esmagadora maioria dos postos de trabalho, estão estranguladas porque não têm a quem vender a sua produção, pois as pessoas não têm dinheiro para comprar mais nada além do estritamente necessário (as que têm), perante a situação do pequeno comércio tradicional, que emprega milhares de pessoas, por vezes famílias inteiras e que está igualmente estrangulado pelas mesmas razões, mais a pata esmagadora das grandes superfícies comerciais, perante o triste caudal de cidadãos que todas as semanas vão, fruto desta situação, engrossando o número assustador dos desempregados, piorando ainda mais as condições de sobrevivência das empresas e pequenos comércios que ainda não fecharam... que faz o Governo para ajudar? Trata de conceber e pôr em prática um plano de apoio directo às pequenas e médias empresas em dificuldades, às famílias em risco de perder as casas em que já investiram anos do seu suor, apoio esse que, serviria para restaurar alguma da confiança perdida, subir o poder de compra das famílias e por tabela, trazer centenas de empresas de volta à tona de água? Concebe e põe em prática a criação e apoio de milhares de projectos públicos e privados, de pequena e média dimensão, em que a injecção súbita de capital chegaria a milhares de empresas diversificadas e significaria a criação de milhares de postos de trabalho, harmoniosamente distribuídos pelo território, com o que isso significaria de reanimação das economias locais?

Não! O Governo aposta no apoio a dois ou três projectos megalómanos, de criação de emprego concentrada, intensiva e não sustentada, onde ficarão a ganhar (e muito) meia dúzia de gigantescas empresas, que não poucas vezes, estão nas mãos de “amigos”.

Não! O Governo decide colocar milhões e milhões nas mãos dos banqueiros, que mais uma vez irão ficar com o dinheiro, para alimentar os seus vícios multimilionários, permitindo que apenas uma parte dele chegue às pequenas e médias empresas e às famílias, mediante a aplicação de verdadeiros garrotes e cobrança de juros próprios de agiotas e mafiosos.

Perante esta vergonha imensa em que se está a tornar o “Caso Freeport”, em que cada alegado interveniente vem dizer o contrário do anterior, em que toda a gente conhece Sócrates, em que Sócrates não conhece ninguém, em que “O Tio” (já uma instituição) de cada vez que abre a boca mais chamusca o “Zezito”, como lhe chamou, que faz a justiça? Explica cabalmente porque andou todos estes anos a “pastar caracóis” e trata de rapidamente, em silêncio e com eficácia, apresentar resultados e arguidos? Ou as provas de que nada se passou de ilegal?

Não! Num espalhafato que só serve para disfarçar o embaraço da inépcia, vai-se multiplicando em entrevistas confusas, em declarações ofendidas sobre as quebras de segredo de justiça, enquanto sorrateiramente a vai ela própria quebrando, conforme o interesse do dia, ao mesmo tempo que, de maneira sonsa, faz muito pouco para avançar e praticamente nada para evitar que alastre a ideia de que tudo isto não passa afinal da tal “campanha negra” (o termo da moda), urdido cavilosamente, quem sabe, pela própria Rainha de Inglaterra, desagradada com um chapéu que lhe ofereceram, ainda mais ridículo do que aqueles que já tem... comprado no maldito Freeport.

Os heróicos leitores que tenham chegado até aqui, ou alguém que esteja de visita ao nosso país, será levado a pensar que os portugueses endoideceram e que em tudo isto não existe um pingo de lógica.

Estão enganados! Esta é a célebre Lógica da Batota... perdão, lá estou eu outra vez... da Batata!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Parecem bandos de pardais à solta...





Devemos estar em estação de migração dos prémios e desafios, já que eles passam em verdadeiras revoadas.

Duma assentada, vamos lá dar atenção a quatro, que acabam por ser três, já que dois vêm de blogues diferentes mas são iguais.

Assim, da BlueVelvet, chega-me o “Blog Star da Net”. Do Portugal dos Piqueninos, o selo oficial “Este blog tem pés para andar”. Depois, d’O Puma e do Thesoundofsilence, um “desafio”, segundo o qual, devo escrever seis coisas sobre mim.

Quanto à parte em que é suposto endossar todos os desafios e prémios, já se sabe o que a casa gasta. Os blogues (quase) todos que estão na minha lista, pertencem a blogueiros a quem passo estas brincadeiras simpáticas, mas mesmo assim, só aos que estiverem para aí virados.


O tal desafio:

1. Gosto de pessoas (e coisas) “descomplicadas”.

2. Detesto sonsos.

3. Começo a ter dúvidas sobre se que o que mais me irrita neste Governo é a política, sobre a qual não tinha ilusões, se a constante mentira arrogante, que é verdadeiramente chocante.

4. Sei que só há uma maneira de vencer, que é fazendo por isso.

5. Preciso de mais cinquenta anos para fazer o que quero.

6. Sei que isto não vai lá com cantigas... mas as cantigas por vezes ajudam e poucas sensações haverá, melhores do que a sensação de se ter de alguma forma ajudado!


Obrigado a todos!

José Sócrates, Freeport & Cia *





A tão ansiosamente anunciada "Declaração Pública do Eng. José Sócrates" ao país, teve duas qualidades indiscutíveis. Foi ostensivamente Pública e indesmentivelmente... uma Declaração.

Quanto ao conteúdo da dita, como aliás, de muito do que gravita à volta deste triste caso, ainda estou a tentar limpar os olhos e a cuspir areia em grandes quantidades...

* O “Cia” do título, quer mesmo dizer Companhia, não sendo portanto nenhuma insinuação torpe sobre a ligação de Frank Carlucci ao grupo económico Carlyle que controla o Freeport.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

José Afonso (Eu engano-me na letra, mas o Vitorino e o Samuel dão uma ajuda...)





No dia 29 de Janeiro de 1983, já vão 26 anos, à hora a que publico este texto, o Zeca estava nos bastidores do Coliseu dos Recreios de Lisboa, preparando-se para entrar em palco e dar o seu derradeiro concerto.

O “meu” Zeca particular e intransmissível é outro. Está vivo, nunca está doente (excepção feita a umas sinusites teimosas), pratica judo, canta como ninguém, faz-me acreditar que em 1973 já estávamos a um passo da liberdade, ilumina os meus vinte e um anos, faz cantigas que ficaram na História, à minha frente e com a minha modesta “ajuda” técnica, faz-me gravar o meu primeiro disco e leva-me para cantar com ele em locais incríveis e proibidos...

Como sou uma perfeita negação na arte do culto da imagem e uma desgraça na gestão de “carreira”, até há bem pouco tempo nem sequer uma fotografia tinha em que estivesse com ele.

Um amigo, em boa hora, resolveu oferecer-me esta grande imagem, recordação de um “Canto Livre” realizado num quartel da região de Lisboa, em 1975, com Zeca Afonso, Vitorino e um estreante (eu mesmo, o guedelhudo da ponta esquerda). O amigo em causa, era militar nesse quartel e foi um dos que se “arvorou” em cantor e foi connosco para cima do estrado, cantar a Grândola.

Todos achávamos que o mundo e a vida estavam apenas a começar, que a reacção não passaria, que a noite não voltaria às nossas ruas e que iríamos ter o Zeca a cantar connosco para sempre...

Pelo menos nesta parte do Zeca, acertámos!

Olhe aqui freguesa... é da Mike, é da Mike...




Triste país este, em que num debate no Parlamento, o Primeiro Ministro raramente responde ao que lhe é perguntado, se responde fá-lo malcriadamente e já nem se dá ao trabalho de esconder que não quer responder a nada, ocupando uma boa parte do tempo que lhe cabe em sketches revisteiros e a ler longamente textos sobre isto e aquilo, por vezes mais do que uma vez.

Desinteressante país este, em que o Primeiro Ministro e o líder parlamentar do mais numeroso partido da oposição (no hemiciclo), levam uma grande parte do tempo a discutir como dois garotos, deixando para secundaríssimo plano o conteúdo do que dizem e dando toda a prioridade à gritaria em que se acusam mutuamente, vociferando “A tua mentira é muito maior do que a minha!”

É a eterna discussão dos garotos, mas sobre o assunto errado... e ao contrário.

De qualquer modo, o debate de ontem serviu para termos a confirmação de que o maravilhoso “Relatório da OCDE” sobre o ensino básico, afinal não era bem da OCDE. Era antes um relatório de aviário, feito a correr, recorrendo quase em exclusivo a autarquias do PS e uma dezena de escolas, mas muuuuuinto parecido com os da OCDE.

Algo assim entre os relógios “Bolex” e os ténis “Mike”.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Fátima Felgueiras




Esta mulher vai sendo repetidamente indiciada, acusada, julgada, até já foi condenada. Talvez volte a sê-lo... e ri. Ri sempre. Este riso meio apalermado, que não se sabe bem se é para gozar com a cara das pessoas, se é indigência mental.

Não haverá alguém, eleitor de Felgueiras, Juiz, sei lá... alguém, que consiga tirar-lhe este sorriso da cara?

Felizmente, aqui onde moro, não temos que lidar com este problema. Nem de carácter, nem de “grandes superfícies” decotadas. A pessoa que dirige o nosso Município é séria, competente, bastante discreta, veste com bom gosto... e chama-se Carlos.

Maré cheia




"Venha a maré cheia
Duma ideia
P'ra nos empurrar"
(José Afonso)



Já vomito SLN, BPN, Dias Loureiro, Alcochete, tios, primos, outlets, Freitas do Amaral a pedir maiorias absolutas para o extraordinário e nunca antes visto José Sócrates...

Acho que só o mar pode lavar tanto lixo!

Perdoem-me os amantes da novas tecnologias do áudio digital, mas (sabe-se lá porquê) apetece-me ficar um bocadinho a ouvir o Charles Trénet a cantar o seu “La mer”, assim, com os riscos do velho disco de massa de 78 rotações, com um som sem explicação.

Quem quiser fazer-me companhia, puxe duma cadeira enquanto eu vou buscar uns copos...

"La Mer" - Charles Trénet
(Charles Trénet)


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Os criminosos encobrem-se... com imparcialidade!


Ainda ninguém deve saber ao certo o que pretenderam conseguir os israelitas com estes dias de selvagem agressão à Faixa de Gaza. Como é um dado adquirido o facto de não ser possível derrotar pela via militar movimentos com as características do Hamas, bem pelo contrário, este massacre resultou certamente no aumento exponencial de jovens dispostos a dar a vida para vingar estes crimes, até melhor explicação parece-me que, como quaisquer assassinos psicopatas, os dirigentes israelitas retiram prazer pessoal do acto de assassinar indiscriminadamente alguns militantes do movimento, mesmo sabendo de antemão que nesse processo irão assassinar população civil em número quatro ou cinco vezes superior ao dos alegados militantes. Pelos números que foram chegando, até o número de crianças assassinadas será superior ao dos tão falados activistas.

Gozando com a cara de milhões de pessoas em todo o mundo, Israel decide decretar um “cessar fogo unilateral”, como se estivesse a fazer um favor, quando na realidade já tinha aproveitado ao máximo o intervalo entre presidentes dos EUA, para matar e destruir o mais que pudesse... e agora partir para as negociações, apoiado pela nova Administração da Casa Branca, com a maior cara de pau, como se nada se tivesse passado.

O problema é que depois destes crimes de guerra, os mortos continuam mortos, os familiares que os perderam continuam a viver esse horror sem explicação nem motivo, os milhares de feridos continuam, uns a morrer, outros em grande sofrimento, pois não há condições nem medicamentos para os tratar. Ainda muitos mais milhares, em resultado da destruição em massa de infra-estruturas e casas, estão sem abrigo, sem comida, sem água, sem apoio... sem nada.

Algumas organizações de voluntários de todo o mundo, como sempre acontece nestas catástrofes, vão fazendo o que podem.

Vem todo este “desabafo” a propósito da elevada atitude “humanitária” assumida pela famosa BBC e pela Sky News, que em defesa de um “precioso” conceito de imparcialidade, se recusaram a difundir um vídeo de apelo à ajuda para as vítimas de Gaza, realizado por várias ONGs que estão empenhadas nessa causa.

Mesmo que este caso não servisse para mais nada, serviria para mais uma vez assistirmos ao espectáculo degradante da hipocrisia, na sua face mais negra e nojenta, e constatar o quanto estes grandes meios de comunicação têm o rabo preso...

Este é o vídeo em causa.


Os gémeos, sempre em forma




Nesta segunda-feira, "os gémeos" estiveram em grande forma. O mais pequenino, Silva Pereira, que é apenas Ministro da Presidência, foi à SIC dar uma entrevista que podem ver na íntegra, se tiveram muita pachorra e clicarem no link que se segue.

Confrontado pelo entrevistador com o facto de o tio de Sócrates ter admitido a cunhazita de um encontro dos promotores com o sobrinho para desbloquear... tal e tal... o que já se sabe, conseguiu responder:


Se isto não é uma resposta genial, então não sei... aliás, toda a entrevista é verdadeiro material de estudo.

Já o outro gémeo, o maiorzinho, que é Primeiro Ministro, foi não sei onde, dizer à Ministra da Educação (com ar de despedida) que foi um gosto trabalhar com ela, que é uma incompreendida e que foi preciso virem o senhor Peter Matthews e a dona Deborah Roseveare, da OCDE, para lhe darem os parabéns e vibrantes bravos!


Não sei se a dona Deborah andou pelas escolas do país real e falou com alguns dos mais de cem mil professores que de uma forma também muito vibrante têm demonstrado o que pensam desta Ministra, ou se se ficaram pela pompa dos anúncios de Sócrates, onde tudo no ensino básico está coalhado de aulas de inglês, computadores “Magalhães” e maravilhas incontáveis.


Digo eu...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mais condecorações...




Mais uma vez, sou agraciado com o Prémio Dardos, desta vez entregue pelo blog Catarse.
Com o Prémio Dardos se reconhece o valor que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc. que em suma demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras, entre as suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à web.

Como se não bastasse, chega-me também, desta vez de Terras de Vera Cruz, o selo “Olha que Blog Maneiro!”, oferecido pelo blog Manual do BigBoss, em mais uma confirmação da internacionalização do Cantigueiro. :-)))

Agradeço aos dois a simpatia e como é costume cá na casa, os destinatários destes prémios são todas as amigas e amigos (interessados) que constam da minha lista de blogs.

Entrem e sirvam-se à vontade.

Adenda: Entretanto descobri que a amiga Kaótica do blog O Pafúncio, também me ofereceu o Prémio Dardos. Obrigado!

Tomar medidas




O Ministro da Justiça manda retirar caixas Multibanco dos Tribunais.

Provavelmente é a resposta “musculada” do Ministério dirigido pelo Doutor Alberto Costa à série de assaltos que as referidas caixas sofreram nos últimos tempos, pondo a ridículo a segurança dos nossos tribunais.

O Sindicato dos Funcionários Judiciais acha que é uma medida ridícula... e acha muito bem, pois já que os cidadãos se habituaram a contar diariamente com o sistema Multibanco para levantamentos de dinheiro, pagamentos urgentes e toda a sorte de outras operações, tem toda a lógica que se possa aceder a este serviço em tribunais, repartições de finanças, etc, onde nem sempre se pode esperar para estar aos balcões para utilizar os terminais aí existentes, se os houver e onde não me parece que seja possível levantar dinheiro, fazer consultas, transferências, "carregar" um telemável que está mesmo a ser necessário... e por aí fora.

Os representantes do Sindicato dizem ainda que a coisa certa a fazer seria reforçar a segurança nos tribunais. Dizem muito bem, só que estamos a falar de um Governo, que para “reforçar” a dita segurança, mandou instalar na entrada de alguns Palácios da Justiça máquinas detectoras de metais, para impedir a entrada de armas, mas que colocou a tomar conta das benditas máquinas (quando estão ligadas) funcionárias administrativas que, perante o já confirmado grande número de indivíduos que tentam entrar armados, na esmagadora maioria, com armas ilegais, não têm poderes nem para os identificar, nem deter, nem sequer apreender as armas... apenas podendo esperar que os tais indivíduos não levem muito a mal a chamada de atenção. Estamos, portanto, a falar de um Governo e de um Ministro da Justiça ridículos, que obviamente tomam medidas ridículas.

Não quero estar a dar ideias... mas se começarem a retirar também as restantes caixas multibanco do país, os próprios bancos, as bombas de gasolina, ourivesarias, minimercados, tabacarias, lojas de bebidas... sei lá... dentro de algum tempo poderíamos ter a totalidade do território nacional completamente terraplanada, sem uma única coisa minimamente assaltável e logicamente, passaria a só haver assaltos em Espanha.

Pensem nisso, Srs. Ministros!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Intervalo




Neste Domingo, não havendo nada de realmente novo para comentar, não vale a pena repisar as estórias de mais de trinta anos de políticas feitas "à medida", recheadas de Decretos-Lei e pareceres que possibilitaram grandes negócios, negócios que criaram grandes lugares, lugares que aos longo dos anos têm vindo a ser ocupados pelos políticos que imaginaram esses mesmos Decretos-Lei.
Não vale a pena repisar as estórias dos dirigentes e seus amigos, que vêem na Coisa Pública, não um serviço aos cidadãos, mas sim uma espécie de Plano de Poupança Reforma pessoal.

Não vale a pena falar da saúde, da educação, do emprego precário, do desemprego, da falta de confiança, dos corredores de promiscuidade entre gabinetes governamentais e grandes grupos económicos, da memória “selectiva” do Primeiro Ministro, da arrogância, da miséria, de Gaza, do Obama, do mundo.

Hoje, e pelo menos até que o dia avance um pouco mais, fico com a inquietante sensação de que existem pessoas, demasiadas pessoas, para quem nada disto conta verdadeiramente. Eu explico. Nas cinco ou seis idas ao café aqui da esquina, neste Sábado que agora mesmo acabou, acho que fiz o pleno. Em todas as vezes havia, como há sempre, conversas de fundo, mas desta vez, sem uma única excepção, discutia-se o empate do Benfica, o não sei o quê do Porto, aquele tipo do Sporting, o Mundial de Futebol para Portugal e Espanha, que é muito bom para Portugal (suponho que também para a Espanha) para dar “lá fora” uma imagem de não sei bem o quê... e mais nada. Desta vez, nem cusquices, nem novelas... nada. Só bola!
Dei então por mim a lembrar-me desta pequena (e ternurenta) estória doméstica, que essa sim, quero partilhar convosco.

   ***

Como era costume todas as noites, lá estava ele na sala, sentado na sua cadeira privativa, com uma garrafa de cerveja ao lado e o aparelho de televisão à frente, aparelho esse, que desde o advento da Sport TV1, Sport TV2, RTP Memória e mais um ou outro canal, conseguia o prodígio de ter sempre, a qualquer hora do dia ou da noite, um jogo de futebol para transmitir.

No intervalo do jogo, o anúncio de um futuro documentário sobre a eutanásia, feito com recurso a algumas imagens e informações chocantes. Gritou para a cozinha:

- Querida...

- ...

- Se algum dia eu ficar assim, feito um vegetal, não quero que me deixem nesta situação... cheio de líquidos esquisitos e totalmente dependente de uma máquina!

- ...

- ESTÁS A OUVIR?

Ela entrou serenamente na sala, tirou-lhe a garrafa de cerveja e desligou-lhe a televisão.

   ***

Bom Domingo!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Calçar ou não calçar as luvas, eis a questão!




Então vocês não querem lá ver que ainda vamos mesmo ter eleições antecipadas?!

Náá!!! Isso era se esta grande vergonha que dá pelo nome de "Caso Freeport" estivesse a acontecer num país "normal". Com os documentos, gravações de telefonemas, testemunhos e demais lixarada que está a saltar para a praça pública, já várias pessoas se tinham demitido para ajudar a investigação e limpar o seu bom nome.

Aqui não. Aqui dá apenas uns dias desta náusea... e depois passa. Ou não...(???)

Ah... e se tivesse um tio como o de Sócrates... rifava-o! T'arrenego!!!

É muito cansativo!




Devo começar por informar que qualquer folha de papel que traga o selo “Investigação Sol”, independentemente do que lá tenha impresso, é (para mim) sempre uma forte candidata a ir fazer companhia às restantes colegas do inefável semanário, no lixo.

Quero com isto dizer que não dou dez cêntimos por esta estória do “Freeport”, nem ao contrário, pela transparência e seriedade de alguns dos que alguma devem ter feito para aquilo “avançar” naquela altura, assim como não dou cêntimo nenhum pela alegada “má gestão” do Santana Lopes, na Câmara de Lisboa, em 2003, que também só se “soube” agora, nem pela possível “boa gestão”.

O que é já muito, mas mesmo muito cansativo é esta espécie de fado canalha da gestão de baldes de lama, que uns e outros, neste miserável “centrão” a fugir para a direita, têm sempre de reserva na gaveta, com podres de uns e de outros, mas que raramente se vêem à luz do dia quando acontecem. Estão sempre reservados para aparecer como novidades, em vésperas de acontecimentos importantes, ou, como é mais comum, como arma de arremesso contra candidatos eleitorais.

Se repararmos bem, depois nada se prova, os enlameados sacodem a lama e sobretudo, passada a eleição (vitoriosa ou não),nunca tomam qualquer atitude contra quem os enlameou. A promessa de “arma atómica” de uns, evita o disparo de armas iguais dos outros... e lá vão, catando mais lixo e “informações” uns sobre os outros e os outros sobre todos, para quando for preciso.

É muito cansativo assistir a este espectáculo e sobretudo bastante humilhante, esta sensação de impotência com que se chega ao fim de mais um dia em que se constata que tantos sectores da nossa sociedade (neste fustigado país de Abril) estão como sempre têm estado, nas mãos de verdadeiros bandos de delinquentes.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Avaliação




Segundo oiço nos noticiários, muitas crianças, lá para o Norte e interior do país, não têm aulas porque a neve e o gelo nas estradas e caminhos, não os deixam chegar às escolas. Culpa dos deuses!...

Oiço igualmente que muitas,  por lá e por toda a parte, embora podendo chegar às escolas, não conseguem aguentar-se lá dentro (tal como os professores), porque faz o mesmo frio que na rua e chove nas salas de aula. 

Avalie lá isto, sua... "Ministra da Educação"!!!

Perguntar, pode-se, digo eu...







Ponto prévio: Aborrecer Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho de Ministros, seja em que circunstância for, é uma coisa má, além de muito feia!

Animados pelo espírito desta ideia fundadora de qualquer “democracia” que se preza, os representantes da nossa justiça, decidiram levar a julgamento oito cidadãos portugueses. A saber, uma estudante do ensino secundário, três activistas utentes de transportes e quatro sindicalistas. Ao que parece, para além de cometerem sem nenhuma espécie de pudor o que foi referido no ponto prévio, fizeram-no, pasme-se, sem prévia autorização!

O "crime" foi cometido em 2006. Pouco tempo depois, foi mandado arquivar pelo Ministério Público, só que entretanto, alguém que pelos vistos manda mais, ordenou que fosse reaberto, que os "criminosos", meses e meses depois dos acontecimento, fossem identificados e levados a julgamento.

Sim... já se sabe que manifestações, só com aviso prévio e licença do Governo Civil... mas os réus afirmam que aquilo foi uma manifestação espontânea, que se fosse uma coisa organizada pelos sindicatos não teria (como teve) apenas umas dezenas de pessoas a contestar Sócrates... que existe o direito à manifestação... que a liberdade de expressão é sagrada...


Estou quase devidamente esclarecido. Digo “quase” porque há duas coisas, menores, sem dúvida, que me estão a atazanar. 
Dado que nestas aparições de Sócrates, paralelamente às eventuais manifestações de contestação há quase sempre (como foi o caso na “manifestação” em causa) um grupo de cidadãos que apoia, ovaciona e dá vivas ao chefe do Governo, gostaria de saber:

1. Em que dia é que esses cidadãos deram entrada no Governo Civil de Braga, com o pedido de autorização para a sua manifestação de apoio a José Sócrates e quando é que essa autorização foi dada?

2. Se nada do citado no ponto anterior se tiver verificado, porque é que nenhum desses apoiantes e admiradores do Primeiro Ministro está ( como estão os contestatários) a ser julgado pela prática do acto de “manifestação ilegal”, ou para lhe chamar o mesmo que os acusadores,  "crime de desobediência qualificado"?

Com um pedido de desculpas...

...pelo mau "ambiente" que ficou no ar depois do post anterior. Entrem, sentem-se, respirem fundo, estejam como em vossa casa... mais logo conversamos.













E então? Não é muito melhor do que aqueles ambientadores marados?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Bye Bye, George W. Bush!



Agora com o Albino é que vão ser elas!...



Imagem indecentemente desviada quando o "wehavekaosinthegarden" não estava a olhar.


Como um leitor (João Carlos) comentou e bem, no post anterior, a RTP Canal 1, no seu Telejornal das 20:00h, levou cerca de meia hora para conseguir um espacinho no seu alinhamento de notícias, onde encaixar a greve nacional dos professores.

Não contente com isso, quando falou, foi para papaguear de uma forma completamente amorfa, as posições do Ministério da Educação e os seus números “martelados”, que se tornaram “oficiais” a meio da manhã, quando ainda era impossível saber quem fez ou não fez greve, dado que por todo o país, uma enorme quantidade de professores não tem nem aulas, nem sequer que comparecer nas escolas a essa hora. Claro que o número ficou oficial até à noite!

Já não há palavras que descrevam o asco que provocam, tanto a arrogância teimosa, como aquilo que parece afinal pura estupidez e incompetência tanto técnica como política para resolver este problema, em vez de o ir agravando a cada dia que passa.

De qualquer maneira, o que me traz aqui agora é a urgência de alertar os professores para um grande, grave e novo perigo que os ameaça. Este cromo albino, perdão, este cromo, Albino, que preside a uma associação de pais muito jeitosa para com a ministra, isto sempre que não está ao seu colo ou a lamber-lhe os sapatos, decidiu ameaçar os professores com os tribunais.

O Sr. Albino diz que as greves não podem privar os utentes, neste caso os alunos e pais, do seu direito de terem tudo a funcionar na escola. O Sr. Albino imagina um país em que uma greve nos transportes não deixa as pessoas sem transportes, uma greve dos padeiros não deixa as pessoas sem pão...

O Sr. Albino, a Sra. Ministra (mais os seus lamentáveis secretários) e Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho, imaginam-se a falar para um universo de professores e de cidadãos sem cérebro. Estão muito enganados!

Parabéns aos professores, por mais esta sonora afirmação da sua vontade e determinação!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Vai-te embora, melga!!!!


Em mais um dia de luta dos professores, este título é apenas uma humilde sugestão de "palavra de ordem", acompanhada, evidentemente, de alguns "materiais de apoio".



Que seja um belo dia!

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ary - 25 anos



Com José Afonso, aeroporto de Lisboa, em 28 de Abril de 74. 
Fotografia surripiada do livro "Ary dos Santos", fotobiografia da autoria de Alberto Bemfeita, editorial Caminho


Auto-Retrato

Poeta é certo mas de cetineta 

fulgurante de mais para alguns olhos 

bom artesão na arte da proveta 

narciso de lombardas e repolhos. 



Cozido à portuguesa mais as carnes 

suculentas da auto-importância 

com toicinho e talento ambas partes 

do meu caldo entornado na infância. 



Nos olhos uma folha de hortelã 

que é verde como a esperança que amanhã 

amanheça de vez a desventura. 



Poeta de combate disparate 

palavrão de machão no escaparate 

porém morrendo aos poucos de ternura.


Epígrafe

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
expressão da multidão que está comigo.


Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto 

tudo raso de ausência tudo liso de espanto 

e nem Camões Virgílio Shelley Dante 

o meu amigo está longe 

e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai 

tudo calado todos sem mãe nem pai 

Ah não Camões Virgílio Shelley Dante! 


o meu amigo está longe 

e a tristeza é bastante. 



Nada a não ser este silêncio tenso 

que faz do amor sozinho o amor imenso. 

Calai Camões Virgílio Shelley Dante: 

o meu amigo está longe 

e a saudade é bastante!



De tudo o que Abril abriu 

ainda pouco se disse 

e só nos faltava agora 

que este Abril não se cumprisse.

(excerto do poema “as portas que Abril abriu”)

sábado, 17 de janeiro de 2009

Menino do bairro negro




Menino pobre o teu lar
Queira ou não queira o papão
Há-de um dia cantar
Esta canção

Olha o sol que vai nascendo
Anda ver o mar
Os meninos vão correndo
Ver o sol chegar

(Excerto de “Menino do bairro negro” de José Afonso)



Pesquisando imagens sobre a Palestina acabei por, num desvio, me encontrar com este jovem pintor iraniano, Iman Maleki, pintor “violentamente” realista e com este seu quadro, “Desejo”.

O quadro fez-me voltar ao Zeca e ao seu “Menino do bairro negro”.

E assim andamos, em círculos, lutando para romper este cerco que a ganância, a selvajaria, a miséria e os criminosos que se alimentam dela, vão fazendo aos nossos desejos e sonhos, sonhos por vezes tão simples como “ver o sol chegar”.

Até um dia!...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Os Pontos Cardeais




Durante o processo de busca na Net de artigos relacionados com a recente “Aventura de D. Policarpo no Casino”, acabei por tropeçar em dezenas de referencias a Cardeais por esse mundo fora. De facto, salvo as sempre honrosas excepções, são muitos os países que se podem “gabar” de terem à frente das suas Igrejas verdadeiros “cromos”, capazes de produzir as declarações mais exóticas e destrambelhadas. Experimentem uma pesquisa no Google e vão ver...

Afinal, ao contrário do que me ensinou o saudoso Professor Queirós, nas primeiras noções de geografia que me deu na já tão “longínqua” Escola Primária do Adro, em Águeda, os Cardeais é que são uns pontos!

Um homem na cidade




A cidade

A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

José Carlos Ary dos Santos
(Musicada e cantada por José Afonso)



Fui hoje acordado às nove e tal da manhã por um amigo do Porto, dizendo que tinha gostado de me ouvir cantar Ary dos Santos, havia poucos minutos, na Antena 1. O telefonema teve vários efeitos, sendo o primeiro, lembrar-me que não devo ir para a cama às seis da manhã. Depois, que sou um grande nabo a publicitar coisas, pois o Viriato Teles bem que me tinha informado desta iniciativa da rádio pública e eu bem podia não me ter esquecido de a anunciar.

De qualquer modo, o importante não era avisar uns tantos amigos de que em tal dia e hora podiam ouvir-me a cantar na rádio, mas sim assinalar o facto de a Antena 1 se ter lembrado do José Carlos Ary dos Santos no ano em que já contamos 25 anos desde a sua partida, fazendo, desde terça-feira passada, duas passagens diárias de canções dele, acompanhadas de algumas palavras sobre o poeta e interpretadas por alguns dos cantores que tiveram o privilégio de gravar os seus poemas. Hoje, perto das nove da manhã era eu, com o “Llanto para Alfonso Sastre y todos”.

Esta iniciativa termina hoje, com mais uma canção que irá para o ar às 20:12h.

Independentemente do que possa vir ainda a acrescentar a esta homenagem durante o resto do ano, a Antena 1 está de parabéns pela ideia.

Os crimes "acidentais"





Nos últimos vinte dias os criminosos de guerra de Israel já assassinaram para cima de mil palestinianos, mais uma vez, na sua maioria, civis e centenas de crianças e feriram vários milhares, destruindo, de passagem, casas particulares e toda a espécie de infra-estruturas que poderiam permitir uma “espécie” de vida normal naquele lugar. Fizeram isto em “resposta” às várias centenas de rockets que foram lançados sobre o Sul de Israel nos últimos oito anos, causando doze mortos e pouco mais de cinquenta feridos. No decorrer do actual massacre, as baixas israelitas limitam-se a cerca de dez militares e um ou dois civis.

Da mesma forma que existem desequilibrados mentais que tentam convencer o mundo de que isto são números próprios de um conflito equilibrado, também não faltará quem nos queira fazer acreditar que esta destruição “cirúrgica” da ajuda humanitária foi acidental.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros como vos amei a vós..." João 13:34





Dialogar com os outros não implica ficar cego, nem parvo. Implica estar disposto a dialogar, o que traz consigo a necessidade de conhecer, entender, em alguns casos até, 
aceitar, algumas das coisas que nos outros nos parecem “inaceitáveis”. Implica ter a noção de que o processo do diálogo dos outros para connosco é igualmente difícil, mesmo espinhoso e que boa parte do que fazemos e pensamos é também “inaceitável” para a outra parte.

É de toda a utilidade, quando se fala de outras religiões, culturas e povos, saber-se com alguma profundidade do que se está a falar, para evitar essa coisa tão ofensiva e objectivamente racista, que é generalizar, metendo tudo no mesmo saco da intolerância.

Só assim, eventualmente, se chega a encontrar caminho comum e guardar as espadas que normalmente brandimos no lugar dos argumentos.

No contexto actual das relações inter-religiosas e de conflitos declarados que nos entram diariamente pela casa dentro, as palavras desastradas do Cardeal Patriarca bem podiam ter ficado a pairar no seu cérebro (pelos vistos bem mais intolerante do que queria parecer), sem terem nunca visto a luz do dia e as páginas dos jornais.

A parte em que disse que o diálogo está a dar os primeiros passos e depois, quase na mesma frase compara os muçulmanos a “lobos que andam entre os cristãos apenas a marcar o seu território”, é uma pérola de "tolerância cristã"! Quase que dá para ouvir os cavalos com os seus arreios e o estreloiçar das lanças e armaduras dos Cruzados...

Esta polémica estéril e extemporânea do Casino da Figueira, era mesmo do que estávamos a precisar agora!...

Espero bem que para manter acesa a chama da polémica, em próximas conferências que for dando pelos Casinos e Discotecas do país, o Cardeal se lembre de avisar as muçulmanas que estejam a pensar casar com os nossos “cristianíssimos” varões, para se irem preparando para o interminável “sarilho” das eventuais grandes tareias que Alá também não sabe onde acabam e para o perigo de mais tarde mandarem os filhos para a catequese e o padre ou o catequista afinal “gostar” mais de crianças do que seria suposto.

Estas conversas em tom coloquial (uma desculpa que já ouvi) o Patriarca devia guardá-las para o bar do Patriarcado. Depois, quando ficasse sem nada para dizer, alugava um DVD, passava as noites sossegado e assim se evitavam estes alaridos.

Debate sobre a saúde que é preciso ter para o suportar...




Vendo algumas partes (apenas partes, que eu não sou de ferro) do debate quinzenal na Assembleia, com o Primeiro Ministro, chego à conclusão de que por vezes será necessário ser-se senhor de uma firme convicção democrática, para suportar pacificamente as mentiras, a propaganda, as poses, as carinhas e as tiradas do Senhor Presidente do Conselho. Isso... e um estômago muito resistente, ou bem prevenido!

Como número de circo extra, ficamos igualmente a saber pela voz do caceteiro Augusto Santos Silva, que pelo facto de um qualquer zelota, no tempo do governo PSD/CDS ter incluído um texto de Bagão Félix num concurso do Instituto do Emprego, isso torna legítimo que agora esteja lá novamente (noutro concurso) um discurso, desta vez de Sócrates, para ser estudado pelos candidatos.

É uma espécie de lei consuetudinária para idiotas. Brilhante!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sempre à espreita




O chamado “politicamente correcto” é o paraíso da mediocridade. O “politicamente correcto” é o cemitério da criatividade, da originalidade, da liberdade.

Os politicamente correctos têm opinião sobre tudo. Sabem como devemos vestir e de que marcas devem ser as roupas, onde fumar ou não, o que devemos comer e não comer, o que devemos ver na televisão e nos cinemas, que livros são os “melhores”, quais os jornais de "referência", como educar os filhos, que partidos, ideias e causas são aceitáveis, etc, etc.

Os politicamente correctos ofendem-se ruidosamente, sempre que lhes denunciamos os tiques autoritários e fascizantes.

As opiniões dos politicamente correctos nunca são apenas opiniões, mas sim leis absolutas e universais. Que o diga este jovem casal inglês que, impossibilitado de ter filhos, tentou adoptar. Apesar de o relatório médico dizer que o homem é uma pessoa saudável, o casal foi impedido de se candidatar à adopção porque... ele tem excesso de peso.

Há sempre um dia em que os politicamente correctos pisam o risco e se transformam em “rebentos do nazismo”.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

I love Sócrates!




Se eu vos disser que a partir do mês que vem os funcionários públicos serão obrigados a usar nos locais de trabalho uma T-shirt com a frase "I love Sócrates", vocês dizem que não pode ser verdade... e estão cheios de razão.

Se eu vos disser que todos os miúdos a quem foi dado ou vendido o "magalhães" são obrigados a ter a fotografia de Sócrates como imagem de fundo no monitor, vocês dizem que não pode ser verdade... e estão certos.

Se eu vos disser que o Instituto de Emprego e Formação Profissional abriu cerca de 170 vagas, para as quais fez 18 concursos e que para além de terem que demonstrar conhecimentos em várias áreas técnicas, os candidatos têm igualmente que estudar um discurso do Senhor Presidente do Conselho, sobre o programa "Novas Oportunidades", vocês voltam a dizer que não pode ser verdade... mas desta vez enganam-se redondamente!

Chefe é chefe e o resto é conversa!

Como (por exemplo) o blog "Cravo de Abril" já assinalou, também o DN volta ao assunto pela segunda vez, como podem ler AQUI.

Brilhante, não é?

Porque nem todos somos "Ronaldos"...




"Que no peito dos desajeitados
No fundo do peito
Bate calado 
Que no peito dos desajeitados
Também bate um coração."

Tom Jobim,  Newton Mendonça (e eu)


Nós, os que nascemos com dois pés esquerdos e não ficamos bem perto de uma bola nem numa fotografia, também temos direito a receber prémios. Eventualmente, podem até ser entregues por um cidadão brasileiro que não seja o Pelé...

No meu caso, recebi este prémio do nosso amigo Caim, do blogue “Livre acção”, que me dá a honra de ser leitor atento do “Cantigueiro”.

Agora, devo falar de 6 características minhas...

- Fico sem jeito quando recebo prémios de blogues.
- Canto, mas não canto por cantar
- Escrevo, mas não escrevo por escrever
- Leio mas não leio por ler
- Vivo, mas não vivo por viver
- Amo e luto porque sim!

Como é já um hábito, quando chega a altura de passar o prémio a outros blogues, quebro as regras e a corrente e deixo à vontade dos amigos da casa levarem-no e usarem-no a seu belo prazer.

Adenda:
Tinha-me esquecido das regras... e de uma "característica"...

1. Estabelecer um link para a pessoa que te indicou.
2. Escrever as regras do meme no seu blogue.
3. Contar 6 coisas aleatórias sobre si.
4. Indicar mais 6 pessoas e colocar os links no final do post.
5. Informar as pessoas que indicou.
6. Informar os indicados quando publicar o seu post.
(Assinaladas a vermelho estão as tais regras que nunca cumpri... peço desculpa!)

Assim não há condições...






De vez em quando acho alguma graça ao Mário Crespo e até ao Alberto João Jardim, embora este, quando tem tempo para se preparar para estas aparições na televisão, pare de beber durante uma horas e perca a piada quase toda.

De qualquer maneira, o que eu quero dizer é que nunca mais vejo entrevistas de ninguém com este meu jovem parceiro. É que não me deixou ouvir rigorosamente nada!...

Alguém me diz se o homem falou alguma coisa de jeito?


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Se calhar ela até os provocou, senhor doutor juiz...







Portanto, ficam todos os potenciais violadores informados de que é do seu maior interesse consumarem as violações rapidamente, violarem tudo o que tiverem de violar, desde que não saiam do mesmo sítio e cuidarem de que tudo seja feito apenas numa única sessão. Igualmente muito, mas mesmo muito importante: certificarem-se de que não estão efectivamente a violar a mulher ou a adolescente, mas sim a “aproveitar-se dela”.

Agora até podem tentar convencer-me de que este ou estes juízes produziram esta bela porcaria de resolução mais a argumentação que a justifica, ancorados na lei. Não quero saber! É idiota e os “argumentos” são praticamente tão criminosos como o crime.