sábado, 21 de março de 2009

Bico calado!!!






Este país está a ficar muito estranho!

Na sequência do post anterior e do comentário do “do Zambujal”, que termina dizendo “Ainda dizem que não há sinais fascistóides por aí à solta...”, como a minha sorte ou azar manda que mesmo não estando a ver televisão, se por acaso passo pela frente de uma que esteja ligada ela quase sempre se encarrega de me atirar com qualquer coisa para me irritar, ontem ao fim da tarde a coisa lá se repetiu.

A estória conta-se depressa. Para enquadrar o enredo, há uns dias, numa conferência de imprensa do treinador do Benfica, o senhor Quique Flores, este resolveu exercer o seu desportivismo, elogiando o treinador do Sporting, o senhor Paulo Bento, enquanto jogador (que conhecera ainda em Espanha), como treinador e como ser humano, defendendo o colega de trabalho vítima de, como disse, um acidente, naquela coisa estranha dos 12 a 1 com os alemães e animando-o a levantar a cabeça e segui em frente.

Saltando para a tal estória de ontem, estavam muito bem, exactamente o Quique Flores e o Paulo bento sentados lado a lado, dissertando sobre a final da Taça da Liga, quando no final, a parte que eu apanhei “en passant”, um jornalista perguntou ao Paulo Bento qual era a sua reacção às palavras que o Quique Flores tivera para com ele...

Momento de hesitação, vozes em surdina, o jornalista da estação que eu estava a ver diz qualquer coisa como “parece que a liga não quer...”... mais uns olhares dos treinadores, Paulo Bento remata com uma frase de despedida e o “meu” jornalista encerra o directo, confirmando: “A Liga proibiu aquela pergunta!”

E perguntam vocês: Olha lá! Agora deste para ligar ao futebol? Ao que eu respondo: Não... mas adoraria que no meu país, o ninho de ratos e grunhos vários que é a Liga de Clubes, não tivesse poder para proibir uma pergunta, numa conferência de imprensa e que uma sala recheada de “jornalistas” não ficasse calada perante o acto.

E é tudo! A estória acabou assim. Ao jornalista foi proibido perguntar, ao treinador do Sporting, foi proibido responder... e ninguém disse nada.

Não parece muito importante, pois não?

10 comentários:

Nuno Góis disse...

Vá-se lá saber os perigos escondidos por trás de tal pergunta...

Maria disse...

A directa e objectiva censura começa pela Liga, é?
Estamos mal, muito mal.

Abreijos
(e não anreijos, como escrevi há bocado...)
(ah, e onde está bai, é baixa)
:)

Anónimo disse...

É importantíssimo, é sintomático com risco de se tornar epidémico.
Eu, que ligo ao desporto em geral e ao futebol em particular, mas vejo pouco televisão, fiquei com os cabelos em pé ao ler o teu post!
É a ideologia da competitividade e da produtividade aplicada universalmente e veiculada pelo que mais directamente chegue às pessoa, num apelo à agressividade, estimulada e alimentada por facínoras, usando todos os meios como a censura. É assustador.
Grande abraço para ti... e para o teu serviço público!

Fernando Samuel disse...

Não, não parece importante... mas é quase inacreditável...
Ao qu'istochegou!...

Um abraço.

Pisca disse...

Desculpem, mas ver "sinais fascistoides", numa tirada pateta de um dito "assessor de imprensa", da taça das carícas, é começar a vulgarizar as coisas e correr o risco de banalizar os reais perigos.
O pobre do rapazinho tinha um guião a cumprir e tentou o melhor que podia e sabia, pelos vistos pouco.
Quanto à conversa do futebol, aquilo é sempre chapa 3 e "tá a andar", também quem anda lá a fazer perguntas, anda a fazer pela vida, pago a recibo verde e desejando sempre passar o do mês seguinte, salvo excepções.
Deixemos o assunto no seu devido lugar, a tirada foi infeliz, mas foi o que se arranjou.

Anónimo disse...

Assim se vê como vai a censura.

duarte disse...

alguém viu o meu sapato?
abraço a atirar sapatos(aos cães claro)

João Carlos disse...

como sempre uma pergunta pode ser muito incómoda.
Percebeste agora que o futebol é por assim dizer um mundo à parte, digo eu.

As regras e os personagens são do tipo fascista mas com todas as letras.

Em tempos, ouviste falar num célebre caso de um jogador, que de momento nao lembro o nome, que só conseguiu que fosse reconhecido o seu direito de mudar de entidade patronal (clube desportivo!), depois de uma tremenda batalha
judicial, que obrigou a própria CEE a reconhecer que mesmo um jogador de futebol é um trabalhador, e que como tal é um individuo que exerce uma actividade por conta de outrem e que recebe uma retribuição, e que assim sendo tem direito a que a qualquer momento, respeitando os prazos legais, possa rescindir o seu Contrato de Trabalho?

Isto para não falar de outros escândalos tipo tráfico de influências, negócios escuros com Autarquias e por aí fora, que ainda persistem.

Daniel disse...

Hoje consegui aqui chegar sem dificuldade. Mas com frequência o blog não abre, e a Internet fica-me bloqueda. Caso estranho, que gostaria de saber se acontece a alguém mais. Claro que não se trata de censura, isso sei, mas até vem a propósito de calar bocas, como no caso (eu ouvi em directo) da Liga a que ninguém deveria ligar.
Isto, meus amigos, é mesmo assim. Quando um povo perde o respeito, não o perdem os homens apenas quanto às senhoras, nem os alunos aos professores, nem... nem... nem... Quando há falta de respeito, de honestidade, do que quer que seja, a chaga torna-se geral. Haverá por aí, salvo as honrosas excepções, algum coisa que funcione honestamente?
Ai que saudades do futebol de antigamente! Ai que saudades deste povo de antigamente!

samuel disse...

Nuno Góis:
Nunca se sabe...

Maria:
Começa em toda a parte em que exista um imbecil que acha que pode...

Do Zambujal:
É exactamente isso. Aquilo tem objectivos.

Fernando Samuel:
É assim que estas coisas “pegam”... não parecendo importantes.

Pisca:
Não, meu caro! Eu não vejo fascistas em todo o lado... e nem moinhos nem gigantes. Tenho o vulgaríssimo hábito de ver o que “lá está”. Neste caso, o que “lá está” é o triste espectáculo de alguém, dirigente da Liga, achar que pode proibir esta ou aquela pergunta e uma molhada de jornalistas que não foram capazes de lhe dizer que não pode, não senhor!
Não há aqui nenhuma vulgarização nem banalização dos “reais perigos”, amigo.
O “real perigo” é um somatório de pequenas coisas que tendemos a achar pouco importantes, até já ser tarde!...

Antuã:
Uma espécie de treino...

Duarte:
Encontra-o, encontra-o...

João Carlos:
Comportam-se como se vivessem num mundo à parte e, salvo raríssimas excepções, com total impunidade.

Daniel:
Saudades do desporto? Ainda há por aí... sobretudo fora do futebol profissional, em tantas modalidades realmente amadoras.


Abreijos colectivos!