terça-feira, 16 de junho de 2009

Delinquente




“Uma coisa perigosamente parecida a um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália. Esta coisa, esta enfermidade, este vírus ameaça ser a causa da morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não conseguir arrancá-la da consciência dos italianos antes que o veneno acabe por corroer-lhes as veias e destroçar o coração de uma das mais ricas culturas europeias.”

Começa assim um texto escrito por Saramago e carinhosamente dedicado a essa grande figura do “fascismo pimba” que é Sílvio Berlusconi, texto de que apenas aqui colei este excerto, mas que podem ler, na íntegra, dando um salto até ao “O Caderno de Saramago”.

Na revista “Visão” desta semana, quem quer que seja que lá tem uma rubrica a que chama “mais & menos”, resolveu colocar o Saramago no extremo da classificação negativa, alegando que ele pisou o risco e se excedeu, ao chamar delinquente (lá mais para a frente no texto), mas sobretudo, “coisa”, ao milionário italiano.

Está carregado de razão! Desde há uns dias, várias “coisas” cá em casa não param de protestar por terem sido, de uma forma tão infeliz, comparadas com “aquilo”.

14 comentários:

SMV disse...

De igual modo na "sábado" tece-se um comentário num artigo de opinião ( Nuno Rogeiro, pág. 58)) que se encarilha pelo da "visão"...de uma pobreza de espírito notável, e uma redação patética. Custa-me transcrevê-lo, mas só para satisfazer alguma curiosidade aos que não leram, note-se a imbecilidade da "coisa":
"...a Itália sobreviverá a berlusconi como o rectângulo sobreviveu a Saramago" (????); "...texto de saramago recheado de lugares comuns e prosa bafienta (...) quem diz o país de Verdi deve certamente também escrever a capital do móvel (...)"
Isto é de uma ebriedade!!
Mas estas "coisas" pavoneiam-se assim nas "coisas" da nossa imprensa...
bjs,
Sílvia

Anónimo disse...

Imagino que as "coisas" sejam, p.ex., o piaçaba, a esfregona, a pá do lixo...
Rui Sukva

Anónimo disse...

O último parágrafo do seu texto e as queixas das "coisas" aí de casa são um belo convite e um belo pretexto para reler o "Objecto quase" do Saramago, começando lá pelo meio, pelo conto "Coisas".

«- Agora é preciso reconquistar tudo. E uma mulher disse: - Não tínhamos outro remédio, quando as coisas éramos nós. Não voltarão os homens a ser postos no lugar das coisas.»

Vá lá. Olhem que é um bom conselho. Revisitem este livro publicado em 1978.

E dá para ... lavar as vistas ... do que lemos dos nunos rogeiros cá do rectângulo...

Maria disse...

Já tinha passado os olhos pelo texto do Saramago. E o que se me oferece dizer é "ele há 'coisas'..."

:)
Abreijos
(tenho pena que a tua agenda não permita um salto até aqui...)

salvoconduto disse...

Já agora te digo, pela imagem se pode ver que além do mais a " coisa" anda sempre bem acompanhado. Tudo família...

Abraço.

Daniel disse...

Como é que um povo, ainda que seja o italiano, habituado a mafias e camorras, elege uma coisa destas e a mantém no poder? Mais incompreensível do que o talento de Verdi.

Ana Martins disse...

Já tinha visto o texto do Saramago há uns dias e gostei bastante. Por isso há vários que se queixam tanto como o "Runo Nogeiro"... O ALberto Gonçalves tem um artigo de opinião no DN que vai pelo mesmo calibre chegando a dizer: " Não se passa uma vida a venerar Estaline e a militar no PCP em vão." Enfim... Tadinho do rectângulo!

Aristides disse...

Também eu tropecei no artigo do sociopata, digo, sociólogo Gonçalves. O título, invocando Saramago, dá-lhe logo a garantia de muitas visitas.Eu, como disse, tropecei lá, mas fui logo limpar os sapatos.
Abraço

pedrobala disse...

A editora dos livros de Saramago em Itália recusou-se a publicar o seu último livro. Naturalmente, é propriedade de Silvio Berlusconi.

Abraço

PB

Nunes disse...

Esta é uma má notícia.

Sem dúvida, estamos a viver dias maus neste planeta.

Hoje, também, recebi a notícia que
o supremo tribunal de justiça dos Estados Unidos da América, sem mais explicações, anunciou não rever o caso dos cinco heróis cubanos injustamente presos naquele país por lutarem contra o terrorismo anti-cubano, ajudado pelos governantes norte-americanos.
Os juízes acabaram por fazer aquilo que a administração Obama lhes pediu.

Antuã disse...

Dos Estados unidos à Itália, passando por alguns escribas portugueses, não faltam delinquentes.

vermelho disse...

No "Pulp Fiction" relata-se um exemplar tratamento para esses anormais: mete maçaricos e toxicodependentes...
Abraço.

Fernando Samuel disse...

Aquela coisa da Visão está cada vez mais coisa.

Um abraço.

samuel disse...

SMV:
O Rogeiro é aquela espécie de Nuno Santos da geopolítica, não é?

Rui Silva:
E o balde... não esquecer o balde...

Anónimo:
Todos os pretextos são bons...

Maria:
A minha “agenda” de Junho não dá para acreditar! Se fossem contratos para espectáculos... alugava a tua ilha por uns tempos. ☺
Depois parece que ainda vai ficar pior, mas isso é outra estória...

Salvoconduto:
É uma imagem de marca. As idades de algumas companhias é que estragam tudo...

Daniel:
Como é que se chega a isto? Praticando... praticando... Há sempre distraídos para dar lugar aos saudosistas de Mussolini, ou como por cá, aos que dizem que o que aqui fazia falta era outro Salazar...

Ana Martins:
O Rogeiro é um pobre! Já o sociopata Gonçalves, é um génio, completamente de outro campeonato.

Aristides:
É a única coisa a fazer... por isso mesmo, há muito tempo tento não pisar.

Pedrobala:
Como seria de esperar!

Nunes:
Tal como na resposta anterior... seria de esperar!

Antuã:
Está montado um verdadeiro gang.

Vermelho:
Viva a imaginação! ☺

Fernando Samuel:
Estará a envelhecer tão mal como o dono?


Abreijos colectivos!