segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Cimeira Ibero-Americana




Gostaria de poder pensar que alguém vai realmente ganhar alguma coisa com mais esta cimeira de (alguns) países ibero-americanos... para além de uns tantos empresários profissionais de cimeiras, alguns donos de hoteis de alto luxo, com as suas suites obscenas de milhares de euros por noite, os fornecedores de almoçaradas e jantaradas, etc., etc.

domingo, 29 de novembro de 2009

Os pastores de Virgílio





Os pastores de Virgílio tocavam avenas e outras coisas

Os pastores de Virgílio tocavam avenas e outras coisas
E cantavam de amor literariamente.
(Depois — eu nunca li Virgílio.
Para que o havia eu de ler?)

Mas os pastores de Virgílio, coitados, são Virgílio,
E a Natureza é bela e antiga.

12-4-1919
“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.

sábado, 28 de novembro de 2009

Detergentes




Num canal temático de televisão dedicado aos documentários de viagens e que vejo com alguma frequência, uma jovem simpática e comunicativa apresentava-me a grande cidade de Madrid. A coisa ia muito bem... até que a apresentadora decidiu dar uma pincelada de História sobre as imagens da bonita “Plaza Mayor”, contando-me que aquele ambiente moderno, cheio de juventude e esplanadas coloridas, nem sempre foi assim. Segundo ela, durante a Inquisição Espanhola, que durou quase 400 anos (uma bagatela, digo eu...), os cidadãos que não fossem bons católicos “arriscavam-se” a serem presos, acusados de bruxaria ou heresia, acabando por virem parar a esta praça... onde eram “humilhados” (???)

Não tenho dúvidas de que para qualquer “não-bom-católico”, ser atado a um poste, com uma fogueira por baixo, para ser queimado vivo e em público, devia ser uma situação, se não humilhante, pelo menos bastante “embaraçosa”.

E é assim, mesmo sem querer (ou não...), que se vão passando esponjas com detergentes branqueadores sobre este e outros passados incómodos, ao mesmo tempo que, nos mesmíssimos programas de entretenimento, em relação a outras realidades passadas (ou presentes), sobretudo quando isso “rende” e serve os objectivos da política dominante, se carrega tragicamente nas cores escuras, nos adjectivos e nos números.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Face oculta




Uma face oculta não tem obrigatoriamente que ser medonha. Milhares de pessoas vivem “ocultas” no seu anonimato, discretamente, solidariamente trabalhando para os outros sem que se saiba, sem alarde, com passos seguros e impolutos... e a cada dia que passa, mais limpas e mais belas.

O contrário da corrupção oculta não é a demagógica e estridente propaganda de “princípios, valores e transparência”, mas sim a serena lisura de procedimentos e firmeza de convicções que não precisam de anúncio público.


quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Berlusconi - Roling Stone – Rockstar



Uma revista dedicada ao mundo (e, pelos vistos, submundo) do espectáculo, a famosa “Roling Stone”, mais propriamente, a sua sucursal italiana, decidiu atribuir a Sílvio Berlusconi, o protofascista que dirige o governo italiano, o título de “Rockstar 2009”. Segundo dizem, pela sua personalidade e atitude de roqueiro.

Eu sei que este episódio caricato não explica nem justifica tudo o que se passa na vida das “superstars” por esse mundo fora, mas estou convencido de que uma boa parte daquilo que de mais estranho e negativo acontece na vida desses milhares de artistas, por vezes, pouco mais que adolescentes deslumbrados e com muito dinheiro, prende-se com o facto de uma boa parte dos órgãos de comunicação social especializados no tal mundo do espectáculo, mesmo alguns dos mais famosos, que teriam por missão divulgar e proteger os conteúdos e o génio criativo, gerindo de forma equilibrada o excesso e o acessório, mas que acabam por fazer exactamente o oposto, serem, afinal, dirigidos por idiotas. Em alguns casos, idiotas perigosos...

Este “passo” dado pela “Roling Stone” italiana, esta glorificação e vulgarização de um fenómeno mediático profundamente abjecto, tanto em termos políticos como humanos, é um bom exemplo disso mesmo!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A “verdade”, essa grande trapalhona!



Segundo o próprio Vítor Constâncio, quando há dias ele disse que seria necessário tomar medidas “no lado da receita”, o que, partindo do princípio de que o Ministério das Finanças não se financia organizando tômbolas e rifas, quer fatalmente dizer subida de impostos... a verdade é que afinal, nem disse, nem sugeriu, nem defendeu...

... e depois, foi com o coelhinho, o soldadinho, o ursinho e o palhaço ao circo... embora francamente me pareça um pouco cedo para “Fantasias de Natal”.

Vá lá! Política, só nas homilias... em vésperas de eleições... e como manda "O Senhor"!



Cumprindo o que estava anunciado, o Bispo do Porto, Manuel Clemente, esteve em Espinho, discursando nas Jornadas Parlamentares do PSD. Sim... e depois? – perguntam alguns de vocês. Depois, nada... é apenas um poucochinho estranho, se nos lembrarmos do ar perfeitamente convencido com que há dias a Conferência Episcopal declarava querer os padres fora da política. A menos que...

1. A menos que a veemente recomendação se aplique apenas aos praças e demais pessoal menor do exército da Igreja, podendo os seus “príncipes” e generais fazer política à vontade.

2. A menos que se trate de uma verdadeira emergência. Nesses casos, como por exemplo, o perigo do comunismo, um padre não só tem direito, como deve ingressar em grupos terroristas ou redes bombistas, começando a assaltar, incendiar e assassinar... tudo na graça de “deus”, como bem nos ensinou o saudoso cónego Melo.

3. A menos que a Conferência Episcopal Portuguesa ache que aquilo que se passa hoje em dia no PSD não é bem política... o que, convenhamos, até faz bastante sentido.

Agora a sério, a verdade é que a desejável separação entre a Igreja e o Estado, se não visa transformar os não religiosos em inimigos da Igreja, tão pouco deve servir para transformar padres, freiras e demais religiosos, em cidadãos de segunda, sem acesso pleno aos seus direitos políticos e à liberdade.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Insuficiências RENais



O gestor da REN, José Penedos, assim que se viu envolvido no caso “Face Oculta”, processo em que é um dos arguidos, tratou de encomendar uma espécie de auditoria à Deloitte, grande, conhecida e internacional empresa da especialidade.

O relatório aí está. A Deloitte não detecta crimes públicos na REN. Fico muito mais descansado! Entretanto, admite que "Todavia, foram assinaladas insuficiências dos procedimentos internos de contratação, em particular no plano dos critérios de selecção das modalidades de adjudicação e dos processos de tomada de decisão interna.” Aqui a porca já começa a torcer o rabo. Então muitos dos problemas que alegadamente, supostamente, hipoteticamente, poderiam envolver fumos de corrupção, não se ligavam exactamente aos “critérios de selecção das modalidades de adjudicação”, traduzindo, favorecimento de A em detrimento de B ou C e “dos processos de tomada de decisão interna”, traduzindo, falta de imparcialidade e transparência?

De qualquer modo, como quero muito ficar descansado, vou partir do princípio de que esta coisa das “insuficiências” é apenas um floreado de linguagem e que tudo está muito bem.

Como estava no Hospital de Santa Maria, onde depois daquela trágica troca de medicamentos que cegou vários pacientes, a auditoria, comentando a prática de manuseamento e distribuição dos medicamentos, apenas encontrou “não conformidades críticas”.

Como estava no BCP, quando no auge das desconfianças que levariam à queda de Jardim Gonçalves e mais tudo o que se sabe, o representante do Banco de Portugal, António Marta, depois de estudar as actividades daquele grande banco privado apenas encontrou “fragilidades do ponto de vista prudencial”.

Como a Autoridade da Concorrência, que quando foi chamada a investigar o facto de os preços dos combustíveis serem cópias uns dos outros e todas as gasolineiras fazerem subir e descer os seus preços da mesma maneira e com o mesmo timing, no que parecia uma bela imitação de cartelelização, apenas detectou "um paralelismo de comportamentos, quer pelas empresas petrolíferas, quer pelos operadores independentes".

Portanto, vou apenas presumir que todos estes auditores estudaram "português técnico" pela mesma cartilha e que, como já disse, tudo está muito bem.

Vítor Constâncio – Proposta miserável!




Se Portugal fosse um país que tivesse uma razoável independência nacional, política, económica e monetária, o cargo de Governador do Banco de Portugal seria da maior importância para a definição dessa política, no equilíbrio internacional dos câmbios, estabilidade da moeda, etc., etc. Por outro lado, o Governador, em condições normais, deveria exercer uma vigilância apertada sobre a banca e demais instituições financeiras, que, deixadas à solta, já se viu do que são capazes.

Desgraçadamente o Governador do Banco de Portugal não está, por força da União Europeia e da Moeda Única, em condições de garantir essa independência e tem feito a supervisão que lhe caberia com a miserável eficácia que se conhece, o que faz de Vítor Constâncio, enquanto Governador do BdeP, um inútil e um incompetente. Mais precisamente, o inútil incompetente mais bem pago do país.

Pele enésima vez aí o temos a decretar a contenção salarial. Para além de afirmar que, dado a inflação prevista não passar de 1, ou 1.5 por cento, os salários não poderão subir para além desses números... e ter a pouca vergonha de chamar a essa mera indexação aumentos salariais, tem ainda a desfaçatez de defender que na função pública nem o 1 por cento deve ser concedido.

Terá noção da surda desmotivação, revolta e desencanto que isso provoca em milhares de funcionários públicos e nos restantes trabalhadores, sobretudo aqueles com mais baixos salários, depois de anos seguidos a perder poder de compra?

Terá noção de quantos milhares de funcionários públicos e outros trabalhadores ganham apenas 500 euros mensais (muitos, ainda menos), sendo que um “aumento” de 1 por cento lhes dará a fortuna extra de mais 5 euros por mês?

Terá noção de que o seu fausto vencimento no Banco de Portugal daria para custear esse extraordinário “aumento” de 1 por cento a mais de 4.000 trabalhadores, todos os meses... ainda lhe sobrando dinheiro para viver desafogadamente?

Terá noção do asco?

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

João Paulo II - O distúrbio da autoflagelação



A fazer fé no que diz um dos jornais de referência das tascas, cafés e similares, o Papa João Paulo II, ou melhor, o senhor Karol Wojtyla, tinha por hábito vergastar-se para expiar os seus pecados. A informação terá sido dada por uma freira polaca às pessoas encarregadas de recolher elementos que levem à beatificação daquele cidadão, igualmente de nacionalidade polaca.

Primeiro, não sei se considere esta, como a notícia mais inútil do dia, ou se trate de entrar no espírito medieval dos castigos corporais e tente imaginar o Sumo Pontífice vergastando-se assaz, enquanto lá fora se ouve o estreloiçar das espadas, lanças e escudos dos cavaleiros, uns apenas treinando para o próximo torneio, enquanto outros partem para as cruzadas.

Segundo, já que esta tara da auto flagelação não tem tendência a desaparecer, havendo até muitos grandes empresários, gestores e outros figurões da Opus Dei que depois de dedicarem 23 horas e quarenta e cinco minutos do seu dia a lixar os outros, reservam 15 minutos para se lixarem a si próprios, porque é que estas pessoas não assumem de vez o sadomasoquismo e como qualquer outro tarado sexual, contratam as profissionais do ramo para lhes darem as vergastadas, apertarem os cilícios, cravarem-lhes os saltos altos agulha em certas e determinadas partes... e tiram isso do sistema de vez?

Cavaco Silva – Finalmente a prova de que há "escutas" no Palácio de Belém



Tanto este título como a imagem escolhida para o ilustrar, são uma espécie de fuga à tentação de dizer a sério o que penso de um Presidente da República acossado pela verdadeira enxurrada que arrasta tantos dos “sociais-democratas” seus ex ministros, ex colaboradores e amigos, à mistura com tantos outros “socialistas” que de cima a baixo da escala do poder chafurdam na lama da corrupção, dos crimes de colarinho branco, dos cargos à medida, das estórias mal contadas, das conivências e coincidência de interesses do “centrão”, das ordens manhosas para destruir escutas, dos sucessivos e jeitosos arquivamentos de processos, das suspeitas de pressões sobre jornais e televisões, etc., etc., etc.

Está de tal maneira acossado que subitamente tem necessidade de andar por aí, em escolas secundárias, publicitando alto e bom som os maravilhosos e impolutos princípios e valores morais, como a educação, a honradez, a honestidade e o falar verdade, que alegadamente lhe foram deixados pelos seus pais.

Não duvido da preciosa herança que os pais de Aníbal Cavaco Silva lhe terão querido deixar, mas é patético ver o Presidente possuído por este pânico real de que isso possa não se notar...

domingo, 22 de novembro de 2009

Ary dos Santos - E agora, então, uma coisa boa...



Quanto mais não fosse para não deixar este domingo entregue a uma figura histórica tão “soarez”, demos um salto à Rua da Saudade, lembrando um amigo, que para além de ir “morrendo aos poucos de ternura” ainda tinha tempo e forças para ser o enorme autor de canções que foi e, de todos nós, o que melhor cantou Abril. José Carlos Ary dos Santos.

Ainda bem que, independentemente dos estilos e do “acerto” com que é feito, agora é uma coisa tão natural pegar nas canções de uma grande figura que já nos tenha deixado e trazê-las para o nosso convívio, vestidas de novo, cantadas de fresco.

Desta vez foi o produtor Renato Jr. que resolveu atirar-se de cabeça a uma bela selecção de canções do Ary, quando se assinala a passagem dos 25 anos da sua morte. Para as cantar, convidou a Luanda Cozetti (Couple Coffee), a fadista Mafalda Arnauth, a “roqueira” Viviane e a cantautora Susana Félix. Pelo que já ouvi do trabalho, a minha adesão a cada uma das faixas, opções de arranjo musical e de reinterpretação é, digamos, bastante desigual... o que não é grave, visto o disco não ter sido criado para mim em particular, estar muito bem feito e produzido, ser, decididamente, um disco a comprar e ouvir e, para o que interessa ao post de hoje, esta versão da “Canção de madrugar” ser a melhor que ouvi nos últimos (muitos) anos.

Tal como nas suas próprias canções, quanto a mim do melhor que se está a fazer na música ligeira portuguesa, a serena intensidade da voz e da “atitude” da Susana Félix é um grande trunfo deste vídeo, também ele, feliz.

Bom domingo!

"Canção de madrugar" - Susana Félix
(Ary dos Santos / Nuno Nazareth Fernandes)

Mário Soares – Bobo da cortelha


(Isto não é uma tentativa de fazer com que Soares tenha graça. Não tem! Foi apenas um pretexto para treinar no "Photoshop")

Ao mesmo tempo que os agentes da justiça, não por acaso aqueles que melhor se têm comportado neste triste caso “Face Oculta”, em Aveiro, requerem para o processo a classificação de “especial complexidade”, com o objectivo de conseguirem gerir uma investigação com tantos implicados e sobretudo, com tal “visibilidade”, o inesquecível Mário Soares, vem à dobra dos mastins do PS que já se encarregaram de insultar e enxovalhar publicamente a justiça e os seus profissionais, classificando um caso de simples corrupção e banditismo de colarinho branco como “espionagem política”. Vem à dobra, para dar o seu contributo de entendido na matéria, classificando todo o caso como “um caso comezinho”.

Entende-se perfeitamente que quanto mais se desviarem as atenções do que se passou realmente, ora desvalorizando tudo, como Soares, ora mudando o objecto das suspeitas, como pretendem o fiel Vieira da Silva, o caceteiro Augusto Santos Silva e outros, ao chamar ao caso “verdadeira espionagem política”, ou “tentativa de assassínio do carácter de Sócrates”, mais ficará a salvo (no seu pobre entendimento) a imagem do Partido Socialista e do chefe. O grande problema é que o truque é já muito evidente, começando a aguerrida “defesa” a produzir exactamente o efeito oposto ao pretendido. Ficam duas ideias:

1. Depois de anos de estórias tão mal contadas e nunca esclarecidas, envolvendo precisamente aspectos do carácter do Primeiro Ministro, vir falar em “tentativa de assassínio de carácter”, faz tanto sentido como condenar a “caça aos gambuzinos no período de defeso”.

2. Ao contrário de outras figuras públicas igualmente deploráveis, mas que com o passar dos anos vão vendo amenizar-se no esquecimento colectivo os erros que cometeram, Mário Soares, quase diariamente, acrescenta motivos para que milhares de portugueses se lembrem dele...

sábado, 21 de novembro de 2009

Uma noite na ópera



Há muitos anos, em Lisboa, estava Vasco Santana acompanhado por alguns companheiros do teatro, esperando na estação de Santa Apolónia pelo regresso do (então jovem) Henrique Santana, que tinha ido ao Porto para tratar de alguns pormenores da tournée da companhia teatral ao Norte.

Durante a espera foi “descoberto” por um admirador que resolveu meter-se com ele. “O senhor Vasco Santana está um bocado mais gordinho!” todos tentaram disfarçar... “É que está mesmo! Veja-me só esta bela barriguinha...” e Vasco Santana, não podendo fugir mais ao assunto nem ao admirador, “O que é que hei-de fazer, meu amigo... estou à espera de um filho!...”

É exactamente o que responderei se alguém resolver implicar com a minha barriguinha, esta noite, enquanto estiver à espera que um dos meus filhos, que foi convidado há pouco tempo a entrar para o Coral de São Domingos, faça a sua estreia absoluta e mundial... neste espectáculo de Ópera.

Mas agora, barriguinhas à parte, é ou não é interessante esta cadência de programação cultural em Montemor-o-Novo?

Luís Figo (rante)?




A forma tão pouco escrupulosa com que uns e outros lidam com o segredo de justiça, por um lado, ou o teor das notícias, por outro, levam a situações de verdadeiro lamaçal, como este, em que se garante, numa hora, constar das escutas às conversas de Vara com Sócrates, uma combinação para forjar uma engenharia financeira que permitisse pôr uma empresa pública a pagar a Luís Figo um “apoio” partidário a Sócrates e ao Governo... e na hora seguinte ver Luís Figo negar tudo e ameaçar com processos os que divulgaram a alegada escuta.

Infelizmente, até tudo estar esclarecido, somos obrigados a dar o mesmo crédito a qualquer um dos lados da contenda. De um lado os jornais, no seu direito de informar, do outro Luís Figo, no seu direito a chamar às notícias uma calúnia.

Claro que a internacionalmente conhecida cegueira de Figo por dinheiro, neste caso, segundo se escreveu, 75.000 euros, e a não menos conhecida mania de Sócrates de ter figurantes pagos nos seus actos de propaganda partidária e governamental, não ajudam por aí além...

Espero que Figo ganhe a causa. Se pelo contrário a estória for verdadeira, terei sincera pena. Gostaria que desta vez o enorme jogador de futebol Luís Figo tivesse apoiado alguma coisa... apenas e realmente por convicção.

O maravilhoso mundo secreto da vida das rolhas





Este podia ser o título de um documentário sobre a vida dos boys & girls dos partidos do poder, que, quais pedacinhos de cortiça, vão flutuando entre eleições ganhas e eleições perdidas, sempre garantindo um tacho aqui, um cargo ali, independentemente daquilo que estão, ou não, habilitados para fazer.

É o caso brilhante da nossa já aqui e aqui antes falada Sónia Sanfona, jovem “socialista” extremamente disponível, que num espaço de meses vimos como deputada do PS, relatora (???) de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (com o brilhantismo que se viu), candidata a presidente da Câmara de Alpiarça nas últimas eleições, as quais perdeu para a CDU. Como o lugar de vereadora da Câmara não estava à altura do fulgor das suas capacidades, ei-la nomeada pelo Governo de Sócrates para o cargo de Governadora Civil de Santarém!

Não há muito tempo, os Governadores Civis eram figuras respeitadas pela generalidade das populações dos seus distritos, pelo seu passado e obra feita enquanto políticos, intelectuais, ou profissionais de alta craveira nas mais diversas actividades. Muitas vezes a comunidade nem sequer tinha a percepção das suas simpatias partidárias, mas sim da sua envergadura enquanto figuras públicas de qualidades reconhecidas. Agora, pelas mãos incompetentes de José Sócrates, que fazem singrar à sua volta exércitos de gente suficientemente incompetente para não fazer sombra ao chefe, temos “governadores civis” meros boys & girls do partido. Chegámos à era das “sónias sanfonas”.

Porque o governo de Sócrates já não respeita nada nem ninguém?

Porque o cargo de Governador Civil, efectivamente, já não vale nada?

Porque é urgente voltarmos a falar da regionalização... mas desta vez, a sério?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Mário Barradas (1931-2009)


Mário Barradas acompanhado pelo encenadorr Joaquim Benite (à direita na imagem) com o qual preparava uma nova grande produção.

Mário Barradas foi um açoriano micaelense especial. Encenador e actor. Incansável, de uma energia e entusiasmo que “contaminavam” benignamente quem o rodeava. Entregou a sua vida ao teatro. Foi o pioneiro da primeira grande e séria aventura de descentralização teatral depois de Abril, criando o Centro Cultural de Évora no Teatro Garcia de Resende (hoje CENDREV), onde viria a funcionar uma também pioneira escola de formação teatral, responsável pela profissionalização de muitos jovens actores e de uma grande parte dos técnicos de teatro e demais artes do espectáculo que encontramos a trabalhar um pouco por todo o Alentejo.

Durante muito tempo e porque por vezes tenho sorte, quase sempre que ia a Évora fazer fosse o que fosse, tinha o prazer de o encontrar na rua e inventávamos tempo para um café e para pôr a conversa em dia.

Embora nos últimos tempos soubesse que era muito improvável encontrá-lo ali, continuava a ser possível... agora não será mais.

As minhas visitas a Évora serão mais tristes!

Avaliação de professores - Suspender, substituir, baralhar, pintar de fresco...




Sempre que este senhor do Porto, líder parlamentar do PSD, me aparece à frente na talevisão, começo invariavelmente por ficar à espera de que ele rape de um panfleto da “Remax” e desate a tentar vender uns apartamentos muito bons no Monte da Virgem, com vista para a antena da RTP-Porto, ou na zona da Foz, com vista para as casas dos ricos. Mas não, acaba sempre por se tratar de qualquer coisa de “política laranja”, o que vindo dele, convenhamos, é tão soporífero como seria a venda das casas.

Desta vez e durante todo o tempo que levei a olhar para o debate da tarde de ontem, esteve para ali, feito saco de pancada, a levar forte e feio do CDS, do BE, dos Verdes e do PCP, para visível gáudio da bancada do PS e de Jorge Lacão, o único membro do Governo que fez o frete de por lá aparecer para fazer de conta que debatia alguma coisa, sendo evidente que tinham previamente garantido na secretaria a vitória das suas posições, mesmo tratando-se apenas de uma encenação para salvar a cara.

Está o senhor Pedro Aguiar Branco cheio de sorte! Em qualquer colectividade de bairro, num jogo de cartas, ou no fecho de qualquer negócio na vida real, teria passado bem pior, já que a verdade é que o PSD e o senhor Aguiar Branco borregaram e teriam ouvido das boas e levado para contar, se o tivessem feito em qualquer outro mundo que não o parlamentar.

Deu pelo menos para observar alguns factos:

1. Ainda há partidos que respeitam os seus eleitores, tentando honrar o que escreveram nos programas eleitorais.

2. A senhora Ministra da Educação, ou não dá importância a estas coisas das escolas, professores e "essas porcarias", o que não me parece de todo ser o caso, ou tinha mais o que fazer, ou é evidente que não tem “pilhas” para aguentar debates com a oposição... e no futuro veremos a senhora Ministra Isabel Alçada fazer na Assembleia os discursos de ocasião, para depois as batalhas serem travadas por outros.

3. Jorge Lacão continua em forma! Não há muita gente capaz de, como ele, preencher tão longos espaços de tempo a falar sem dizer porra nenhuma... perdoe-se-me o espanhol!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Desemprego - Indicador e surpresa...



Desde que seja mantido num patamar que não provoque o caos social e a ruína irreparável do consumo interno, um nível de desemprego elevado é uma espécie de “abono de família” do patronato sem escrúpulos nem sombra de consciência social. Um forte desemprego e falta de estabilidade nas relações de trabalho são a melhor garantia de poderem impor baixos salários (um baixo salário é melhor que nenhum salário) e condições contratuais miseráveis (há sempre alguém que quer o lugar, em quaisquer condições) a um exército de “colaboradores” dóceis, aterrorizados, sem direitos, sem capacidade reivindicativa e pouca ou nenhuma relação com os sindicatos.

Daí achar que na esmagadora maioria dos casos, as lacrimejantes declarações de grande preocupação com a taxa de desemprego, por parte dos patrões e das suas organizações de classe, não passam de tremendos exercícios de hipocrisia.

Foi a vontade de dar também a minha opinião sobre este aspecto do fenómeno do desemprego, vontade potenciada pela inspiração da grande canção do Fausto, proposta pelo "Anónimo do Sec.XXI", que me levou a escrever estas linhas e “sequestrar” esta magnífica imagem da “Mafalda”, que encontrei num post publicado no “Aldeia Olímpica”.

Entretanto, descobri que a nova Ministra do Trabalho, profissional da UGT desde 1981, de onde seguiu para Bruxelas, chegando aí a número dois da Confederação Europeia de Sindicatos, em 2003, organização que (ao que se diz) se preparava para dirigir quando foi convidada para integrar o governo de Sócrates, ter-se-á confessado surpreendida pelos números do desemprego no nosso país. O currículo da ministra Maria Helena André, como se pode ver, faz dela uma verdadeira especialista em assuntos do trabalho e do emprego! Pronto... uma especialista, vá lá... um pouco distraída, mas especialista.

Sendo assim e já que “sequestrei” esta imagem, aproveito para aconselhar vivamente a sua leitura à novel governante. Desta página e, se tiver tempo, de toda a “Mafalda”. Aprende-se sempre alguma coisa!

Selecção! Selecção! Portugal! Portugal!







Nesta altura do campeonato já toda a gente se apercebeu de que eu preferiria estar num melhor lugar no ranking do emprego, ou do abandono escolar, ou do fosso entre pobres e ricos, da desigualdade entre homens e mulheres, dos cuidados de saúde, do apoio efectivo à cultura, do combate à corrupção... em vez de subir no ranking da FIFA.

Reconheço que este meu “feitio” é absolutamente minoritário. Ainda assim, mesmo não estando pessoalmente interessado em nada que tenha que ver com futebol, saúdo sinceramente os adeptos portugueses, legitimamente felizes pela qualificação para o próximo Mundial da África do Sul, conseguida esforçadamente pelos rapazes da Selecção Luso-Brasileira de Futebol.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Face Oculta



Mesmo sem fazer muito por isso, não podemos deixar de reparar, se formos seguindo as notícias, que em alguns processos mais manhosos, o grupo de advogados que se apresenta do lado da defesa é, mais coisa menos coisa, sempre igual. O mesmo clan de grandes peixes da advocacia saltita do Processo Casa Pia para o de Fátima Felgueiras, da Universidade Independente para o Apito Dourado, de todos estes para o Face Oculta.

Uma característica liga quase sempre estes processos, que é a de envolverem gente poderosa, ou pelo menos, com muito dinheiro, os únicos que se podem dar ao luxo de contratar estas vedetas dos tribunais que se fazem pagar a peso de ouro.

É evidente que todo o acusado, seja inocente ou culpado, tem direito a defesa (embora aos pobres esse direito seja garantido quase sempre de forma bastante deficiente), mas não é menos evidente que fora deste grupo dos “Sempre os mesmos” de que os Doutores Rodrigo Santiago (U. Independente) , Ricardo Sá Fernandes (Casa Pia) e Artur Marques (Fátima Felgueiras) são apenas exemplos, existem certamente dezenas... centenas de excelentes e aguerridos advogados.

Sou levado a suspeitar, dada a evidente “especialização” que alguns destes grandes advogados adquiriram, que para garantir a defesa de certos clientes em alguns destes mediáticos processos, muito para lá da competência é necessária uma qualidade extra: um grande e resistente estômago.

Urgências







A fazer fá no que se lê e ouve nas notícias, a economia portuguesa vai sofrer uma nova contracção. Pela frequência com que estão a ocorrer as contracções, já se percebeu o estado da economia... apenas falta saber quando vai parir e exactamente o quê.

É também uma incógnita se terá condições para resistir, sobretudo se continuar a ser assistida pela equipa de incompetentes que a têm acompanhado...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Prémio para partilhar...








O blog “Portugal dos Piqueninos”, reuniu extraordinariamente e decidiu atribuir o “Prémio Este Blog Deixa-nos Agarrados” a este vosso amigo.

Como há na lista de blogues cá da casa vários capazes de produzir esse efeito... e para não variar (pelo menos desta vez), em vez de nomear este e aquele, sugiro que se sirvam à vontade e façam circular este prémio simpático.

“Camões” – Por todos os cantos


Apresento-vos o “camões”. É o gato da nossa vizinha e senhoria. Desconfio que não tem a mais pequena noção de qual é a casa de quem...

Com toda a naturalidade, quase todas as manhãs bem cedo, entra pela marquise, come desalmadamente e escolhe uma mesa (de preferência com toalha), ou os pés da cama, ou um sofá... e dorme. Dorme empenhadamente até a tarde cair. Quando a noite se aproxima vai tratar dos seus assunto, até à manhã seguinte. Apenas interrompe o sono para exigir festas, muitas festas... e comer. Por várias vezes e de cada vez como se fosse a última, que me perdoe o Chico Buarque.

Já tem, sem o saber, ajudado a esquecer por momentos a miséria de seres que alguns “humanos” são. Enquanto quiser, não lhe faltará aqui casa, comida, cama e roupa lavada... sim, por vezes é exactamente nos cestos com roupa lavada que decide “morrer para o mundo”.

Talvez fosse melhor explicar exactamente...




- Dâââ!!! – comenta o empresário das sucatas de Ovar, Manuel Godinho – E o que é que eu tenho feito?!

Okay, talvez o benemérito homem dos envelopes e das prendas não tenha entendido bem o verdadeiro sentido da coisa... mas olhando para os exemplos de alguns dos protegidos e ex-colaboradores de Cavaco Silva, como Dias Loureiro, José Oliveira e Costa do BPN, etc., etc., etc.... quem é que o pode censurar?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Excelência de conteúdos



Vamos ser claros. Por muito que eu vá, mesmo sem ser lá muito bem entendido, insistindo na convicção de que José Sócrates não tem nada que ver com as alegadas trafulhices do seu ambicioso amigo Vara, que não é um corrupto implicado no Freeport nem nas negociatas da Cova da Beira, que a sua assinatura naquelas casas horrorosas da Guarda não passam de favorzecos feitos a um qualquer amigo arquitecto ou engenheiro impedido legalmente de o fazer, que a estória muito mal contada das habilitações académicas é apenas um traço típico do oportunista que se puder comprar a carta, compra, mesmo sabendo o código e sabendo conduzir... apenas para não se dar ao trabalho de ir às lições, convenhamos que não é fácil encontrar um cidadão cercado por um tal grupo de familiares, amigos e parceiros de negócios. É que não se aproveita um!... Mesmo assim, compreende-se que alguns seguidores mais fanáticos percam as estribeiras sempre que alguém toca no "menino de ouro do PS".

Vem isto a propósito da vontade que por estes dias me tem assaltado, de fechar a torneira aos anónimos que têm conspurcado a caixa de comentários. Só que depois penso que a sujeira em que uma boa parte do país se está a tornar é tal, sendo já tão difícil vislumbrar seja onde for um motivo para sorrir, que por vezes só mesmo as tristes figuras que alguns valorosos anónimos fazem para defender as cores do chefe é que ainda vão animando isto. Digo-o do coração, mesmo arriscando que eles finalmente percebam, amuem e não voltem mais...

No outro dia, tentando arrumar de uma penada décadas de luta pelo trabalho e pela terra, luta mais que documentada e de que se conhecem centenas de estórias e várias vítimas, um génio afirmava aqui mesmo que os comunistas só se interessaram pela Reforma Agrária depois do 11 de Março e que aquele patético e excepcional episódio da Herdade da Torrebela, movido a esquerdismo inconsequente e, sobretudo, encenações para as câmaras de cinema, era a matriz que definia a ideia de Reforma Agrária que se fez no Alentejo e Ribatejo. Outros, sempre de serviço ao anticomunismo internacional mais vesgo e bacoco, vão tocando as suas “cassetes” já completamente rotas. Outros ainda, nem se dão ao trabalho de argumentar nada... rosnam apenas e mordem, virtual e anonimamente, deixando uns insultos avulsos.

Enquanto a coisa não chegar a um nível de abjecção que me obrigue de facto a accionar a moderação de comentários, espero que as amigas e amigos que por aqui passam gozem o prato tanto quanto eu.

Com o nível dos ataques a atingir um tal grau de “excelência de conteúdos”, não vejo a hora de começar a ser comentado, fustigado e vilipendiado por estes dois que se seguem. A ele perguntaram se o Rui Costa ainda fazia falta à equipa de futebol do Benfica... e ninguém se pode queixar de não ficar devidamente esclarecido. A ela, perguntaram-lhe porque será que uma grande percentagem de cidadãos dos EUA não conseguem localizar o seu próprio país no mapa... e a resposta foi fulminante!



Sócrates - A Manuela? Essa ø∂†¥ que vá fazer Jornais para a £‰™® ß∂ƒ @ ≠][÷¶


Fotografia de José Sócrates, de 1986, com quase 30 anos de idade e com um ar bastante, vá lá... jovem.

Afinal o primeiro ministro, sempre tão pronto a fazer beicinho e sentir-se insultado por dá cá aquela palha, a fazer fé no tablóide 24 horas, teria aproveitado os telefonemas a Vara para, além de discutir pormenores do tal negócio da TVI que “desconhecia”, referir-se a Manuela Moura Guedes naquele “português técnico” usado pelos carroceiros depois de se esgotarem todas as possibilidades de “comunicarem” com as suas mulas pela via do dialogo. Afinal, parece que um dos embaraços que pode causar a divulgação das gravações é a revelação de que José Sócrates é um malcriadão. Presumo que só ficará surpreendido aquele pequeníssimo número de portugueses que engoliu a fantasiosa encenação do Sócrates “bonzinho e dialogante”.

Manuela Moura Guedes quer a todo o custo evitar que as escutas sejam destruídas, mas se for verdade que no meio da discussão sobre a validade, legalidade, ou importância do conteúdo, que ainda envolve as escutas que acidentalmente apanharam Sócrates, o "Supremo Juiz" tiver mesmo mandado destruir as ditas, muito asinha e convenientemente... então já vai tarde. A menos que consiga convencer Armando Vara e o seu amigo Sócrates a sentarem-se a uma mesa e repetirem para um gravador o que disseram nos telefonemas... tim-tim por tim-tim (ou Hergé por Hergé... tanto faz!).

É pena tudo isto não se passar num qualquer país longínquo, pelo qual nem tivéssemos grande simpatia... seria um fartote de riso!

domingo, 15 de novembro de 2009

Durão Barroso - "Tem muita foarça de bontade... mas falta-lhe o balôare!" *



Num regresso a um jornal já lido, tropecei novamente na “Lista dos Mais Influentes” que a revista Forbes resolveu alinhavar. São 67 figuras internacionais. Lá está Obama em primeiro, Ângela Merkel, Putin, o Papa, Hilary Clinton e lá mais para diante o próprio Bill, o “trai-larai” Lama, etc., etc... até António Guterres conseguiu um lugarzinho lá bem no fundo da fila, prémio pelo seu lugar de alto comissário da Nações Unidas para os refugiados.

Mais uma vez, mas agora em maior número, fui encontrando pela Net algumas “admirações” pelo facto de José Manuel Durão Barroso, o “importantíssimo” presidente da Comissão Europeia, nem sequer figurar na dita lista.

Compreendo a tristeza e até o incómodo tanto dos seus amigos como dos admiradores, mas gostaria de lhes lembrar dois factos:

1- A revista Forbes não é uma instituição de caridade.

2- Que eu tenha conhecimento, nunca uma lista de gente muito poderosa incluiu os seus criados.

* Frase histórica do meu amigo e artista plástico Mário Rocha... que tem muito mais graça se imaginarmos a sua fantástica pronúncia de Viana do Castelo.

Beatriz


É uma repetição esta “Beatriz” de Chico Buarque... mas não me importo.

Desta vez é aqui interpretada e encenada pela Maria João e pelo Mário Laginha, num momento absolutamente luminoso da carreira de ambos.

Bom domingo!

“Beatriz” – Maria João e Mário Laginha
(Chico Buarque de Holanda)

sábado, 14 de novembro de 2009

Ouro vermelho






O conhecido multimilionário especulador e intraduzível Joe Berardo, anda feliz! Tudo leva a crer que existe em Portugal petróleo em quantidades que justificam a exploração e o “nosso” Joe está metido de corpo e alma no negócio.

Ainda há pouco ou ouvi declarar na televisão que “vai ser muito bom para toda a gente”. Presumo então, que Berardo conhece muitos países em que o facto de existir petróleo é, ou foi, muito bom para toda a gente.

A era petrolífera Portuguesa tanto pode vir a ser um sucesso como um fiasco. De qualquer modo, todos estes “berardos” já há muito descobriram as suas jazidas de “petróleo”, o verdadeiro combustível que há gerações e gerações os faz podres de ricos. Corre nas veias dos milhões de trabalhadores que exploram... em todo o mundo.

007 - Ordem para mentir




Nesta altura do campeonato já toda a gente entendeu, mais coisa menos coisa, que as escutas em que José Sócrates foi “apanhado” eram escutas feitas a Armando Vara e aos comparsas da “Operação face oculta”. Já toda a gente entendeu que quem faz as escutas não pode adivinhar a quem o escutado vai telefonar, ou se o próximo amigo que lhe falar é uma personalidade inconvenientemente importante... logo, não consegue desligar o “escutómetro” a tempo de não gravar a conversa, seja ela com o Primeiro Ministro ou com o Papa.

Entretanto, enquanto se discute da legitimidade de uma escuta obtida desta maneira acidental, independentemente da gravidade do que lá se tenha dito, aparecem os aproveitadores, tentando explorar politicamente o sucedido. Há-os de todos os feitios e cores, mas convenhamos que esta última tentativa de atirar lama para cima da água, no fito de que se tudo estiver conspurcado será muito difícil ver seja o que for, tentativa protagonizada pelo manhoso ministro Vieira da Silva, ex ministro do Código de Trabalho e agora da Economia, é uma das mais delirantes.

Convenhamos que vir insinuar que todo este caso das “escutas ao primeiro ministro” podem configurar um caso de “espionagem política”, é do mais asqueroso e desonesto que já se viu nesta sujeira entre corruptos... e já se viu alguma coisa!...

Quanto faltará para que fiquemos a “saber” que afinal, tudo isto não passou de uma manobra da oposição e que, além disso, o pobre sucateiro de Ovar não passa de uma vítima nas mãos dos mandantes dessa “campanha negra” inventada unicamente para prejudicar essa grande figura de estadista, senhor de um passado e uma carreira irrepreensíveis, que é José Sócrates?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Pela paz que nos recusam, muito temos que lutar!



Já que hoje estou em maré de lançamentos, porque não anunciar outro? Desta vez trata-se de ajudar a lançar uma ideia “nova”: E se experimentássemos todos, em todo o mundo, viver em paz?

Como o cartaz “insinua”, amanhã estarei ali no Martim Moniz, onde espero encontrar muitas caras amigas (e caros amigos).

Há no entanto vários obstáculos que têm impedido ao longo dos séculos que a verdadeira paz aconteça e perdure. É preciso querer muito viver em paz, sinceramente e sem preconceitos. Não se pode dar rédea solta aos criminosos que lucram com a ausência da paz. A verdadeira paz dá tanta felicidade como dá trabalho a conseguir e ainda mais a manter. Não se consegue viver verdadeiramente em paz, sem antes se saber exactamente que paz se quer e sem lutar bravamente por ela, como nos diz o Zé Mário Branco neste excerto da sua “imensa” canção “Eh! Companheiro”, que compôs ainda no exílio.

“Eh! Companheiro resposta 

resposta te quero dar 

Portas assim foram feitas 

P’ra se abrir de par em par 

não confundas duas coisas 

cada paz em seu lugar 

pela paz que nos recusam 

muito temos que lutar.”

(Excerto de “Eh! Companheiro”, de S. Godinho/J.M. Branco, do LP “Margem de certa maneira”)

Uma pequena estória da História




Hoje dia 13 de Novembro, será a vez de aqui em Montemor ser também lançado o livro do António Gervásio “A Reforma Agrária é Necessária”. Será às 18:00h, no Arquivo Municipal e como tem sido costume, a obra será apresentada pelo autor e por José Casanova, em representação da Editorial Avante.

Como a História tem por vezes o gosto da ironia, este novo equipamento municipal, restaurado para ser, como o nome indica, um arquivo de toda a documentação relevante produzida no Concelho, tem também um espaço que, por compromisso assumido há anos pela autarquia com uma das Cooperativas Agrícolas montemorenses, será reservado à recolha, classificação e estudo de documentação da Reforma Agrária. Os trabalhadores agrícolas dessa Cooperativa, se não estou em erro a “Verde Esperança”, quando sucumbiram, como todos os outros, à ofensiva da contra-revolução feita a partir de sucessivos governos, desde Soares, chegados ao momento de decidir o que fazer com o dinheiro que tinham, já que como muitas outras Cooperativas liquidadas pelo Estado, esta também dava lucro, em lugar de dividirem o dinheiro entre si, decidiram oferecê-lo (e era uma verba importante) à Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, assumindo esta o compromisso de construir um Centro de Documentação e Arquivo da Reforma Agrária, para que a memória não se perca.

E qual é afinal a ironia? É que o edifício restaurado (e muito bem) para este fim e inaugurado no princípio deste ano... era a antiga Cadeia Civil.

Agora, fala-se ali de liberdade, de cultura e de História. Da nossa!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

E já irão tarde!



Já houve um tempo, na nossa imberbe democracia, em que qualquer turista menos informado seria levado a pensar que “rua” era o apelido mais popular em Portugal, tal a profusão e colorido das inscrições nas paredes, onde se podia ler “Soares rua!”, “Sá Carneiro rua!”, "AD rua!", “Pinto Balsemão rua!”, “Mota Pinto rua!”, etc., etc.

Se a actual classe política que se tem intitulado do “arco da governação” (e que bem eles se têm governado!), não começar a ver, rapidamente, alguns dos seus membros devidamente acusados, julgados e presos e se de uma maneira geral, não derem lugar a gente honesta que consiga voltar a instalar na sociedade alguma confiança, afastando do nosso dia a dia este espectro de corrupção generalizada e, sobretudo, ostensivamente impune, acredito que voltaremos muito em breve a ver as nossas ruas inundadas de inscrições com muitos dos nomes dos políticos mais conhecidos, seguidos do inevitável “RUA!!!”

Não será a demagogia do PPD (um antro...), nem da sua presidente Manuela Ferreira Leite, que se tivesse um pingo de vergonha (enquanto dirigente do partido, claro!) nem abria a boca, que ajudarão à necessária retoma da credibilidade.

Este “pas-de-deux”, ou “tango”, ou lá o que é, entre o Supremo Tribunal de Justiça e o Procurador Geral da República... tampouco.

Se Sócrates, ou alguém da máquina de propaganda do PS ressuscitar mais uma vez a estafada teoria da cabala, ou da campanha negra... ainda ajudará menos!

É que não pensam em mais nada!...


(Pároco Ortodoxo, numa atitude pouquíssimo ortodoxa, perante a nada ortodoxa posição de uma sua paroquiana)

Em cada dez documentos que a Igreja Católica (e muitas das Protestantes e Evangélicas) produzem e fazem chegar à comunidade através dos meios de comunicação social, um ou dois debruçam-se efectivamente sobre a religião. Dois ou três são ataques a um qualquer livro, filme, ou obra plástica, acompanhados pela histérica diabolização dos seus criadores. Tudo resto é, invariavelmente, dedicado a um único tema: sexo!

É que não pensam em mais nada!...

Mais uma vez, uma posição da Conferencia Episcopal gasta o seu e o nosso tempo, vociferando contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, contra o que insiste em considerar ataques à família (não se entende que ataques, nem que família), contra a educação sexual nas escolas, neste caso, apelando mesmo a uma figura algo nova, o “inconformismo cívico”.

Adaptando livremente uma dissertação sobre o mesmo tema, que ouvi a alguém num canal de televisão francês (se não estou em erro), o sexo é suposto ser, tal como a comida, uma coisa boa, saudável, que alimenta e faz crescer os seres humanos harmoniosamente e em felicidade... só que dá ainda maior prazer.

Claro que, como todos sabemos, existe gente que vive obcecada com a comida. São pessoas doentes, uns sofrem de anorexia, outros, de obesidade...
Estes dirigentes religiosos obcecados por sexo são também pessoas visivelmente doentes. Que nome terá este grave e já insuportável distúrbio psíquico?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PJ procura bruxa com gosto pela aventura. Bom ambiente de trabalho. Salário a combinar.



As gravações dos telefonemas entre Armando Vara e José Sócrates, obtidas durante a investigação absolutamente legal de que Vara vinha sendo alvo, referente ao processo de corrupção “face oculta”, poderão ser consideradas nulas, contenham elas sela lá o que for... porque tratando-se do Primeiro Ministro, as gravações teriam que ter sido autorizadas por um Tribunal Superior. Mais "jogo de empurra" ou menos "o outro que diga", parece que é isto o que se passa.

Deixa lá ver se entendi. Se a Judiciária estiver a vigiar os telefonemas de um meliante qualquer e se de repente ele se lembrar de que conhece o Primeiro Ministro desde os tempos da escola secundária, resolver pegar no telefone e desabafar com ele as provas todas de que anda metido em “certas e determinadas pequenas, médias e grandes alhadas”... as provas são nulas, porque o agente da polícia devia ter adivinhado que ele ia telefonar ao Primeiro Ministro e ir a correr pedir uma autorização a um Tribunal Superior e voltar esbaforido, ainda a tempo de poder gravar o telefonema, quando ele acontecesse...

Bela bosta de norma!

Eu quero crer que Sócrates não tem nada que ver com esta sujeira (Que diabo! O homem não pode estar metido em tudo o que é estória manhosa!...), mas preferia que ele não pudesse ver-se livre deste pequeno aborrecimento, como tantos outros antes dele, por causa de um “pormenorzinho técnico”.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Antes que seja tarde



A ver pelas notícias de fraudes eleitorais que nos chegam de tantos lugares no mundo, seria bom que se começasse a pensar em expurgar os nossos cadernos eleitorais dos eleitores-fantasmas (entre muitas outras bizarrias) que andam a assombrar as nossas eleições de uma forma que começa a ser preocupante. De preferência rapidamente, antes que estejamos novamente tão perto de novos actos eleitorais, que já não seja, mais uma vez, muito ético, estar a mexer nos ditos cadernos.

Segundo estudos divulgados, o estado de degradação dos cadernos eleitorais é tal, que começa a influenciar os resultados eleitorais, o que é absolutamente inaceitável, seja porque os níveis de “abstenção” estão a ser inflacionados em quase 10%, o que no caso, por exemplo, de um referendo, pode dar como não vinculativo um referendo que afinal o teria sido, seja nas armadilhas monumentais que falsos eleitores podem provocar, por via do método de Hondt, que é muito engraçado, mas que por meia dúzia de votos pode decidir a eleição ou não eleição de deputados, o que falseia o sentido do voto popular.

(Para esclarecimentos sobre o método de Hondt, é favor dirigirem-se directamente ao estabelecimento do Dr. Sérgio Ribeiro, que dá explicações excelentes, aqui, aqui, aqui e aqui, faz orçamentos grátis... e vai a casa.)

Uma coisa, acima de tudo, faz-me uma grande impressão. Será assim tão complexo retirar os mortos dos cadernos eleitorais... ou os institutos de sondagens não podem prescindir deles para fazerem as célebres “sondagens à boca das urnas”?

Pelo menos isso explicaria muito do que se passa com as “benditas” sondagens...

Por uma humanidade sem muros


(Muro da Cisjordânia, que continua a ser construído pelo regime israelita)

É legítimo opinar sobre a antiga RDA, mesmo que algumas das opiniões estejam erradas. É importante ter a liberdade de contar estórias sobre a antiga RDA, mesmo que uma grande parte das estórias seja muito “mal contada”.

Já é menos legítimo organizar um “muro” de propaganda realçando unicamente os aspectos negativos da vida na antiga RDA e nos restantes países chamados de leste, mesmo sendo aspectos negativos e contradições entre princípios e prática, de tal maneira graves, que levaram à derrota política de todos esses países. Claro que o fazem com o fim único de esconder uma parte importante da verdade histórica.

Os nossos jornalistas e comentadores, sempre tão prontos a tirar ilações de tudo e mais alguma coisa, mesmo quando por descargo de consciência incluem nas suas peças declarações de cidadãos da RDA, alguns mesmo declarando que não concordavam com muito do que se passava no país, mas ainda assim, defendendo, no essencial, o socialismo e dizendo sem rodeios que então viviam melhor... passam rapidamente em frente, como se estas declarações não tivessem qualquer significado e não fossem repetidas por mais de metade dos alemães da ex RDA. Assim, bem escondida atrás do “muro” da propaganda, fica a triste realidade que por lá se vive. Os trabalhadores e cidadãos em geral da Alemanha de leste são discriminados, sofrem uma taxa de desemprego que ronda os 20%, têm salários médios que chegam apenas a pouco mais de metade dos salários médios dos alemães ocidentais e, embora não tão gravemente como os cidadãos de outros países, como a Rússia ou a Roménia, onde está instalado o caos social, ficaram nas mãos de bandos de criminosos organizados em verdadeiras máfias... a outra face do capitalismo.

Em termos pessoais, sou a favor de uma democracia pluripartidária e da mais transparente liberdade, no que sou, aliás, apoiado pelo programa do PCP e muitos milhares de portugueses sem partido, logo, não era o que se pudesse chamar um simpatizante do Muro de Berlim. Mesmo tendo sido muito bem tratado quando por lá andei não deixei de o dizer...

Os dirigentes da RDA e de outros países da área socialista, consideraram que a construção, ou melhor, a manutenção do muro, tal como outras medidas diferentes na forma mas iguais em significado e grande dureza, eram a melhor maneira de os seus países se defenderem dos ferozes ataques que o mundo capitalista lhes moveu desde a primeira hora. Estavam errados! Não só não foram grande defesa, como contribuíram objectivamente para o afundamento dessas sociedades e para o descrédito internacional de todo o projecto do socialismo, por muito injusto que isso seja.

Agora é necessária muito mais energia e convicção para lutar pelo socialismo, para lutar pelo derrube destes “muros” de propaganda paga a peso de ouro em todos os jornais e televisões pelo grande capital internacional, o qual quer esconder custe o que custar, o que a Revolução significou para os trabalhadores de todo o mundo, em termos de alteração das condições de trabalho e de vida e de conquistas efectivas de dignidade individual e colectiva. O grande capital internacional não perdoa os sustos por que passou (e passa) sempre que os trabalhadores levantam a cabeça.

Pena é ver tanta gente que se reclama de esquerda e que, no seu direito, foi e é contra os tais erros graves da aplicação prática da política nesses países, não ser capaz de se demarcar claramente da festança boçal regada a champanhe que a direita mais retrógrada faz por esta altura, enquanto esfrega as mãos de contente perante as perspectivas de belos negócios alimentados de baixos salários e precariedade e trabalho sem direitos que esses “novos” países proporcionam.

Uma coisa boa resta de tudo isto. É de esperar que pelo menos uma pequena parte destes entusiastas e festivos “comemorantes” do fim do Muro de Berlim, passadas que estiverem as ressacas, se mostrem disponíveis para lutar mais activamente contra os novos muros, não simbólicos, mas bem reais, que estão a ser erguidos, por exemplo, na Palestina, por Israel, para roubar as terras, a água e as vidas dos palestinianos (quando estiver pronto terá mais de 700 quilómetros), nos EUA, o muro na fronteira com o México, para manter os pobres fora do país, exceptuando os muitos milhares de trabalhadores sem papeis, que dão milhões de lucro aos seus patrões (quando estiver pronto terá cerca de 700 quilómetros, mais 800 de barreiras adicionais), o muro de Ceuta, com que a Espanha e a fina Europa se “defendem” dos emigrantes africanos, etc., etc., etc., até pequenos muros para cercar comunidades ciganas, como este, muito recente, na cidade de Ostrovany, na "libertada" Eslováquia.

Abaixo os muros!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Crise... qual crise! Só se for falta de vergonha...



Este é um dos brilhantes “outdoors” que por estes dias polui uma das rotundas daqui do burgo. Eu admito que vender casas a dar com um pau seja muito importante para os donos e funcionários da Remax, mas... “crise... qual crise?!!!”

Mesmo dando o desconto das liberdades e exageros dos publicitários, é pena que de vez em quando os narizes ou os dentes de alguns deles não tenham “encontros imediatos” com um ou outro cidadão vítima da crise, que esteja assim, digamos, mais irritado, sei lá... por exemplo por ter acabado de perder a casa para um banco gerido por corruptos...

Completamente ao arrepio das notícias e documentários históricos que estão na ordem do dia... 24 horas por dia!



A sessão de lançamento do livro “A Reforma Agrária é necessária”, que como atrás anunciei, teve lugar em Évora, foi mais uma ocasião para relembrar aquela que foi sem dúvida a mais bela conquista de Abril. Ali, numa grande e bela casa onde viveu Florbela Espanca, mais tarde comprada por algumas Cooperativas da Reforma Agrária e que agora seguirá o seu caminho na História da cidade como “Associação Povo Alentejano”, passámos um belo fim de tarde. Pela mão do José Casanova, do próprio autor do livro, do Abílio Fernandes e elementos da assistência, conversámos sobre a realidade que foi a Reforma Agrária e sobre o quanto ainda faz sentido num país com a agricultura quase moribunda, as mudanças radicais e para melhor que operou no Alentejo e Ribatejo e, inevitavelmente, sobre as causas que justificaram o profundo ódio que essa conquista atraiu sobre si, ódio a que Mário Soares e António Barreto deram forma, iniciando a ofensiva selvagem que cometeu sobre os trabalhadores e as suas Unidades Colectivas de Produção os crimes que são conhecidos, ao longo de vários governos, com os resultados catastróficos que se vêem.

O livro é, para além dos textos, uma excelente recolha de imagens, ora empolgantes e de festa, ora dramáticas, de que guardo ainda na memória até os sons...

António Gervásio, o autor, é um homem singular, nascido em 1927 (mas que ainda não perde uma ocasião para nos dizer que andamos um bocado devagar...), um alentejano Montemorense, trabalhador agrícola, comunista que nunca virou a cara à luta por melhores e mais justas condições de trabalho e de vida para o povo e que, por isso, viu por várias vezes a sua liberdade de movimentos (nunca a de convicções) encerrada em prisões do fascismo. A Revolução de Abril encontrou-o preso em Peniche, onde estava desde 1971, para cumprir uma pena de 14 anos...

No final da sessão, quando chegou a minha vez de ter a minha cópia do livro autografada, não se esquecendo do meu “estatuto de independente”, perguntou-me se não fazia mal escrever “ao camarada Samuel...”

Nem deve ter notado o quanto me honrou!