quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Quando os bandidos são da polícia... 2


Volto ao escabroso tema deste post, aqui publicado há uns dias, porque a questão de que nele se falava está longe de estar arrumada. Pelo que leio no “5 Dias” (via “O Castendo”), quando se esperava que o inquérito interno da polícia, sobre as reais motivações que levaram vários agentes da esquadra lisboeta das Olaias a violentar vários jovens da JCP, sob o pretexto de que eles tinham pintado umas letras num muro, avançasse com rapidez, nada disso acontece. O inquérito está estagnado! Recorde-se que esses agentes acharam adequado obrigar a despir integralmente os jovens, ou antes, apenas as raparigas (menores de idade), para as revistar. Recorde-se ainda que esses jovens se limitaram a exercer o direito de, livremente, pintar um mural com propaganda política.

Ao mesmo tempo que o inquérito interno à atuação dos polícias se arrasta, impelidos pelo espírito de corporação, alimentado certamente pela antiga e abjecta “filosofia de caserna”, os abusadores insistem no abuso. Ressabiados pela queixa dos jovens e do enxovalho público que a queixa provocou, resolveram vingar-se, não só continuando a perseguir as vítimas, como estendendo a perseguição e devassa às suas famílias, nomeadamente no caso em que a mãe de uma das menores tem a sua vida privada investigada no sentido de se saber se tem “condições para educar e criar a filha”... tal a gravidade do “crime” por esta cometido com a pintura da parede. 

Pode dizer-se que o chefe da polícia local é um fascista; pode argumentar-se que uma boa parte dos seus agentes não passa de um bando de bestas acéfalas; pode-se imaginar que naquela esquadra e para aqueles agentes, ter duas menores nuas à sua frente, por pura diversão, é apenas um tique de “macho dominador”; o que não se pode é assistir ao silêncio cúmplice de toda a corporação policial! Penso particularmente nos milhares de polícias que, não poucas vezes, têm sido apoiados nas suas reivindicações e protestos, exatamente pelo partido a que pertencem os jovens violentados pelos seus colegas. 

Sendo assim, mesmo consciente da quase inutilidade destas posições e atitudes individuais, daqui para a frente, ou até que se conheça uma clara condenação e demarcação desta ação nojenta por parte da “outra polícia”... que era suposto existir, ninguém mais contará comigo para um acto ou sequer uma palavra de solidariedade para com a polícia e seus agentes, seja lá o que for que lhes aconteça. 

Acordem!

10 comentários:

Antuã disse...

A polícia faz hoje lembrar outros tempos de má memória.

salvoconduto disse...

É nestas alturas que não consigo compreender o papel dos sindicatos dos polícias, ao não criticarem e denunciarem aqueles que no seu seio se comportam desta maneira, mais grave ainda porque realizada ao arrepio de qualquer lei.

È também nestas alturas e altitudes criminosas que não aceito que alguém me venha com a tanga de que não devemos confundir a àrvore com a floresta quando ali não vejo uma nem outra apenas arbustos rasteiros, muito rasteirinhos, nãp passa de restolho.

Graciete Rietsch disse...

Atiudes impensáveis por pessoas que sempre foram apoiadas nas suas justas reivindicações por aqueles que maltrataram. Mas ainda há excepções, embora a cartilha da maioria pareça ser a da PIDE.
Queremos justiça para os/as jovens e suas famílias.

Um beijo.

do Zambujal disse...

O que comentas - e eu por tua via comento - é um sinal. Muito preocupante. Como é um sinal de sinal contrário - neste mundo de sinais - o que se tem, com a muito controlada informação, de polícias cidadãos, sindicalizados, defendendo os seus direitos e os dos outros.
O teu post é uma informação e um alerta- Para todos. Obrigado.

Im abraço

Fernando Samuel disse...

O fascismo anda por aí - sente-se, cheira-se, vê-se... sofre-se...
Que fazer?...

Um abraço.

maria povo disse...

"O Fascismo é uma minhoca que se entrenha na maçã, ou vem de botas cardadas ou com pezinhos de lã" (Sérgio Godinho).

O Fascismo anda aí e os policias são o seu braço armado! Alguém tem dúvidas?!?!

Estar ao lado dos policias??? só pensam nas suas regalias!! mas alguém ainda espera alguma atitude??? não esperam isso e quando "isto" aquecer até à brasa, fiquem alerta, pois será contra ESTA FORÇA que "eles" se virarão!!! NÃO TENHAM DÚVIDAS!!!

que fazer??? costas viradas a esses bandalhos!!!

Na última manif de estudantes, os policias estavam com uma atitude feroz; na manif pela Paz contra a Nato, lá estiveram eles ferozes e provocadoramente, cercando manifestantes, na sua grande maioria jovens!

Um policia é sempre um policia!!!

svasconcelos disse...

Custa-me admiti-lo, pois o humanismo não é apanágio de nenhuma corporação, mas a polícia não é das classes que mais aprecio... normalmente os elementos que a compõem não expressam valores éticos e democráticos e isso é transversal a todas as hierarquias. Este caso, que abomino visceralmente - despir menores?? e ainda mais por óbvia diversão machista?! - é disso exemplo. O revanchismo associado é a prova que reforça a atitude reacinária desta corporação.
(Nojentos, pah!)

Anónimo disse...

Eu alinho com o do Zambujal: isto parece-me,é, porra!um sintoma muito gravo. Leiam um artigo, bastante extenso, do Counter Punch de anteontem, 21, "The French State Prepares for Class War" Vale a pena. Quem diz a França diz Portugal. Porque é que a pandilha que governa o país mandou vir a parafernália que não serviu sequer para guardar a peida ao Obama?... Isto além das comissões e bonus que embolsaram, clar.

Luis Nogueira

Malhao disse...

Salvo raríssimas excepções, são aquilo que sempre foram, apesar de alguns de nós teimarem em não ver. Umas bestas perfeitamente acéfalas, semi-analfabetas, sem um mínimo de educação moral e cívica, quais cães de matilha que se limitam a obedecer cegamente à voz do dono, com os resultados que se conhecem.

São, e serão infelizmente por muitos anos, a mesma escumalha que eram antes de Abril.

Abraço

Luis Neves disse...

Se o que escreve o Samuel é verdade, então o crime é continuado e impllica as Chefias. Não há a porra de um bom advogado que peça um requerimento ao Ministério Público ou ao Ministro da Administração Interna a pedir explicações públicas sobre este tipo de arbitrariedades cometidas sobre activistas políticos.
Temos que continuar a viver assim num estado que se vira contra os cidadãos.
Estamos entregues a um bando de ministros que não têm poder nenhum, que se acagaçam todos com um senhor qualquer militar ou Polícia???
Mas que grande bandalheira que se está a tornar o meu País!!!
Luis Neves