terça-feira, 28 de agosto de 2012

“Afundações”


Não pode haver uma posição generalista quanto à utilidade ou inutilidade das centenas de “fundações” semeadas por todo o país. Exactamente por isso: porque umas são úteis, enquanto outras são inúteis. Umas estão ao serviço das comunidades, outras não passam de “show-off gratuito de egos exibicionistas. Umas são saudavelmente respeitáveis, outras não passam de esquemas de vigaristas. Umas acrescentam humanidade e cultura, outras são apenas truques para fugir aos impostos, quando não são mesmo capas que escondem crimes de lavagem de dinheiro.
No meio de toda esta complexidade... e como este governo já mostrou que para cada problema complexo tem “soluções” simplórias, desde que elas se encaixem na ideia (criminosa!) de que são os trabalhadores e o povo em geral, que têm que estar ao serviço da “economia” e das instituições... e não a Economia e as instituições a estarem ao serviço das populações... as luminárias que nos “governam” decidiram parir um formulariozinho, igual para todas as “fundações”, com um questionário sobre o funcionamento da dita e, para rematar com o já habitual tique autoritário e salazarento... com uma ameaça: não responder ao inquérito, poderia resultar na extinção automática da “fundação” renitente.
Consigo imaginar a risota que animou durante umas horas (embora por razões diferentes e com legitimidade muito distinta) os dirigentes de Fundações como, por exemplo, a Fundação Calouste Gulbenkian, ou a Fundação Mário Soares... perante esta “ameaça”.
O interessante no desenvolvimento deste assunto, é descobrirmos que, mais uma vez, a coisa a que chamaram avaliação, foi feita em cima do joelho e aconteceu o habitual: contas grosseiramente mal feitas, como no caso da Fundação Paula Rego, ou a fantástica avaliação extremamente negativa da Fundação do Côa, pelo seu desempenho... em anos em que ainda não existia.
Mas que diabo... pensando bem, porque raio é que o secretário, ou assessor, ou “boy” que se encarregou de fazer estas contas, haveria de ser mais competente do que o ministro das Finanças, cujas contas não há meio de darem certas?
A demonstrar (como se fosse preciso!) que ainda mais perigoso que ter calhordas à frente da coisa pública... é ter calhordas incompetentes à frente da coisa pública!

7 comentários:

Maria disse...

Desgraçadamente é o que promove neste país: a incompetência. Não fossem os tachos parar às mãos de outros...

Abreijos.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

No D. N. de 5/8/2012, pág. 11 - "Fundação sem utilidade pública recebeu 3 mil euros", e com o su-título:"A Vox Populi dedica-se à elaboração de estudos e é dirigida por Luís Queirós, que acumula a presidência não executiva da Marktest"; esta Fundação obteve uma valiação global de 52,1(!!!) Mais à frente na mesma notícia:"... Fundação Manuel dos Santos liderada por António Barreto que tem por objecto, entre outros itens, a elaboração em diversas áreas e crioua Pordata...".Fundação Social-Democrata da Madeira (FSD) criada no âmbito social(...) é presidida por Alberto joão Jardim, desde 1992...".
Por favor ponham ordem para moralização da vida pública Portuguesa e acabem com mais alguns grandes tachos, mas se possível que seja alguem fora da área governamental, que tenha verdadeiros critérios, e não um membro do Governo como Marques Guedes, indigitado para gerir a reforma do sector fundacional.

Graça Sampaio disse...

Bem visto, sim senhor! Eu cá duvido que haja calhordas que sejam competentes cá no burgo...É que, se fossem competentes, não precisavam de ser levados ao colo nem de licenciaturas-relâmpago nem outras coisas piores.

Ao que chegámos!

Rogério G.V. Pereira disse...

Aos calhordas, a incompetência é para ostentar como charme... Mas o que dói, é a extrema competência que demonstram em arruinar o país... e os credores agradecem

Graciete Rietsch disse...

Incompetentes mas obedientes ao dono.
Que vergonha de governo!!!
Como podem ainda andar de cara levantada?
Gostei da imagem!!!!!

Um beijo

trepadeira disse...

Um destes dias ainda começam a terminar os ofícios,ou formulários,a bem da nação.

Um abraço,
mário

Anónimo disse...

Acho é bastante curioso que se tenham enganado logo na Fundação Paulo Rego. Porque será????!!!!