domingo, 30 de setembro de 2012

Victor Jara – Canto que foi valente, será sempre canção nova!


Yo no canto por cantar
ni por tener buena voz
canto porque la guitarra
tiene sentido y razón

Quando o “império” decidiu remover do poder, no Chile, o Governo de Unidade Popular que tanto prejuízo lhes estava a causar, com o seu “mau exemplo” para o continente e, entre outras coisas, a nacionalização das (gigantescas) minas de cobre, serviu-se das botas cardadas e da selvajaria de Pinochet e dos seus sequazes para abrir caminho ao que viria a ser o regresso do Chile “ao mercado” e à “democracy”.
Para guiar a economia chilena de volta ao mercado, foram enviados para o Chile os “Chicago Boys”, a equipa de “economistas” de Milton Friedman, o verdadeiro “deus” de uma boa parte daqueles que, presentemente, governam em Portugal.
Sim, isto anda tudo ligado...
Claro que esta quadrilha de “economistas” só avançou para o Chile depois de os assassinos de Pinochet, orientados e apoiados pela CIA, terem removido os “escolhos” que tinham “desviado” o país para “maus caminhos”. Um desses “escolhos” foi Victor Jara!
«Canta agora, filho da puta!» - gritou-lhe um dos oficiais, depois de lhe terem esmagado as mãos durante mais uma sessão de espancamento, no Estádio do Chile. “Canta agora...” – uma espécie de versão mais “hardcore” do discurso do nosso ministro Miguel Macedo e da fabula da cigarra e da formiga.
Como ele, segundo contam alguns sobreviventes da chacina, se levantou e cantou... foi ali mesmo assassinado a tiro, perante todos os presentes.
Se tivesse sobrevivido, Victor Jara teria feito 80 anos na passada sexta-feira.
Achei que era esta a melhor “cigarra” a convidar para hoje nos cantar uma das suas canções, Manifiesto, no dia seguinte ao que se passou numa grande praça de Lisboa e dentro de cada um daqueles que ali estiveram.
Bom domingo!
Manifiesto” – Victor Jara
(Victor Jara)



sábado, 29 de setembro de 2012

Manifestação nacional – Um rescaldo...


Sim, estive na manifestação nacional organizada pela CGTP!
Não farei grandes comentários e nem por um momento, que seja, entrarei em qualquer guerra de números. Deixarei apenas alguns simples apontamentos:
1. Estava sensivelmente mais gente nesta manifestação organizada pela CGTP, do que a que aquela que se vê nesta fotografia do Terreiro do Paço. Pronto, vá... bastante mais!
2. Não dei pela falta do senhor João Proença.
3. Quem acha que a estas coisas só vão velhos... devia rapidamente consultar um oftalmologista.
4. Quem acha que quando se viu uma manifestação, viram-se todas... engana-se! Eu, que já levo umas tantas no activo, tive hoje uma estreia absoluta. Ao sair da estação do Metro “Baixa-Chiado” e ao entrar no caudal do "rio" que descia a Rua Áurea, fiz todo o caminho até ao Terreiro do Paço lado a lado com várias centenas, direi mesmo muitas centenas de agentes da PSP e de militares da GNR que, de forma organizada e perfeitamente identificados por inúmeros cartazes e bandeiras, participavam na manifestação. Gritavam a plenos pulmões “O povo unido jamais será vencido!”. Mais abaixo, passaram para um claro “Sempre ao lado do povo!”. A seguir, alto e bom som, “Juntos venceremos!”... para voltarem ao “O povo unido... ...”.
5. Manifestantes e simples espectadores ou turistas que ocupavam os passeios enquanto o “rio” deslizava intensamente, batiam palmas e tiravam milhares de fotografias. Mesmo ao pé de mim, um polícia de serviço, por três ou quatro vezes, ao ver passar alguns dos seus camaradas que reconheceu, usou o apito para os fazer voltar a cabeça na sua direcção... e verem o seu sorriso rasgado e o polegar bem esticado para cima.
Como disse, há sempre uma primeira vez para tudo! Ah... e se alguém se tiver “esticado” nos comentários ao Governo, a Passos Coelho e aos seus ministros, ou à Troika... fez muitíssimo bem!!!

CGTP – Manifestação nacional


Soube, entretanto, com algum desgosto, que não encontrarei por lá esse imenso sindicalista que dá pelo nome de João Proença. Diz ele que não vai «porque não foi convidado e porque não concorda».
Compreendo perfeitamente. Já me tem acontecido várias vezes. Por exemplo... hoje não vou atravessar o Tejo para chegar a Lisboa andando sobre um arame, em vez de ir pela ponteexactamente porque não fui convidado a fazê-lo... e, claro, porque não concordo.
Até logo!



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ética e Ciências da vida... racionada!


Não conheço o homem de lado nenhum... e confesso que não desejo conhecer. Provavelmente é apenas mais uma prova viva de que uma resma de cursos não tranforma uma besta numa pessoa decente. Provavelmente é amigo do seu amigo e da família, bom médico e, quem sabe?, deve possuir toneladas de ideias vistosas sobre a “Ética e Ciências da Vida”. O grande problema são as porcarias que lhe saem pela boca fora... problema que é bem possível que resolvesse, mandando remover do seu “sistema” o malvado do “gene nazi” que, calhando, o homem nem sabe que tem...
Decididamente, quando fala em não poder haver tudo para todos, quando fala em racionamento e, sobretudo, quando questiona se valerá pena gastar uns tantos euros com uma pessoa apenas para lhe prolongar a vida por uns meses... o homem devia vestir uma camisa escura, dar lustro à suástica e espetá-la na manga.
Mas pronto... pode ser tudo um mal entendido e, tal como o ministro Macedo, que queria elogiar os trabalhadores quando os insultou, este também virá dizer que queria, afinal, elogiar os doentes pobres que não têm dinheiro para pagar do seu bolso os tais tratamentos caros que vão ser “racionados”.

Nuno Crato – Uma triste imitação de ministro da educação




Uma das maiores qualidades do ser humano, senão a maior, é ser capaz de gerir e controlar os seus defeitos. Se as nossas qualidades tendem a gerar a harmonia, o entendimento, a paz, o volume avassalador dos nossos defeitos é, por norma, gerador do caos.
Diz-nos a História que sempre houve quem soubesse explorar os defeitos dos seres humanos, para os colocar uns contra os outros, dividir para reinar.
Muitos séculos dessa História contam-nos como é fácil colocar judeus contra gentios, cristãos contra mouros, católicos contra protestantes, brancos contra pretos, amarelos, gordos, magros, portugueses, espanhóis, do norte, do sul, benfiquistas, portistas... ... ... ...
Na tentativa de colocar professores contra professores, sonhando uma escola ultraliberal do salve-se quem puder e cada um por si, com professores de português contra os de ciências, ou de matemática contra os de inglês, o ministro Nuno Crato, que a cada dia se revela mais como um vulgar delinquente na condução do Ministério da Educação, optou pela canalhice mais óbvia:
Tentar colocar professores do ensino pré-escolar, básico e secundário contra os professores do ensino superior.


Adenda: Entretanto, via "facebook" a Catarina Casanova fez um esclarecimento que, não melhorando a imagem do ministro, piora bastante a imagem do triste jornalismo que temos... como poderão ler AQUI.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Procurador, procura-se!



Para grande desgosto do respeitável público, a dona «Cândida Almeida está fora da corrida à liderança da Procuradoria Geral da República». Diga-se em abono da verdade que... também eu!
Agora, com o senhor doutor Pinto Monteiro quase, quase fora da fotografia, está na altura de a Procuradoria começar a procurar com afinco um novo Procurador que, efectivamente procure... e, se não for pedir muito... que ache alguma coisa.

Obs: Eu sei... eu sei que não é a Procuradoria que tem a incumbência de procurar o novo Procurador, mas se não fosse assim, como é que o trocadilho teria graça?

Passos Coelho – Eh!... Eh-eh!... Eh... cultura linda!!!





Passos Coelho, embalado por mais uma vaia, desta vez de estudantes, resolveu fazer uma rápida “decoração de exteriores” às bacoradas que tinha para vender sobre os destinos do país... citando Luís de Camões.
Já reparei que alguns membros do governo gostam muito de citar. Citam a torto e a direito... e desta vez o azar calhou ao pobre do Camões.
Observando o ódio vesgo e vingativo que alguns destes governantes dedicam à cultura, bastando para isso ver como sorrateiramente, por entre justificados encerramentos e cortes de apoios a Fundações diversas, aproveitaram para propor a destruição de instituições produtoras de cultura, nalguns casos, entidades e estruturas absolutamente viáveis, ou pura e simplesmente insubstituíveis... parece-me que esta constante vontade para citar a cultura é, digamos, bastante “tauromáquica”:
Citam de longe!

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Durão Barroso – Pensar com os pés...


Confirmando mais uma vez que a arte dos clichés é uma coisa bastante fofa, Durão Barroso achou que o facto de estar a falar para uma plateia com muitos jornalistas brasileiros, justificava transformar tudo o que se passa com os países da União Europeia e com a Moeda Única... em imagens ligadas ao futebol.
Assim, pudemos assistir a um verdadeiro festival de termos como “prolongamento”, “golos”, “jogadores europeus”, “segunda parte”, “expulsões”... ... ...
Cada qual fala como quer! Ainda assim...
1. Se o Presidente da Comissão Europeia vai começar a falar futebolês, não seria melhor (e muito mais divertido!) colocar lá o Rui Santos?
2. Não seria melhor nomear o grande Cândido de Oliveira para Presidente do Conselho Europeu? Eu sei... eu sei que o senhor já morreu, mas não mais do que o actual Presidente Herman Van Rompuy...
3. Se realmente tudo na Europa se vai reger pelas regras do futebol, não estaria na altura de começarmos a falar seriamente da descarada batota, dos roubos de secretaria, dos resultados combinados e da generalizada corrupção entre os “dirigentes, jogadores e árbitros”?
Ah... e se resolverem transformar os parlamentos em estádios... temos um exército de desempregados para garantir a manutenção. Se alguém percebe de “relvas”, somo nós!

Adenda: Sou tão nulo em matéria futebolística, que tinha trocado o nome ao senhor Cândido de Oliveira. Felizmente, há amigos atentos e dispostos a ajudar... :-)


terça-feira, 25 de setembro de 2012

EUA & Mitt Romney – E porque não abrir as “janelas” dos submarinos...


Como se não bastassem as humilhações que qualquer cidadão norte-americano decente já passa, fruto das sucessivas acções mais do que qustionáveis dos seus governos, no quadro internacional, ainda tem que passar a vergonha “planetária” de estar a arriscar vir a ter como Presidente um paspalhão como Mitt Romney que, para além do potencial criminoso que já revelou ser, é uma besta capaz de se indignar pelo facto de não ser possível abrir as janelas dos aviões comerciais... durante os voos.
Francamente... não lhes chegava o vexame que a inenarrável Sara Palin os fez passar há tão pouco tempo?
Francamente... haverá alguma cláusula especial nos estatutos do Partido Republicano, que obrigue os seus candidatos presidenciais a terem uma cultura de paralelepípedo de estrada e um Coeficiente de Inteligência ao nível das amebas?
Adenda: Não, não trata aqui de arrogância pseudo-cultural! Infelizmente, um país que tem um ministro como Miguel Relvas... não pode ter o topete de ser culturalmente arrogante com nenhum país do mundo!

Governo Passos/Portas – Abstracções...


Na minha qualidade de “cigarra”, já habituado a ser insultado por gente que não me merece o mínimo respeito, uma "cigarra" com tempo livre para abstracções destas e tendo no canto e nas letras, há já quarenta anos sem interrupção, a única saída profissional para fazer de “formiga”exactamente como todas as “formigas” que vivem do seu trabalho e com quem tenho feito o caminho lado a lado, pergunto-me muitas vezes o que fará os parasitas como aqueles que nos têm vindo a governar, levantarem-se todos os dias para irem para os seus gabinetes.
Patriotismo, definitivamente, não é! Um bando que trai vergonhosamente o seu próprio povo e vende o património do país à velocidade a que eles o fazem, um bando que de tal maneira se submete aos interesses contrários ao interesse nacional... só por um qualquer exercício de humor negro pode declarar-se patriota.
Pela glória, também não! Um bando de miseráveis que, qualquer dia, já nem poderá ir fazer uma “mijinha” a uma casa de banho pública, sem ter à porta uma manifestação e um coro de vaias, sabe que ficará na História como um lamentável grupo de canalhas e lacaios que não fizeram mais do que merecer a rejeição, o desprezo e o asco daqueles a quem, venal e friamente deram cabo das vidas.
Donde, só pode ser pelo dinheiro! Eu sei que eles não ganham grandes ordenados enquanto estão no Governo, logo, como tantos que vieram antes deles, estão à espera dos multimilionários tachos que, invariavelmente, estão reservados para quantos, como eles, fazem tantos e tão valiosos “jeitos” aos grandes patrões do mundo.
Resumindo... e para ser parco e comedido nas palavras, são lacaios, são bandidos, são corruptos, são lixo!!!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sim... infelizmente, por vezes, a irritação pode tingir a ironia com algum sarcasmo


Não sei porque diacho é que a CGTP diz que o Governo está, mais uma vez, a «enganar os portugueses» quando para “compensar” a desistência do roubo de 7% dos ordenados dos trabalhadores, para oferecer ao patronato... tenciona intensificar o roubo exactamente aos mesmos, mas fingindo que rouba com outra mão e de outro bolso, isto ao mesmo tempo que repete estar a “estudar” a taxação daqueles que sempre ficaram (e ficarão) de fora dos sacrifícios.
Realmente, como é que a merdalhice das propostas da CGTP (com que o Gaspar “concorda”???), propostas de medidas que, contas feitas, poderiam arrecadar para o Estado cerca de 6.000 milhões de euros, pode competir com a genial proposta dos patrões, de um aumento de 30‰ no tabaco que, segundo eles, poderia render a fabulosa quantia de 485 milhões de euros?
Poderia... é a palavra chave, já que eles sabem (e se não sabem deviam saber!) que isso não vai acontecer. Se o tabaco for mais uma vez aumentado de uma forma tão brutal o resultado vai ser exactamente o mesmo que se seguiu aos últimos aumentos: a receita fiscal, em vez de subir, desce, em consequência da grande quebra do consumo.
Mas isto digo eu, que tenho aqui uma tal resma de diplomas de licenciaturas e mestrados em economia... que a bem dizer já nem sei onde os hei-de pôr!

Miguel Macedo – Sim... e porque não?! *


Desde que atingi a idade para compreender, realmente, as implicações e o significado na vida real das pessoas, de "fábulas" com um suposto fundo moral, como a famosa e, convenhamos, bastante reaccionária, sobre “A cigarra e a formiga”, escrita por La Fontaine... que muitas vezes fantasio a possibilidade de, tal como numa famosa anedota (que não vem ao caso), ter a sorte de poder encontrar algures o famoso autor... e mandá-lo bardamerda.
O bando de criminosos que ainda está no Governo faz de conta que não sabe que a origem de mais esta crise internacional, que se abateu ainda com maior violência sobre países com a dimensão e fragilidade de Portugal, deve-se aos crimes económicos dos seus patrões e do seu “deus” capital... e não à preguiça dos seus trabalhadores.
Se há costume nojento de alguns “tugas”, é esta mania antiga e asquerosa de estar constantemente a mandar os outros trabalhar, inventando até frases-feitas a propósito, como a famosa “para quem quer trabalhar há sempre trabalho”... ainda que vejam os seus semelhantes a passar fome e a engrossar as filas do desemprego, aos milhões.
Quase sempre, estes alarvidades saem da boca de parasitas e inúteis que, ou não fazem a ponta de um corno, ou vivem como nababos à custa da exploração do trabalho dos outros.
O inútil que ainda faz de ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, resolveu engrossar as fileiras destes parasitas e inúteis, ao vir acusar os portugueses de serem os culpados pelos erros monstruosos do seu Governo... chamando-lhes, insolentemente, num acto de miserável provocação reles, ressabiada, e de quem está já de cabeça perdida, «um país com muitas cigarras e poucas formigas».
E eu todo este tempo a pensar que o problema do país era estar a ser governado por uma vara de suínos!...
* Sim... e porque não? Se as cabras podem ser equilibristas, os cães dançarinos e os ursos andar de bicicleta... porque não poderia um porco citar os “clássicos”?

domingo, 23 de setembro de 2012

Stacey Kent – Uma pausa para refrescar... e seguir viagem


Ao longo da vida fui alvo de várias atenções do Júlio Isidro, um profissional de rádio e televisão que, numa época em que os cantores como eu pareciam sofrer de lepra (uma situação tão grave e real, que fez muitos mudar de caminho) nunca deixou de me convidar para os seus programas e de divulgar a minha voz. Fico a dever-lhe mais uma: ter-me lembrado há poucas horas a Stacey Kent que, por pura distração, andava injustamente afastada das minhas audições.
Stacey Kent é uma jovem norte-americana atípica. É culta e alimenta um interminável interesse por outras culturas e línguas. Isso explica, provavelmente, o facto de os vários prémios e tremendos elogios da crítica que já recebeu, serem maioritariamente ingleses, franceses...
A atração pela música francesa levou-a a adquirir um francês invejável. Da mesma maneira, a paixão que “contraiu” pela música brasileira fê-la não achar suficiente ficar-se pelas versões em inglês e francês de canções como “Águas de Março”... e aí a temos, com o seu português cheio de pronúncia brasileira, a descobrir e a encantar-se com Portugal e a incluir no mais recente disco “O comboio”, uma canção com letra do poeta português António Ladeira.
Nos vídeos que partilho hoje, podemos ouvi-la (só ouvir também é bom!) cantar a pérola escrita e interpretada em 1971 por Carole King e tornada ainda mais famosa na versão de James Taylor,You’ve got a friend... e a atrever-se a cantar em francês uma daquelas canções que se julgaria só serem possíveis na voz da autora, BarbaraLe mal de vivre.
Já disse que a Stacey é uma norte-americana atípica. É-o também enquanto cantora de jazz, um género de artistas de quem muitas vezes se esperam verdadeiros números circences em palco e fogos de artifício vocais. Com ela, não! Com ela só há a melodia recriada sobriamente, com extremo bom gosto e um admirável respeito pelos autores, as letras (que ela diz tornarem a sua vida melhor)... e a voz doce.
Ouvir Stacey Kent tem o mesmo efeito de bálsamo que tinham alguns beijos sobre as nossas infantis feridas... reais ou imaginárias.
Bom domingo!
You’ve got a friend” – Stacey Kent
(Carole King)



Le mal de vivre” – Stacey Kent
(Barbara)


sábado, 22 de setembro de 2012

Todo o cuidado é pouco!


O princípio que faz os medicamentos genéricos serem tendencialmente mais baratos do que os seus “primos ricos” de marca, decididamente, não se aplica aos conselhos. Pelo menos aos que, supostamente, são “de Estado”. A ver pelas vidonas da maior parte dos “conselheiros” e pelos sumptuosos automóveis em que se deslocam, os seus “conselhos” devem sair caros como o raio que os parta.
E não é justo! Se há “conselho” que se pode classificar como genérico é este tipo de treta da «equidade e justiça na distribuição dos sacrifícios», quando sai da boca daquela gente que descarrega o sentimento de culpa (que baptizou mentirosamente de consciência) com estes “conselhos”... e depois regressa aos seus ordenados e múltiplas reformas milionárias, montada nos seus pópós carregados com centenas de “cavalos” cada um.
Agora é esperar, mas com grande vigilância! Dentro do espírito revanchista e fanático que o caracteriza, este Governo já deve estar a trabalhar em medidas “alternativas” que, só por milagre, não serão tão ou mais gravosas do que o selvagem plano da TSU, que agora dizem ir rever ou substituir.
Entretanto, confirmando que o facto de ter havido quem votasse neles os faz pensar que todos os portugueses são igualmente “lerdos”, bastando uma operação cosmética e duas ou três negociatas de bastidores para que tudo fique no melhor dos mundos, Cavaco Silva afirma que «a crise política está ultrapassada» e o Governo informa que as «dificuldades na coligação foram ultrapassadas»... quando a única coisa que estão a tentar “ultrapassar” é a verdade, já que a vergonha na cara há muito ficou para trás.
Diz-me ainda o “Público” do senhor Belmiro, que o «Governo deixa cair TSU em Belém»... o que é talvez a única informação útil recolhida em toda esta viagem pelas notícias, sobretudo para as pessoas que decidirem ir passear para os jardins daquela zona. Como a notícia não é clara quanto ao lugar exacto em que a TSU foi deixada cair, todo o cuidado é pouco!
Já não basta o mar de poias de cão que se escondem na relva... ainda vem o Governo deixar cair por ali uma coisa que não podia ser mais parecida com as ditas poias! Em tudo!

Conselho de Estado – Provavelmente...


Provavelmente, o primeiro-ministro não seria mesmo capaz de “empinar” todas as folhas de “excel” onde Gaspar arrumou os apontamentos sobre as experiências que anda a fazer com a vida dos portugueses... a tempo de as explicar no Conselho de Estado.
Provavelmente, Cavaco Silva sabe disso...
Provavelmente, Cavaco Silva quis apenas humilhar Passos Coelho, convidando um dos seus ministros para, estando ele presente, explicar uma política que é da sua inteira responsabilidade.
Provavelmente, a reunião foi tão longa, não pela complexidade dos assuntos discutidos ou as divergências postas sobre a mesa, mas porque Vítor Gaspar é bem capaz de ter começado por explicar com todo o detalhe porque aceitou ser ministro e só deeepooois... cooomeeeçou a faaalaaar daaas mediiiidas de aaausteriii zzz dade do goooveeernooo... z z z z z z z z z...
Provavelmente, caso os senhores conselheiros tivessem bom ouvido para entender o que se passava lá fora, na frente do palácio e no país, arranjariam maneira de sair "de fininho" pelos fundos, para não ouvirem mais uma vez e ainda mais alto o que não querem, mas merecem.
Provavelmente, um Conselho de Estado poderia ser uma força capaz de impulsionar o Presidente e o Governo para posições em que se defendesse, realmente, o Estado. Uma força mais para ajudar a tirar o país do atoleiro em que o grande capital o quer... não fosse o caso infeliz de ser pesadamente povoado por eunucos cuja função foi e é perpetuar o atoleiro e servir de capacho aos grandes mandantes desse mesmo capital.
Provavelmente, um Conselho de Estado assim, não serve para nada e as suas reuniões servirão para ainda menos, merecendo o painel de ilustres senhores doutores, inteiramente, este trocadilho plebeu do "conselho de(t)estado" que inventei para a ilustração do texto, sem fazer sequer um esforço para ser original...
Provavelmente, alguns dos senhores Conselheiros são daqueles que dizem gostar muito do Zeca Afonso e que, portanto, não estariam nada à espera que eu lhes dedicasse esta canção. Temos pena! É a vida!
“Os eunucos” – José Afonso
(José Afonso)




sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Isaltino Morais – A inteligência 2


Disse no texto anterior que não fazia a mais pequena ideia do que sejam “autarquias inteligentes”... e muito menos uma conferência sobre as ditas cujas.
Felizmente, o mundo das notícias online começa a dar-me algumas pistas sobre o momentoso enigma. Como parte do tal “seminário”, a Câmara Municipal de Cascais teve a inegável “inteligência” de convidar o famoso autarca Isaltino Morais, ele próprio um notório espertalhaço, para discursar.
E ele discursou. Entre as (mais que prováveis) pérolas sobre autarquias e inteligência que terá atirado ao auditório, num súbito extra sobre a actualidade politico/económica, produziu esta sobre a TSU, um primor de análise e profundidade:

Fico com algumas ligeiras dúvidas sobre a coisa, embora reconheça que Isaltino Morais é a prova viva de que pelo menos uma boa parte dos portugueses... aceita realmente tudo.

Miguel Relvas – A inteligência


1. Dizem as notícias que a coabitação dos desavindos "Passos & Portas, Lda." vai ser garantida por uma coisa qualquer que dará pelo nome de “Conselho de Coordenação da Coligação”... ou lá o que é.
Para salvaguardar as negociatas de muitos milhões que têm entre mãos, com tanto do país e do património construído pelo esforço dos trabalhadores portugueses ao longo de tantos anos, ainda por vender aos amigalhaços estrangeiros e nacionais que, acabado o poiso no Governo, lhes darão os luxuosos empregos do costume, não espanta ninguém que PSD e CDS façam tudo o que estiver ao seu alcance para manter as aparências de uma coligação funcional. Isto, por muito que não consigam evitar que o brilho sombrio das navalhas se vislumbre, mal disfarçado sob os casacos.
Já sobre a segunda notícia, aquilo que mais me deixa “abasurdido” é haver ainda quem junte numa mesma frase as palavras “Miguel Relvas” e “garante”!
Segundo o texto que corresponde ao link, o caceteiro e aldrabão compulsivo terá “garantido” a sua confiança em Portas à saída de um seminário sobre “Autarquias inteligentes”.
Como, para não fugir a um dos meus mais notórios e arreliadores defeitos, fiquei preso aos “detalhes” que anteriormente relatei... acabei por ficar sem saber que diabo são “Autarquias inteligentes”.
Até ter tempo para investigar a coisa devidamente, vou ficar a imaginar que se trata de um conjunto de autarquias que, depois de conhecer em pormenor o “pensamento” do ministro Relvas no que diz respeito ao funcionamento e ao futuro das autarquias... resolveu mandá-lo bardamerda.
Mas pronto... pode não ser... sei lá...


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vítor Gaspar – Uma questão de carácter


Segundo se diz, Vítor Gaspar era, aos trinta anos, uma estrela em ascensão (pena que tenha voltado à Terra!!!) e aos dezassete anos de idade já lera Marx. Se atendermos à vastidão e, sobretudo, à densidade da obra de Karl Marx, esse feito do “Gasparzinho” adolescente coloca-o ao nível dos quase génios. Praticamente ao nível de fenómenos como o de um garrafão de plástico que tenho aqui em casa e que, pasmem!, consegue “dizer” Água do Luso!!!
Agora, no estrangeiro e perante um dos seus patrões e ministro das finanças da Alemanha, Gaspar decidiu “dar graxa ao cágado” dizendo que as manifestações do passado dia 15 de Setembro que juntaram o número brutal de quase um milhão de vozes de protesto, «não foram de ruptura, foram de força de carácter».
Quase que acertou, o senhor ministro! Enganou-se na questão da ruptura, que é já uma evidência, acertou quanto ao carácter. Grande força de carácter dos portugueses... num “colossal” contraste com a total falta de carácter daqueles que (ainda) governam, ou melhor, desgovernam, roubam, destroem, desmoralizam, desrespeitam os portugueses todos os dias.
Para que não se diga que não faço mais nada do que dar caneladas ao homem... aqui fica um pista para melhor entender a sua forma de falar que, no limite, poderia ser confundida com uma qualquer estirpe de deficiência.
Adaptando uma piada que li algures (e lamentando não poder fazer justiça ao autor) direi que não!, que o senhor Vítor Gaspar não fala sempre assim, tão devagar... ele está é a fazer tradução simultânea do que lhe vai dizendo a Angela Merkel.

Mário Crespo – Provocador rasca



«Nós não seremos capazes de manter a dominação branca, que constitui um objectivo nacional, a não ser que o povoamento branco se efectue a um ritmo que acompanhe e ultrapasse, mesmo que ligeiramente, a produção de negros evoluídos».

«Passou mais um dia e a RTP custou mais um milhão de euros».

Estas duas frases, assim como as fotografias, estão separadas por muitos anos.

A primeira foi proferida durante a Guerra Colonial pelo fascista e criminoso de guerra Kaúlza de Arriaga, responsável (entre outros crimes) pelo tristemente famoso massacre de Wiriamu… não se sabe se com a inspirada ajuda “literária” do seu ajudante de campo para as coisas da comunicação, o alferes Mário Crespo.

A segunda (uma mentira repetida até que se transforme em “verdade”), parte da campanha contra o Serviço Público de Rádio e Televisão, é a mais recente provocação saída da boca do mesmíssimo Mário Crespo (provavelmente inspirada pelo espírito de Kaúlza), quando encerra o “Jornal das 9” da SIC, estação televisiva que, curiosamente, é propriedade de outro empenhadíssimo adjunto de Kaúlza de Arriaga nos tempos de guerra, Francisco Balsemão.

«Uma colaboração para além da que seria devida às suas funções de ajudante de campo», diria mesmo o Secretário de Estado da Aeronáutica (o mesmo Kaúlza), quando ordenou o louvor de Balsemão... como podem ver e ler AQUI.

Da boca daquela sebosa e rasca imitação de jornalista já se espera tudo. Segundo os trabalhadores da RTP que, muito justamente, apresentaram queixa do miserável provocador, Crespo já terá esquecido os tempos em que ele próprio usufruiu largamente das “mordomias” que agora denuncia, nos tempos em que foi o incompetente – mas caro – correspondente da RTP em Washington. Dizem também – e digo eu! – que muito provavelmente o sabujo não está a fazer mais do que tentar garantir o seu lugar de futuro destacado lacaio na televisão “relvista” que por aí virá...

Faz todo o sentido!

Adenda: Dei-me ao incómodo de esperar pelo final do "Jornal das 9", para confirmar se a provocação prosseguia... mas o "valentaço" já não deve achar importante insistir na sua tão militante "denúncia".

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Maria Teresa Horta – Os artistas, esses “gandas” malucos!



Hoje é dia de artistas aqui na casa. A seguir ao adeus à tão simpática figura do Luiz Goes, calha a vez à poeta Maria Teresa Horta... só que esta está bem viva!

Tão viva, que apesar do justificado orgulho por lhe ser atribuído um prémio literário e do respeito e amizade que nutre pelos seus pares, membros do júri, que lho atribuíram... recusa-se a receber o prémio, dado que ele seria entregue por Passos Coelho.

Sem mais comentários... levanto-me e aplaudo!

Afasto de ti com
raiva surda

o corpo
as mãos
o pensamento

e apago secreta
uma a uma
as velas acesas do teu vento

liberta ponho o corpo
em seu lugar
visto a cidade
penteio um rio sedento

penso que ganho
e fujo
e não entendo

penso que durmo
mas não consigo
o tempo

E cede-se o vazio
sobre o meu ventre

e segue-se a saudade
em seu sustento

E digo este meu vício
dos teus olhos
de um verde tão lento
muito lento

Se penso que te deixo
já te quero

Se penso que recuso
já te anseio

Se penso que te odeio
já te espero

e torno a oferecer-te
o que receio

Se penso que me calo
já te grito

Se penso que me escondo
já me ofereço

Se penso que não sinto
é porque minto

Se penso que me olhas
já estremeço

(Maria Teresa Horta - “Minha Senhora de Mim”,1971)