sexta-feira, 31 de maio de 2013

Isto está a correr bem...


Ataca-se toda a economia que ainda estava na esfera pública, para colocar milhões e milhões nas “milagrosas” mãos dos privados, capazes de uma “gestão de excelência”.
Para arrasar o que resta de Abril ... e aumentar a competitividade do país.
Tripudia-se o conjunto de direitos dos trabalhadores, destruindo as leis do trabalho, precarizando o trabalho, desvalorizando o trabalho.
Para “flexibilizar” o mundo do trabalho... e aumentar a competitividade do país.
Ataca-se todo o universo de trabalhadores do Estado, prejudicando serviços, cobrando o que deveria ser gratuito, cortando cegamente o que não deveria ser cortado.
Para “emagrecer” o Estado... e aumentar a competitividade do país.
Produz-se uma geração de jovens condenados ao desemprego, à casa dos pais para lá dos trinta anos de idade, ou em fuga para o estrangeiro.
Para “domesticar” o povo... e aumentar a competitividade do país.
Taxa-se a miséria e as poucas perspectivas de conforto de milhares de reformados e pensionistas.
Para dar “sustentabilidade” ao sistema... e aumentar a competitividade do país.
Os resultados aí estão. Brilhantes!

Porco, porco, porco!!!


A campanha contra os sindicatos e, sobretudo, contra os sindicalistas, campanha mais ou menos latente, mais ou menos às claras, mais ou menos violenta, conforme as ocasiões... nunca tem descanso. Por estes dias, com o agudizar das lutas contra as políticas dos traidores que ocupam o poder (traidores ao seu próprio eleitorado), essa campanha vai recrudescendo em violência e na quantidade de lixo informativo, calúnias e mentiras descaradas com que se tenta atingir o campo sindical mais activo, logo, mais “incómodo”.
Não que eu esteja embalado nalguma espécie de cruzada contra o jornalismo... mas tem sido evidente que muitos jornalistas se têm colocado de perna aberta para veicular todos os recados do poder e fazer todos os fretes ao patronato.
A “crónica” que hoje destaco, escrita por Henrique Monteiro, do “Expresso”, com as suas alusões veladas à vida da sindicalista comunista Ana Avoila, à comparação da sua “longevidade” como responsável sindical com «ditadura», etc., etc... é um dos exemplos mais miseráveis, uma das peças mais porcas, um dos fretes mais repelentes que tenho visto... e retrata bem a realidade com que abri este texto.
Peço desculpa por não transcrever nada, obrigando, objectivamente, quem quiser saber exactamente do que estou a falar, a ir ler o texto.
Não só vou, desta vez, resistir à tentação de fazer qualquer espécie de “brincadeira” com o título genérico das crónicas de Henrique Monteiro, “Chamem-me o que quiserem”... como não escreverei mais nada, para não correr o risco de usar uma linguagem que até a mim acabaria por embaraçar.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Transportes públicos – Jornalismo de merda *


Um pivot de notícias de um dos canais de televisão comentava estes números que dão conta da diminuição de muitos milhões de passageiros, nos transportes públicos, durante o ano passado.
Não é difícil entender o fenómeno. Perda de poder de compra, com a consequente diminuição de viagens que não sejam absolutamente essenciais. O desemprego esmagador (mais forte nos grandes centros populacionais) que faz com que milhares e milhares de portugueses tenham deixado de se deslocar diariamente para o trabalho... que perderam. E haverá mais razões credíveis...
O caso é que o jornalista, quando elencou (como eles gostam de dizer) as possíveis causas da enorme perda de passageiros... decidiu, para além das causas que já apontei, colocar em destacado primeiro lugar... as «muitas paralisações dos trabalhadores dos transportes».
Et voilá... a culpa é das greves!!!
Alguém achou por bem, naquela redacção de “jornalistas”, fazer este jeitinho aos que acham que os sindicatos são os verdadeiros culpados pela crise... e o pivot não se importou de ler a atoarda... com assinalável convicção.
* Agora digam lá que é má vontade minha... quando classifico isto como “jornalismo de merda”!!!


quarta-feira, 29 de maio de 2013

PT e MEO – Admirável criatividade


Os "cérebros" da PT e da MEO são tão criativos, como podemos confirmar pelas suas mais recentes campanhas de imagem... que, depois de passarem pelas suas mentes brilhantes, até os vulgares "tachos" ganham nomes verdadeiramente indecifráveis!
Por exemplo, a fazer fé nesta notícia, o ex-ministro das Finanças de Sócrates (e também de Portugal), Teixeira dos Santos, vai ser “mandatário” da “MEO Arena”... o novo e vistoso nome do “Pavilhão Atlântico”, comprado por vários milhões, a crédito (mas afinal há crédito?!!!), pelo genro de Cavaco Silva.
Diz que Teixeira dos Santos será uma espécie de “provedor do cliente” daquela grandiosa sala de espectáculos. Realmente, gente fina é outra coisa! Se fosse o indigente do Zé-Zé Camarinha, não poderia aspirar a ser mais que “mandatário” do “Cinebolso”... já que o "Olympia" está fechado para obras.

UE – “Viva la muerte!”




Perante o “justo” desespero dos poderosos industriais da morte, fabricantes de armamento franceses e ingleses, os seus dois países estavam a ponto de cometer a “loucura” de furar o embargo da União Europeia ao fornecimento de armas aos “rebeldes sírios” (chamemos-lhes assim).
Perante o embaraço internacional que tal atitude acarretaria, os restantes países membros, “corajosamente”, deixaram caducar o embargo em vigor... sem fazerem nada para o renovar.
Ou então... eu estou redondamente enganado nas minhas suspeições e foi Durão Barroso que, mais uma vez, viu a luz na forma de provas da existência das recentemente comentadas “arma químicas” usadas pelo regime de Assad... exactamente como, há uns anos, viu as provas da existência das armas de destruição maciça de Saddam Hussein, do Iraque.
Se, mais uma vez, estiverem enganados, como já estiveram no caso do Iraque, o sangue, pelo menos aparentemente... é das coisas que mais facilmente se lava das mãos.
Das consciências, parece que custa muito mais a lavar... mas, muito providencialmente, este tipo de gente, incluindo Durão Barroso e os restantes assassinos da famosa Cimeira dos Açores... nasce sem esse pesado e tão incómodo fardo.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Gaspar – Soporífero em forma de gelatina


O soporífero tóxico que dá pelo nome de Vítor Gaspar teve um assomo de chilique nervoso. Aparentemente porque um jornalista fez uma pergunta ao “senhor estrangeiro” em vez de a fazer a ele. Uma questão de “deselegância”, no entender do repelente sucedâneo de “Xanax”.
Seja como for, o pormenor da notícia que realmente me “convocou” foi o facto de Vítor Gaspar ter previamente exortado todos os jornalistas presentes a, em atenção ao senhor estrangeiro (no caso presente, holandês), falarem unicamente... em inglês.
Embora não pareça, a coisa faz todo o sentido! Para além do facto conhecido de, desde há uns tempos, se ter extinguido a “espécie” conhecida por “tradutores”, que, enquanto existiram, foram usados intensamente nestas conferências de imprensa que envolviam senhores estrangeiros... para além disso, como dizia, esta é uma prática corrente, sei lá... por exemplo, na Alemanha, onde o senhor ministro das Finanças local, Herr Wolfgang Schauble, está sempre a zangar-se com os jornalistas alemães que ousem falar com Vítor Gaspar noutra língua que não seja o inglês. Isto, quando não os obriga mesmo a falar em português!
Ainda que sem querer... fica-se a pensar qual dos dois está, de facto, numa “cadeira de rodas”.
Não conheço o tóxico soporífero senhor Vítor Gaspar de parte nenhuma... mas como ministro das Finanças de Portugal é um molusco, um criado às ordens, um lacaio invertebrado, gelatina...

Uma vergonha!

Mobilidade – O que é?


Este link para uma peça do “JN” leva-nos ao contacto com um texto sobre o que espera os trabalhadores que venham a ser colocados na chamada “mobilidade” na Função Pública.
O texto que ali se encontra, igual em vários outros media, é aquilo que este governo criminoso pretende “negociar” com os sindicatos. É um texto aparentemente confuso, emaranhado, aldrabão, cheio de alçapões, de banha da cobra, de esperteza “saloia”, de coisas não ditas, mas, pelo menos para algumas pessoas, pode ser de uma grande utilidade e claridade:
Para todos os que ainda duvidam que “mobilidade”, realmente quer pura e simplesmente dizer, de forma crua...
 ser posto “a andar”!

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Taça de Portugal - Ó pá... passa aí a jarra!




Quem me conhecer realmente, ou tiver lido os textos certos neste “estabelecimento”, deve já ter chegado à conclusão que os resultados dos jogos de futebol, de quaisquer jogos de futebol, mesmo os que envolvem a “nossa” selecção... me são iguais ao litro.
Para ser honesto, há situações em que “torço” um poucochinho e, caso o resultado vá no sentido para que eu “torço”, não posso evitar um sorriso, nem que seja só com os meus botões. É quando uma equipa pequena, de preferência se for uma das chamadas “tomba gigantes”, vinda da segunda ou terceira divisões, ganha à equipa “grande” e favorita. Mesmo não sendo exactamente esse o estatuto da equipa de Guimarães...
Seja como for, este texto não é sobre futebol. Quer ser um texto “político”... passe a pretensão.
Explicando... por mais que tenha achado piada à ideia dos cartões vermelhos, mais um dos actos simbólicos do movimento “Que se lixe a troika”, a imagem que me prendeu a atenção, quando, acidentalmente, vi num telejornalo o momento em que a Taça de Portugal era entregue aos jogadores do Vitória, foi o verdadeiramente “olímpico” desprezo que os atletas dedicaram a Cavaco Silva.
Na verdade, uns (talvez a maior parte), por serem estrangeiros, nem fazem ideia de quem seja a figura. Outros, educados e formados por anos de divórcio dos cidadãos com a democracia e as suas instituições, não valorizaram minimamente o facto de receberem o troféu das mãos do Presidente da República. O jogador que, pessoalmente, recebeu a taça entregue por Cavaco, sacou-lhe aquilo das mãos, nem o cumprimentou, nem sequer para ele olhou... e foi à sua vida.
Pelo significado que encerra, foi, no meio da festa, um momento triste... por mais que eu deteste (e como detesto!) Aníbal Cavaco Silva.

Ruy de Carvalho – Na verdade... nunca é tarde!


O (grande) actor Ruy de Carvalho está furioso com o governo e o ministro das Finanças. Num texto publicado numa rede social mostra toda a sua irritação para com a política cultural (chamemos-lhe assim) do governo do PSD, “política” que consiste, basicamente, em ignorar a cultura, cortar os apoios à actividade cultural e dar a máxima “atenção” não ao trabalho dos artistas, mas sim ao pouco dinheiro que ainda lhes possam roubar.
Fala da reiterada falta de respeito pelos artistas por parte do Estado, do roubo do que lhes é devido em termos de direitos artísticos que têm que ver com os seus actos criativos. Fala... e tem toda a razão!
Ao contrário de uma boa parte das pessoas que já reagiram à zanga pública de Ruy de Carvalho, não consigo embandeirar em arco com esta epifania do actor. E é pena!
É pena que tenha levado quase noventa anos para abrir os olhos.
É pena que tenha andado, durante tantos anos, a dar o seu contributo pessoal para que esta gente faça o que faz, oferecendo o seu público apoio, repetidamente, aos governantes do PSD e a Cavaco Silva, este tanto enquanto governante, como enquanto Presidente.
É pena que, em tantas décadas de uma vida ligada à cultura e à arte, não tenha descoberto que não, os políticos não são todos iguais, ao contrário do que veicula no seu texto, ao dizer que “não há um político que se demarque...”
É pena que só tenha decidido levantar a voz quando o Fisco bateu à sua porta e lhe saqueou os bolsos.
Felizmente para Ruy de Carvalho, ao contrário do que se diz no famoso poema de Brecht (que não é do Brecht), mesmo agora, depois de durante tantos e tantos anos ter ignorado quase todos os que antes dele sofreram e se indignaram... ainda há vozes dispostas a levantarem-se por ele... e com ele.

domingo, 26 de maio de 2013

Aline Frazão – Tanto... talento!


Costumo dizer, em tom de brincadeira, mas, na realidade, mais a sério de que a brincar, que tivemos um grande azar quanto à “nossa” música africana. Ao passo que países como a França, ou a Inglaterra, ou os EUA, países com uma História de relacionamento com a África, o seu povo e as suas raízes culturais, tão ou mais turbulentas do que as nossas, tiveram a sorte (e o talento) de valorizar e “herdar” dessa relação com as ex-colónias, ou mesmo a importação de escravos, o melhor da inspiração africana, se pensarmos nos “blues”, no “jazz”, ou, na actualidade, nos grandes artistas africanos que fazem boa parte da sua vida nos palcos desses países que antes os colonizaram.
Infelizmente, salvo raras e maravilhosas excepções... não é o nosso caso. Por uma qualquer maldição, ou tendência para atrair a desgraça, parece que fomos condenados a dar guarida a uma música africana meio apimbalhada, própria para alimentar bailaricos copofónicos.
Na verdade, deixando à parte as tais excepções, das quais Cesária Évora é o mais admirável exemplo, exemplo a que se vieram somar nomes jovens como Mayra Andrade ou Lura, para ficar apenas por mulheres... o panorama é pobre.
No caso angolano, agravado pela minha ignorância sobre os novos valores, ignorância muito “ajudada” pela quase total ausência de divulgação de música de qualidade... a minha memória andava parada lá bem longe, no tempo de Monangambé e mais uma mão cheia de saudosas canções do Rui Mingas... e pouco mais. Até há uns poucos dias!
Entra em cena a nossa muito jovem convidada, Aline Frazão. Instrumentista, arranjadora, autora dos textos e das músicas, grande intérprete.
Vinte e poucos anos, angolana, viajada, estudante em Lisboa, depois passando por Barcelona, ganhando asas na Galiza, deixando-se contaminar pela cultura e novos sons dos novos mundos e novas gentes... mas não permitindo que a grande distância a que deixou Angola (ou então exactamente por isso) lhe nublasse a visão sobre a realidade do seu povo. Visão aguda, clara, desassombrada, despida de rodriguinhos e postais ilustrados para turista ver.
A letra da canção que aqui partilho, merece ser lida do princípio ao fim, por isso vai publicada na íntegra.
Grande canção! Grande futuro pode ter esta tão jovem mulher do mundo!
Bom domingo.
Tanto
(Aline Frazão)

É tanta luz aqui - Que até parece claridade
É tanto amigo aqui - Que até parece que é verdade
É tanta coisa aqui - Que até parece não há custo
É tanta regra aqui - Que até parece um jogo justo
É tanto tempo aqui - Que até parece não há pressa
É tanta pressa aqui - Que até parece não há tempo
É tanto excesso aqui - Que até parece não há falta
É tanto muro aqui - Que até parece que é seguro

Tanto, tanto, tanto
Na embriaguez do encanto
É tanto ‘tanto faz’
Que ninguém sabe quem fez
Mundo, gira, mundo
Mundo vagabundo
Não olhes, senão vês

É tanta pose aqui - Que até parece não há esquema
É tanta História aqui - Que até parece um problema
É tanto festa aqui - Que até parece sexta-feira
É tanta dança aqui - Que até parece a das cadeiras
Tanto flash aqui - Que até parece que ilumina
É tanta frase aqui - Que até parece que resolve
É tanto ecrã aqui - Que até parece um grande invento
É tanta força aqui - Que até parece um movimento.

É tanta coisa aqui - Que até parece não há custo
É tanta regra aqui - Que até parece um jogo justo
É tanto excesso aqui - Que até parece não há falta
É tanto dano aqui - Que até parece ninguém nota

“Tanto” – Aline Frazão
(Aline Frazão)



sábado, 25 de maio de 2013

Miguel Sousa Tavares





O escritor e comentador Miguel Sousa Tavares está a ser alvo da “atenção” das autoridades. Do Ministério Público e da própria Presidência da República. Em causa está o facto de o comentador ter partilhado urbi et orbi a sua opinião pessoal... segundo a qual, «Cavaco Silva é um palhaço».
Diz-se que arrisca uma pena que pode ir até 3 anos de cadeia! Acho pouco! Por mim, fechava-o numa cela e deitava a chave fora... só pelo desplante de vir para os órgãos de comunicação social insinuar que Cavaco Silva tem graça.
Está, ainda assim, com muita sorte, pelo facto de ser a Presidência e não o Sindicato dos Palhaços a apresentar a queixa.

Esses sim! Esses têm todas as razões para estarem profundamente ofendidos na sua dignidade! Humana e profissional!

Grande contratação!


Chegado há minutos, mais coisa menos coisa, ao jogo do poder e à vida política activa, o “académico” Poiares Maduro faz o que pode para deixar a sua “marca” na espuma dos dias. Depois de gasta a lenga-lenga do “consenso”, decidiu enveredar pelo caminho mais fácil por estes dias: aderir à modalidade do “tiro ao Tribunal Constitucional”.
Diz o ministro, com aquela sua cara de cachopo serôdio, que o TC «limita em excesso a liberdade de deliberação democrática em determinadas matérias».
Claro que, na minha privadíssima opinião, estes “problemas” com o TC, de que padecem estas figuras da direita, não são mais do que biombos para disfarçar o verdadeiro problema: o seu ódio cego à Constituição Portuguesa, uma “herança” de Abril que por mais que tenham vindo a ferir… ainda não conseguiram “privatizar”.
Claro que a minha opinião sobre estes figurões, o TC, ou mesmo a própria Constituição, interessarão muito pouco, ou nada, à maioria dos que por aqui passarem… mas a verdade é que não é sobre isso que escrevo hoje.
Aquilo que hoje me “convoca”, quanto à figura deste novo velho ministro… é uma questão mais do foro horto-frutícola:
Se é sabido que os pomares produzem fruta em geral…
Que diabo produzirão os poiares?!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Queremos mentiras novas!!!


Enquanto o défice dá saltos de milhares de milhões, enquanto o desemprego salta ao pescoço de centenas de milhares de novos desempregados, enquanto o Fisco salta à veia jugular dos trabalhadores, enquanto as novas taxas, cortes nas pensões, na Saúde Pública e nos apoios sociais dão saltos sobre as campas dos idosos que não lhes resistem... Gaspar (e o outro), de um salto, encontrou mentiras novas para bolsar, descaradamente, sobre os portugueses.
Eu sei que muitos destes governantes serão principescamente recompensados pela sua governação com lugares nas administrações de grandes empresas e bancos, lugares que eles próprios ajudaram a desenhar, fazendo aprovar leis à sua medida... mas nem todos têm coragem suficiente para encher os bolsos enquanto ainda estão no poder. Assim, a coisa tem, o mais das vezes, que esperar uns tempos. Meses... ou mesmo anos, dependendo do grau de pouca vergonha de que sejam portadores.
Daí eu achar que sempre que um governante se saísse em público com uma proeza como esta de Gaspar (e o outro), devia existir um prémio imediato, uma espécie de troféu, sei lá... qualquer coisa como:
“Prémio para melhor efeito especial”
“Prémio para melhor obra de ficção”
...ou o eterno clássico, mas que vai sempre bem,
“Prémio gato morto em cheio nas fuças, até o gato miar”

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O nojo


Mais uma vez, como é seu timbre, o governo acanalhado que os “mercados” nos impõem, finge que recua numa medida. Desta vez, consciente da ilegalidade – à luz da Constituição ou do simples bom senso – da sua ideia inicial de banir, para sempre, os funcionários públicos que aceitassem rescindir o contrato com o Estado, o governo faz de conta que recua, quando, na verdade, está apenas a tentar “contornar” (como gostam de dizer) um possível chumbo do TC para esta medida.
Assim, o funcionário que rescinda “amigavelmente” o seu contrato, já não fica impedido de voltar a trabalhar para o Estado, para o resto da vida... mas apenas durante um “período de nojo”.
Claro que, como seria de esperar de um governo que quer enganar o TC e a opinião pública, o “período de nojo” que é imposto é de tal maneira desmesurado que, na prática, qualquer funcionário com um pouco mais de idade, fica efectivamente afastado para sempre.
A título de exemplo: a última vez que li sobre as “compensações”, o governo admitia pagar um salário e meio por cada ano de trabalho, ou seja, um funcionário com 25 nos de trabalho, logo, podendo ser uma pessoa com, digamos, cinquenta anos, teria direito a (aproximadamente) trinta e oito salários de “compensação”.
Ora, como na presente intenção do governo, o “período de nojo” corresponderá a quatro vezes o número de salário recebidos... isso que dizer que este nosso trabalhador poderá voltar a trabalhar para o estado passados... 152 meses, ou seja, passados mais de doze anos, ou seja... depois dos 62 anos de idade. Brilhante!
Como comentário gostaria de dizer que:
Primeiro, deve haver por aí bem mais do que um tribunal que não aplicaria uma “pena” tão pesada ao funcionário público, caso este tivesse atropelado mortalmente o chefe... desde que ficasse provado que tinha sido sem querer.
Segundo, não é por detestar muito solenemente o termo técnico “período de nojo”... mas diria que este tempo, em que vivemos presentemente, é que é o verdadeiro
Período de nojo!

O arco



Embora este texto vá para o ar apenas às 00:01 do dia 23 de Maio do ano da (des)graça de 2013, estou a escrevê-lo umas horas antes, entre as 21 e as 21:30 do dia 22. Feita esta precisão, estava sentado ao computador, decidido a escrever sobre outra coisa (que ficará para mais logo), não podendo evitar a intrusão do áudio de uma entrevista televisiva, na RTP1, ao - chamemos-lhe assim – ministro da – chamemos-lhe assim – economia.
Entre as suas costumeiras baboseiras sobre investimento, crescimento, apoio às pequenas e médias empresas... e demais vacuidades que, horas depois, o ministro das finanças, ou o primeiro-ministro se encarregam de ignorar, quando não mesmo desmentir taxativamente (e “taxativamente” tem aqui um significado bastante literal) Álvaro Santos Pereira falou, mais do que uma vez, nos “partidos do arco governativo”.
Sempre que alguém, político ou comentador (quase sempre de direita) debita esta frase-feita, não imagina a brotoeja que me assalta!
Talvez não exista no léxico jornalístico-político um conceito mais reaccionário, anti-democrático e política e socialmente mais arrogante do que este!
Sempre que alguém deita esta atoarda pela boca fora, está a referir-se exclusivamente ao PS, ao PSD e ao CDS. Alegre e arrogantemente, deixa de fora de qualquer solução governativa os portugueses que são representados pelos partidos que, à esquerda, representam (segundo as últimas sondagens) mais de vinte por cento dos eleitores. É obra!
Que esta estirpe de “democracia” formal (ou em formol) deixa muito a desejar, já se sabia. Que isto seja dito na televisão por um ministro que, segundos antes, estava a afirmar que o seu governo quer dialogar com todos os partidos políticos, é, para além de tudo o mais... patético!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Pequeníssimo “ensaio” sobre coisas terminadas em “oika”


Lendo sobre a situação que se vive, por estes dias, na grande Rússia, com as máfias no poder, os lugares de topo do Estado negociados em ping-pong entreMedvedev e Putin, prisões arbitrárias de oposicionistas, castigos dementes a jovens artistas, por criticarem, em público o “intocável” Putin, a corrupção descontrolada, o roubo avassalador de tudo o que havia de valor no país, para colocar nas mãos dos cleptocratas;
Lendo e vendo a situação que se vive e prevendo, a ver pelos anúncios que vão chegando a "conta gotas", a situação que se viverá, entre nós, por acção direta da “troika” e dos seus lacaios nacionais... que muito antes de terem uma ideia sobre o presente, se debruçam longamente, em inúteis e intermináveis reuniões do Conselho de Estado, sobre o “pós-troika”...
...fico sem saber o que foi e é mais daninho e fraudulento. Se a “troika”, se o “pós-troika”... se a “perestroika”.

Homofobia violenta – O melhor disfarce...


Um velho fascista francês, assassino de profissão, pelo menos durante o tempo em que “militou” na organização assassina paramilitar francesa, OAS, decidiu pôr fim à porca vida que viveu.
Alegadamente em protesto contra a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo, entrou na catedral parisiense de “Notre Dame”... e deu um tiro nas hastes. Dado o lugar do falecimento, presumo que esperasse ir directamente para o céu... o que indicia que seria um ultra-católico assaz ignorante sobre as regras de entrada no mítico paraíso.
De quando em vez, lá temos estes fanáticos homofóbicos nas ruas, nas televisões, nos jornais, nas redes sociais... declarando o seu ódio “cristão” e sem limites aos seus “irmãos” homossexuais.
Fazem-no por pura estupidez, por julgarem que o facto de existir uma lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo os pode vir a obrigar, algum dia, a tornarem-se homossexuais... ou pela razão que eu sempre acho a mais provável:
Por estarem convencidos de que o excesso de ruído que produzem contra a homossexualidade... é a melhor forma de abafarem quaisquer ecos do seu passado, que relatem episódios equívocos, passados entre coleguinhas de escola, da catequese, dos acampamentos de escuteiros, daquele dia nas traseiras do púlpito da igreja lá da terra (católica ou das outras) com aquele saudoso padre ou pastor... ou no presente, com aquele, ou aquela colega do emprego...
Tudo coisas que se querem bem mortas e enterradas no passado... e ainda mais bem escondidas e negadas no presente!
Adenda: Apesar de correr o risco, diga o que disser, de haver uma ou outra alma mais simples e sensível que ache que estou a cantar aleluias pela morte do homem... ainda assim digo que não. Não festejo nem lamento! Apenas lamento o tremendo susto dos turistas que visitavam a catedral. Isso é que era escusado!

terça-feira, 21 de maio de 2013

Posso estar completamente enganado...


Posso estar completamente enganado, como digo no título, mas não queria  (depois de tanto papel e tempo de antena gastos a comentar a magna reunião dos senhores Conselheiros) deixar de fazer, também eu, um comentário “profundo” - ainda que apenas gráfico - sobre o fantástico tema escolhido para reflexão e sobre o que penso, genericamente, da reunião do Conselho de Estado do senhor Marques Mendes.

Jorge Videla – Festejar (apenas) o que é festejável


Jorge Videla, que vemos aqui em duas poses diferentes, a primeira a sua pose oficial de ditador fascista e assassino sanguinário, perdoe-se a redundância... e a segunda, de “bom cristão”, comungando e, certamente, elevando o pensamento aos céus e aos vários milhares de vítimas da sua pose oficial, vítimas mandadas assassinar, no caso de se tratar de oposicionistas, ou crianças roubadas aos pais, aos milhares... e de que, até hoje, não se conhece o paradeiro.
Se há coisa de que me posso gabar é do facto de não ser fácil, senão impossível, encontrar um texto em que eu tenha festejado a morte de alguém neste espaço que já leva mais de cinco anos de desabafos mais ou menos sérios, mais ou menos disparatados, mais ou menos irritados.
Mais uma vez, também agora não festejarei a morte do ditador argentino, morte anunciada já há alguns dias. Não! Aquilo que festejo, sem sequer tentar disfarçar... é o facto de, embora por pouco tempo, o canalha ter, de facto, cumprido a pena de prisão perpétua a que foi condenado.
Digo mesmo mais. A morte bem que poderia ter esperado mais um bom par de anos... mas é bom que o tenha encontrado no seu lugar: uma cela da prisão!
Tantos já escaparam! Tantos ainda por apanhar, julgar e prender... mas é um passo!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Vital Moreira... o pequeno “grande constitucionalista”


É verdade! Realmente não existe nenhuma norma constitucional – ou qualquer outra, diga-se – que proíba uma pessoas cheia de cursos e títulos académicos... de ser uma besta.
Dito isto, apenas por descargo de consciência, nunca deixo de achar um pouco repelente o espectáculo que algumas dessas pessoas dão, ou por serem realmente umas bestas, ou por, de forma sonsa, acharem que retiram algum proveito da habilidade para se armarem em parvos.
É aqui que encaixa mais uma proeza “ideológica” de Vital Moreira, um artista que embora já não surpreenda... impressiona sempre.
Durante um encontro nem sem bem sobre o quê, encontro que me passou pela frente em zapping televisivo e onde várias figuras conhecidas opinavam, informalmente, sobre a constitucionalidade duvidosa de algumas políticas deste governo, Vital Moreira, com aquele esgar escarninho disfarçado de sorriso que apetece... adiante!, com aquele esgar escarninho, saiu-se com a seguinte pérola:
«Se se cortam os salários... não vejo porque não haveria de ser possível cortar as pensões»
Depois, a custo, lá admitiu, com um ar bastante enfastiado, que talvez, talvez houvesse ali um caso de direitos adquiridos que poderia, talvez... apenas talvez, ter uma qualquer inconstitucionalidadezita... talvez...
Portanto, para além da desvalorização do crime do corte de salários, este pequeno “grande constituconalista” acha que eu sou tão estúpido, que não sei que ele sabe muito bem a diferença entre um ordenado, que paga um trabalho feito no presente... e uma pensão, que “devolve” o dinheiro que o trabalhador descontou durante os anos em que trabalhou. Dinheiro que é dele. Dinheiro a que qualquer corte pode bem ser chamado roubo.
O sonso acha que eu não sei que ele sabe muito bem, que um ordenado, ainda que contra ventos e marés, pode renegociar-se, pode ser discutido. O trabalhador no activo, contra ventos e marés, pode aspirar a um melhor emprego. Um trabalho mais bem pago. Pode atrever-se a mudar de vida. Pode atrever-se até a mudar de país... ao passo que o reformado e o pensionista são prisioneiros da espectativa que lhes foi criada no passado. São reféns de uma promessa de velhice digna. Uma promessa que foram pagando mês a mês, anos após ano, durante uma vida. Uma promessa que todos os dias vão vendo mais enxovalhada, mais emporcalhada, mais desrespeitada, mais traída.
Vital Moreira sabe que eu sei. Vital Moreira sabe que nós sabemos que ele sabe... mas, mais uma vez, não consegue resistir à tentação da provocação porca e barata.


domingo, 19 de maio de 2013

Arlindo Cruz – No seu lugar


“O meu lugar

É cercado de luta e suor

Esperança num mundo melhor

E cerveja pra comemorar

Ai que lugar

Tem mil coisas pra gente dizer

O difícil é saber terminar...”

Arlindo Cruz é já um histórico do samba. Ao longo da carreira foi sendo coberto de prémios e reconhecimento popular (não, nem sempre andam de mãos dadas). Reconhecimento pela genuinidade, pelo talento, pelas suas canções que falam do dia a dia do seu povo.
Hoje partilho um samba que o Arlindo Cruz dedica à sua Madureira. Ao mundo dos seus medos, amores, alegrias, superstições, fé, lutas, danças, cansaços, pó na garganta e toda a cerveja necessária para o lavar. Um hino às crianças, às mulheres, aos homens e, sobretudo, aos seus velhos, fonte de toda a tradição cultural, sabedoria e História.
Por imposição, enquanto jovem, imposição depois seguida de um voluntário estilo de vida pouco dado a sedentarismos... não sou de lugar algum! Se fosse, como gostaria de ser de um lugar que merecesse uma canção assim!
Bom domingo!
“O meu lugar” – Arlindo Cruz
(Arlindo Cruz)



sábado, 18 de maio de 2013

Grande peça “jornalística”!


O texto do, ou da jornalista do JN começa, absolutamente afirmativa:
“Um homem de cerca de 60 anos suicidou-se esta quinta-feira com um tiro de caçadeira em frente de uma dezena de crianças na entrada de uma creche em Paris, informou fonte policial.”
Agora, vejamos o segundo parágrafo:
“Contrariamente às primeiras informações avançadas após o incidente, o homem teria cerca de 50 anos, e não 60, e a escola era do ensino primário, e não uma creche, como a polícia disse num primeiro momento.”
Não sei se alguém, algum dia, poderá esclarecer-me sobre esta maravilhosa técnica “jornalística” em que se dá a notícia certa... mas só depois de se ter avançado com a notícia errada. Mais à frente, o/a jornalista tem mais um surto agudo de “rigor”, ao especificar que um determinado átrio era de entrada… mas adiante!
Sem querer, nem por um momento, fazer humor negro à custa da vida do suicida e do inevitável trauma das crianças… direi que a repetida exposição a “jornalismo” desta qualidade, pode também levar algumas pessoas ao desespero.

Cavaco – Uma questão hierárquica


Depois de ver profusamente comentada nas redes sociais a obsessão de Aníbal Cavaco Silva com os cidadões, esquecendo as gentes das vilas e aldeias, “vilões” e aldeões... deixo aqui duas perguntas directas ao senhor "presidente" da nossa infeliz República:
1. Acha mesmo que os “cidadões” são assim tão mais importantes do que os “vilões” e os aldeões?
2. Se for assim, porque raio é que temos os vilões a governar e a mandar nos “cidadões” e aldeões?
Adenda: Este texto foi escrito ao abrigo do novíssimo acordo horto-gráfico de Boliqueime.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Mudar – Um acto de coragem!


O comissário europeu Lászlór Andor descobriu a pólvora! Diz o génio que uma forma de os trabalhadores contornarem o fenómeno do desemprego nos seus países... é estarem dispostos a ir trabalhar para outro país onde a sua força de trabalho seja necessária.
Feita esta espantosa revelação, em milhares de casas portuguesas há milhares e milhares de pessoas absolutamente estupefactas. Nunca ninguém tinha, até hoje, pensado nessa possibilidade. Quem haveria de imaginar que os milhões de portugueses que, ao longo de décadas e décadas, têm demandado o Brasil, o Canadá, os EUA, a França, a Alemanha, a Suíça, o Luxemburgo, etc., etc, divertindo-se como loucos no seu papel de turistas... poderiam ter aproveitado as estadias nesses países para trabalhar!!!
Agora a sério, também acho importante que, perante a penúria, a fome, ou simplesmente a total falta de horizontes e perspectivas de um futuro, muitos portugueses, para salvar as suas vidas e a das suas famílias, tenham a força e a coragem de mudar de país.
Claro que – mas isso é cá uma coisa minha – mantenho a esperança de que um número ainda muito maior de portugueses tenha a força e a coragem de mudar o país!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Cavaco – Por qué no te callas?


É este o teor de parte da notícia que nos dá conta do facto de o “presidente” da República se sentir reconfortado quando se desloca para o interior, por contraste com a pressão das más notícias da cidade grande.
Se quisesse comentar isto a sério, diria que, não fosse Cavaco Silva sonso e miseravelmente hipócrita… não deixaria de ver no interior muitas “más notícias”. Muitas delas com a marca indelével da sua mão. Como a desertificação provocada pela destruição da agricultura, pelo encerramento constante de infraestruturas e serviços essenciais para a vida das populações, o isolamento crescente, o desemprego esmagador que expulsa os jovens das suas terras, quando não mesmo do país.
Se quisesse comentar isto um pouco menos a sério, diria que, mesmo na cidade grande, ainda vão acontecendo algumas coisas com alguma piada... como uma espécie bem humorada de complemento das coisas mais organizadas que são necessárias.
Como não quero comentar isto nem a sério, nem um pouco menos a sério... direi que também eu me sinto bastante mais animado quando Cavaco Silva vai para o interior. Não porque deseje algum mal às pessoas do interior, mas pela distância a que o inútil fica de mim... ainda que apenas por umas horas.
Sou mesmo capaz de imaginar o prazer que me daria saber que ele ia, definitivamente, para o Alaska, ou sei lá... para a...  pronto: muito longe! (para manter isto num nível aceitável...)