domingo, 16 de setembro de 2012

Richard Galliano – Recomeçar, recriar... sempre!


Eu sei que algumas vezes, diria mesmo, vezes demais, pode parecer que o acordeão foi inventado com o firme propósito de servir de instrumento, sim, mas muito mais de tortura do que musical. Em muitas ocasiões não existe mesmo outra explicação possível para o som aterrador que sai daquilo, tal como para o sorriso alvar com que os proprietários das “armas” nos presenteiam enquanto dão ao fole como se não houvesse amanhã.
Embora entenda e esteja solidário com todos aqueles que desenvolveram uma mais do que justificada alergia ao dito instrumento, lá vou fazendo tudo aquilo que posso para defender as (felizmente tantas) excepções. Lembrando a delicadeza de algumas valses musette parisienses, da irreverência de um bandoneón argentino evocando o rigor de um tango tradicional, ou a revolução de um Piazzolla, a alegria e frescura das concertinas minhotas tocando ao desafio, sem se venderem à música pimba, etc., etc., etc.
Quando sinto que se me estão a esgotar os argumentos para defender o acordeão, reajo como qualquer crente. Abrigo-me num único refúgio. Refúgio certo, poderoso e seguro: RichardGalliano.
Este acordeonista francês é um músico e criador vertiginoso. Parece não ter limites... como se pode ver e ouvir nesta sua Waltz for Nicky, acompanhado por uma espécie de extraterrestre e guitarrista que dá pelo nome de Bireli Lagrène. Para além de virtuoso do acordeão é um excelente compositor e arranjador, arte que é mais do que evidente quando nos dá a ouvir os arranjos que escreve, por exemplo, para o seu belíssimo grupo de cordas, composto por músicos de eleição (destaque para o fabuloso violinista Sébastien Surel), como poderão constatar.
No vídeo de hoje, para além de tudo o que já disse, Richard Galleano mostra-nos que a criação de uma grande peça musical nunca acaba. Reacontece de cada vez que os verdadeiros músicos começam a tocá-la, juntando à interpretação a sua cultura, a sua pulsação, as suas opiniões e gostos musicais... a sua vida.
É o que se passa em mais uma recriação de uma peça musical, Oblivion, de Astor Piazzolla, ouvida aqui há muito pouco tempo, tocada em violoncelo pela argentina Sol Gabetta... peça musical que se transfigura e renasce depois de passada pelas mãos geniais de Galliano e dos seus músicos.
Bom domingo!
Oblivion” – Richard Galliano
(Astor Piazzolla)




5 comentários:

Anónimo disse...

É ... SU-BLI-MEEE!!!!

vovómaria

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Uma maravilha para um domingo, que se seguiu a um dia de luta política contra a coligação de centro-direita que...ainda governa Portugal.

Bom Domingo...

Justine disse...

Novidade para mim, esta interpretação fabulosa.
Obrigada, Samuel, só te ti tenho estas surpresas boas:))))

trepadeira disse...

Recomeçar e recriar,bem a propósito.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Muito bonito!!!!

Um beijo.